05/10/2016
Alexandre Matos (Farmanguinhos/Fiocruz) e Regina Castro (CCS/Fiocruz)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram nesta quinta-feira (6/10), às 10h, no auditório do Parque Tecnológico da universidade, um acordo que permitirá, em médio prazo, o desenvolvimento, em escala-piloto, de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA). O Centro de Referência Nacional em Farmoquímica do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) será implantado em área cedida no Parque Tecnológico, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro, onde fica o principal campus da universidade.
No Centro, pesquisadores de Farmanguinhos estarão à frente de estudos e processos que poderão resultar no desenvolvimento de princípios ativos para medicamentos. Inicialmente, os IFA serão desenvolvidos em escala de laboratório e, posteriormente, em escala-piloto, com prioridade aos direcionados ao tratamento de velhos males que atingem a população brasileira, tais como malária, esquistossomose, leishmanioses, dentre outras doenças negligenciadas.
A união entre a Fiocruz e a UFRJ visa preencher um importante espaço na indústria farmacêutica. “E uma oportunidade para que, num futuro próximo, o Brasil tenha autonomia para resolver seus problemas de saúde pública, sem depender de outros países”, ressalta José Carlos Pinto, diretor do Parque Tecnológico da UFRJ.
A produção de IFA é atividade considerada tão estratégica para o país quanto a fabricação de medicamentos. No entanto, nenhuma indústria farmoquímica brasileira produz princípio ativo de antibióticos. ”Isso significa que em caso de alguma intercorrência internacional que impeça os IFA destes medicamentos chegarem ao Brasil, o país correrá o risco de ficar sem antibióticos”, observa Hayne Felipe, diretor de Farmanguinhos.
O Centro de Referência Nacional de Farmoquímica ocupará uma área de aproximadamente 7 mil m² e fará com que a Fiocruz se some a outros 54 núcleos de pesquisa de instituições que atuam na fronteira do conhecimento em áreas que vão da exploração de petróleo e gás à sustentabilidade ambiental, passando por soluções inovadoras de tecnologia da informação e comunicação. Já atuam no local empresas como Shlumberger, FMC Technologies, Halliburton, DELL/EMC², Petrobras, GE, Ambev, entre outras.
A concepção do Centro prevê que, após o desenvolvimento das substâncias em escala-piloto, os resultados ficarão à disposição para transferência de tecnologia para as indústrias farmoquímicas. Caso haja interesse, estes laboratórios produzirão o IFA em escala industrial. Com o início das atividades do Centro na UFRJ, a Fiocruz estará assegurando um intercâmbio cada vez mais intenso com diversas unidades da universidade, destacando-se a Faculdade de Farmácia, Escola de Química, Instituto de Química, Centro de Ciências da Saúde, Coppe, Instituto de Pesquisa em Produtos Naturais, entre outros, em áreas relacionadas com pesquisa, desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.
Farmanguinhos/Fiocruz
Farmanguinhos é o maior laboratório da rede oficial do Ministério da Saúde e um dos principais fornecedores para os programas do Sistema Único de Saúde (SUS). Desempenhou papel crucial para a assistência farmacêutica dos pacientes vivendo com o vírus HIV/Aids ao passar a produzir um dos medicamentos do coquetel antirretroviral, o Efavirenz, após licença compulsória. No momento, além das atividades relacionadas ao ensino e à pesquisa, Farmanguinhos tem pautado sua atuação no estabelecimento de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP), iniciativa que visa, via transferência de tecnologia, a nacionalização de fabricação de IFA e também de medicamentos com maior valor agregado.
Parque Tecnológico da UFRJ
O Parque Tecnológico da UFRJ foi inaugurado em 2003 e está situado no campus da UFRJ, na Ilha da Cidade Universitária. No local, estão instalados centros de pesquisas de 13 grandes empresas, oito pequenas e médias, além de sete laboratórios e centros de pesquisa. No Parque, está instalada também a Incubadora de empresas da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), que, atualmente, abriga 26 startups.
Numa área de 350 mil metros quadrados estão presentes empresas como Shlumberger, FMC Technologies, Tenaris Confab, Baker Hughes, Halliburton, EMC², BG Group, Siemens, Vallourec e BR Asfaltos. Neste ambiente de inovação, encontram-se ainda centros de pesquisas de outras duas companhias, GE e L’Oréal, localizadas na Ilha de Bom Jesus, contígua à do Fundão.