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21/05/2010

Fiocruz completa 110 anos de serviços prestados ao Brasil com festividade nesta segunda


Criada em 1900 – com o nome de Instituto Soroterápico Federal –, a Fiocruz, que completa 110 anos nesta terça-feira (25/5), nasceu com a missão de combater os grandes problemas da saúde pública brasileira. Para isso, constituiu-se como centro de conhecimento da realidade do país e de valorização da medicina experimental. Hoje, a instituição, vinculada ao Ministério da Saúde, abriga atividades que incluem pesquisas; prestação de serviços hospitalares e ambulatoriais de referência em saúde; fabricação de vacinas, medicamentos, reagentes e kits de diagnóstico; ensino e formação de recursos humanos; informação e comunicação em saúde, ciência e tecnologia; controle da qualidade de produtos e serviços; e implementação de programas sociais. Com uma força de trabalhado formada por cerca 10 mil pessoas, a Fundação vai comemorar a data com uma festividade que incluirá a apresentação do Coral Fiocruz, bolo de aniversário, o sambista Diogo Nogueira e um DJ que animará os participantes da festa, que começará às 17h de segunda-feira (24/5). Clique aqui para conhecer a Linha do Tempo da Fiocruz.


 A Fiocruz está presente em todo o território brasileiro e na formulação de estratégias de saúde pública<BR><br />
(Foto: Peter Ilicciev)

A Fiocruz está presente em todo o território brasileiro e na formulação de estratégias de saúde pública

(Foto: Peter Ilicciev)


A Fiocruz tem sua base fincada num campus de 800 mil metros quadrados no bairro de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em torno dos três históricos prédios do antigo Instituto Soroterápico Federal – o Pavilhão Mourisco, o Pavilhão do Relógio e a Cavalariça –, funcionam nove de suas 15 unidades técnico-científicas e todas as unidades de apoio técnico-administrativas. Outras seis unidades situam-se nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Manaus e Curitiba, além de um núcleo em Brasília. Mas a Fiocruz está presente em todo o território brasileiro, seja por meio do suporte ao Sistema Único de Saúde (SUS), na formulação de estratégias de saúde pública, nas atividades de seus pesquisadores, nas expedições científicas ou no alcance de seus serviços e produtos.


A Fundação está em processo de ampliação de suas atividades: nos próximos anos, vai inaugurar centros de pesquisa nos estados do Ceará, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Piauí. Esses novos núcleos estarão pautados pelo desenvolvimento científico e tecnológico e na formação de recursos humanos em saúde, levando em consideração as especificidades de cada região para proporcionar respostas mais eficientes e, consequentemente, diminuir as iniquidades no país. Em 2008, a instituição abriu seu primeiro escritório internacional, em Moçambique, o que reforça o compromisso de promover a melhoria das condições sociossanitárias das populações mais carentes, agora também no continente mais negligenciado do planeta.


Entre os mais recentes destaques da atuação da Fiocruz está o lançamento, em 2008, junto com a organização sem fins lucrativos Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) do ASMQ, uma combinação em dose fixa dos medicamentos artesunato (AS) e mefloquina (MQ) para o controle da malária e que simplifica o tratamento de adultos e crianças contra a doença. No ano seguinte, foi iniciada a produção do medicamento Efavirenz, um antirretroviral que integra o coquetel anti-Aids, beneficiando 85 mil brasileiros. A Fundação também fez o mapeamento das primeiras sequências genéticas do vírus influenza A (H1N1) detectado por pacientes no Brasil e, em colaboração com grupos de pesquisa dos Estados Unidos, da Europa e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mapeou pela primeira vez o genoma do Schistosoma mansoni, parasito causador da esquistossomose.


No mesmo ano, a Fundação teve papel preponderante na preparação dos primeiros lotes do medicamento oseltamivir, a partir do fornecimento do fosfato de oseltamir, para distribuição gratuita aos hospitais de referência no tratamento da gripe causada pelo vírus influenza A (H1N1). Ainda em 2009, a instituição assinou acordo de transferência de tecnologia com um laboratório multinacional que garantirá a produção da vacina pediátrica para pneumococo, a ser incluída no Programa Nacional de Imunização (PNI). A vacina protege contra meningite bacteriana, pneumonia e otite média aguda, doenças causadas pela bactéria pneumococo. O documento também prevê intercâmbio destinado ao desenvolvimento de imunizantes para dengue, febre amarela e malária.


Patrimônio arquitetônico


A visão que se tinha das sacadas, no início do século 20, era plácida. O mar se esgueirava aos pés da colina, as matas reinavam intactas a se perder de vista. Hoje, o que se vê é outra vida, mais atribulada e complexa, com milhares de moradias de arquitetura inquieta, formando comunidades de baixa renda e carentes de serviços públicos básicos. A poluição de dezenas de indústrias rói o ar e o mar, mais distante, é uma pálida imagem do que foi no passado. As sacadas, contudo, estão lá, no mesmo lugar. O imponente Pavilhão Mourisco, o Castelo da Fiocruz, no alto da colina da velha Fazenda de Manguinhos, permanece soberano na paisagem tão transformada em mais de um século de história.


Com o início da construção em 1905, a partir de desenhos de Oswaldo Cruz, o Pavilhão Mourisco foi projetado pelo arquiteto e engenheiro português Luiz Moraes Junior com clara influência das linhas arquitetônicas da Península Ibérica sob ocupação árabe e do Observatório de Montsouris, na França. Impossível não lembrar do conjunto da Alhambra, em Granada, ou dos pátios cobertos de Sevilha ao percorrer seus amplos corredores e espaços internos. Com 50 metros de altura e 45 metros de largura, o prédio central da Fiocruz é a joia mais brilhante de um conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1981. É um prazer ímpar subir vagarosamente pelo elevador Liger, de 1909, o mais antigo em funcionamento na cidade do Rio de Janeiro. As portas internas são de cristal bisotado. A cúpula é de espelhos.


A riqueza de detalhes do Pavilhão Mourisco é um convite à contemplação. A base é de granito rosa. As luminárias alemãs são de ferro fundido e bronze dourado, com detalhes em opalina na cor lilás. As louças dos banheiros vieram da Inglaterra. Os pisos são cobertos por mosaicos franceses, cuja distribuição, em variadas cores e formas, lembra os tapetes e passadeiras árabes. As cúpulas das duas torres são revestidas de cobre. Os azulejos são um capítulo à parte: os desenhos revelam o esmero da fábrica portuguesa Bordalo Pinheiro, de Caldas da Rainha, onde foram confeccionados. Foram catalogados 18 diferentes tipos de desenho nos gradeamentos das janelas. Feita de ferro forjado e mármore de Carrara, a escadaria principal é iluminada pela luz filtrada dos vitrais. À noite, com um sistema de iluminação que lhe realça as formas e cores, o Pavilhão Mourisco parece flutuar sobre a cidade.


O Pavilhão da Peste, ou do Relógio, a Cavalariça para Animais Inoculados e o Pombal são construções que datam da mesma época do Pavilhão Mourisco. O primeiro ostenta um relógio de quatro faces ainda em perfeito funcionamento. A Cavalariça hoje empresta seu charme ao Museu da Vida – abriga o Espaço da Biodescoberta.  Ao lado do prédio em que agora funciona o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), de 1912 – projetado nos moldes do hospital do Instituto Pasteur, de Paris –, e do Pavilhão Quinino, de 1919 – originalmente um laboratório para fabricação de medicamentos –, eles compõem o conjunto de construções históricas da Fiocruz.


O chamado Núcleo Modernista, que inclui os pavilhões Arthur Neiva e Carlos Augusto da Silva, erguidos entre os anos de 1947 e 1951, completa o conjunto arquitetônico de Manguinhos. No Arthur Neiva, destaque para o belo mural de azulejos de Roberto Burle Marx, enfocando os micro-organismos, em tons azuis e brancos. Datado de 1947, é o segundo realizado pelo famoso paisagista.


Publicado em 21/5/2010.

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