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14/03/2019

Fiocruz divulga pesquisa sobre parto e desigualdades em saúde

Matheus Cruz (Agência Fiocruz de Notícias)


A Fiocruz Mato Grosso do Sul apresentará um painel da pesquisa Como se nasce no Brasil? Parto e desigualdades em saúde materno infantil. O encontro marcará a abertura da aula inaugural dos programas de doutorado em Epidemiologia, Equidade e Saúde Pública e de mestrado profissional em Saúde da Família na unidade. Será realizado, nesta sexta-feira (15/3), na Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser, e contará com a participação da presidente da Fundação, Nísia Trindade.

"O estudo Nascer no Brasil: perfil da mortalidade neonatal e avaliação da assistência à gestante e ao recém-nascido, realizado entre 2011 e 2012, mostra que a região Centro-oeste registrou a maior incidência de cesariana, com 50,2% dos procedimentos realizados durante esse período”, afirmou a pesquisadora da Fiocruz Maria do Carmo Leal, que liderou à pesquisa. 

De acordo com Maria do Carmo, a pesquisa verificou também que nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste foram menos frequentes o uso de procedimentos não farmacológicos para alívio da dor e uso de partograma - gráfico onde são anotadas a progressão do trabalho de parto.  

“Também foram mais comuns nessa região a litotomia, posição ginecológica em que a mulher fica deitada durante o parto e a realização da manobra de Kristeller, que consiste em pressionar a parte superior do útero para facilitar e acelerar a saída do bebê. A episiotomia, uma incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto, também foi mais registrada na Região Centro-oeste”, exemplificou Maria do Carmo.

Parto com prazer e autonomia

A pesquisadora também vai abordar o parto e nascimento, mostrando que vivenciar um trabalho de parto com prazer e autonomia – conduzido pela gestante – é o preconizado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde do Brasil. “No Brasil ainda temos muito que caminhar para atingirmos esse objetivo. O modelo de atenção ao parto que prioriza a evolução do curso natural do trabalho de parto oferece o melhor resultado obstétrico, mas é pouco frequente no país. Muitas intervenções são feitas, como uso de procedimentos para acelerar o trabalho de parto, sem oferta de analgesia, o que pode acabar contribuindo para a experiência terminar em uma cesariana”, disse.

Ainda segundo Maria do Carmo Leal, é preciso modificar esse modelo de atenção ao parto e nascimento se quisermos reduzir a mortalidade materna e infantil. “Iniciativas importantes estão sendo conduzidas nas redes pública e privada, mas ainda com resultados iniciais”, concluiu.

Histórico

O estudo Nascer no Brasil teve como objetivos analisar a atenção à gestação e ao parto no Brasil e seus principais desfechos, estimar a prevalência de cesarianas e outras intervenções obstétricas e neonatais e descrever as complicações maternas de acordo com o tipo de parto, com ênfase na prematuridade.

O perfil traçado pela pesquisa mostra que as mães brasileiras são majoritariamente jovens, de cor parda e preta (65%), com escolaridade mediana (40% tem ensino médio), mais da metade pertence a classe C e cerca de 40% tem trabalho remunerado. Deste perfil, 80% tem companheiro e 80% também é atendida pelo SUS.

No Mato Grosso do Sul quase 20% das mães são adolescentes. A gravidez na adolescência no Brasil ocorre com maior frequência nas camadas mais pobres da população, nas que frequentam o SUS é de 22% contra 5% no setor privado. As adolescentes têm pior assistência pré-natal (chegam um tempo depois aos serviços de saúde para serem acompanhadas) e consequentemente apresentam maiores riscos obstétricos e maior percentagem de filhos prematuros. A gravidez precoce, uma das abordagens que a aula inaugural discutirá, pode comprometer também a sua escolaridade e se associa com maior número de filhos, embora isso não ocorra com todas as mães adolescentes. 

Serviço:
Título da aula: Como se nasce no Brasil? Parto e desigualdades em saúde materno infantil
Data: 15/3/2019
Hora: 13h30
Local: Auditório da Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser,
Endereço: Rua Senador Filinto Muller, 1480 - Vila Ipiranga, Campo Grande.

Contatos para imprensa:
(21) 99974-6224 – Elisa Andries
(21) 3885-1073 / 1711 / 1706 – Aline Câmera, Matheus Cruz e Regina Castro

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