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13/11/2012

Fiocruz aprova plataforma para demandas estratégicas no SUS

Ricardo Valverde


A Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR) da Fiocruz acaba de aprovar, junto ao Fundo Nacional de Saúde, um projeto que tem por objetivo criar um Centro de Produção de Kits Diagnósticos para o SUS, que vem a ser uma plataforma de desenvolvimento e produção de testes capazes de responder a situações de surtos ou demandas sazonais de doenças emergentes e re-emergentes. A iniciativa terá como executoras, além da VPPLR, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), o Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).


 Para a vice-presidente da Fiocruz, Claude Pirmez, a plataforma permitirá ao país dar um salto qualitativo tecnológico, já que atualmente muitos testes estão limitados em centros de pesquisa. Foto: Peter Ilicciev.

Para a vice-presidente da Fiocruz, Claude Pirmez, a plataforma permitirá ao país dar um salto qualitativo tecnológico, já que atualmente muitos testes estão limitados em centros de pesquisa. Foto: Peter Ilicciev.


Para a vice-presidente da VPPLR/Fiocruz, Claude Pirmez, a plataforma permitirá ao país dar um salto qualitativo tecnológico, já que atualmente muitos testes ainda estão limitados em centros de pesquisa. “E com a realização de grandes eventos, como a Jornada Mundial da Juventude Católica, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, o país receberá um  fluxo imenso de visitantes, muitos vindos de áreas endêmicas para patógenos que ainda não foram detectados no Brasil como o do Oeste do Nilo, o da encefalite japonesa e outros. Portanto, estamos diante não somente de uma extraordinária oportunidade mas uma real necessidade para desenvolver um projeto como este”.


Com o projeto, a Fiocruz passará a ter uma plataforma de desenvolvimento, validação e produção, em Boas Práticas de Fabricação, de kits diagnósticos para atendimento às demandas específicas para ações de vigilância epidemiológica de doenças infectocontagiosas, como as doenças negligenciadas, para as quais não existe hoje disponibilidade comercial de testes. Assim será possível estabelecer uma rede de cooperação com os laboratórios públicos e de referência; desenvolver, registrar, produzir e distribuir kits diagnósticos para testes imunológicos e moleculares necessários às ações de vigilância epidemiológica do território nacional e fronteiras; treinar, capacitar e qualificar técnicos dos laboratórios de saúde pública (centrais e de referência) nas técnicas e plataformas de diagnósticos moleculares e imunológicos; e prestar serviços permanentes de assistência técnica e científica a esses laboratórios, incluindo a manutenção dos equipamentos utilizados nas ações de vigilância.


Segundo Claude, as atividades de vigilância epidemiológica carecem de fornecimento seguro de kits diagnósticos com qualidade assegurada e/ou validação no país e a custos condizentes com ações de saúde pública. A maior parte das doenças que são objeto de vigilância epidemiológica no Brasil são próprias de países em desenvolvimento, em sua maioria negligenciadas. A demanda por esses testes se reveste de grande importância, sendo a base para as ações de vigilância. No entanto, como há baixo grau de previsibilidade quanto às quantidades e prazos de utilização, este mercado exerce baixa atratividade os produtores mundiais, fato que se reflete no baixíssimo investimento em desenvolvimento de testes para estas doenças e, por consequência, uma quase inexistente oferta de produtos fabricados em BPF.


A Fiocruz dispõe de duas plantas industriais de diagnóstico, certificadas pela Anvisa, produzindo em escala industrial testes nas plataformas Elisa, testes rápidos (lateral flow e DPP), testes moleculares (PCR TR) e multitestes (baseados em microfluídica), tanto para ensaios moleculares como para imunológicos, todos voltados para o atendimento aos diversos programas do MS. Esta produção se dá fortemente associada a atividades de inovação, constituindo um ambiente de densidade científica e tecnológica, coordenado pelo Programa Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para Saúde da Fiocruz (PDTIS) o qual se articula, no desenvolvimento de testes diagnóstico, a uma rede de vários laboratórios de pesquisa e, principalmente, de referência nacional e regional, além de laboratórios nível de segurança NB3. Este ambiente credencia a Fiocruz como um dos poucos atores capaz de organizar uma rede nacional e ambiente de cooperação para desenvolvimento de dispositivos diagnósticos e, no contexto mundial, uma das poucas organizações capaz de desenvolver, ao mesmo tempo, produzir testes em escala industrial para doenças negligenciadas, além de ter também conhecimento sobre a etiologia e o desenvolvimento da maioria das mais de 40 enfermidades que, de acordo com uma portaria federal de 2011, precisam ser permanentemente monitoradas.


Claude lembra que a Fiocruz dispõe, entre seus pesquisadores, de massa crítica suficiente para implantar o projeto. “Temos cientistas com grande capacidade de produção, em níveis internacionais, e que estão à altura de uma iniciativa dessa envergadura e responsabilidade, que é de grande importância para um país que tem milhares de quilômetros de fronteiras e passará a receber cada vez mais pessoas de todos os quadrantes do planeta. Ao ser implantado, o projeto mostrará a excelência da pesquisa voltada para o SUS e como estamos preparados para enfrentar os desafios da vigilância epidemiológica”.


Publicado em 13/11/2012.

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