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09/01/2008

Fiocruz envia mais doses da vacina contra a febre amarela para o MS e dobrará produção


Ao contrário do que foi erroneamente divulgado nesta quarta-feira (9/1) pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e também por outras publicações país afora, a Fiocruz nega que haja necessidade de se promover uma vacinação em massa da população brasileira contra a febre amarela. Só precisam ser vacinados, como lembrou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em entrevista coletiva também nesta quarta-feira, os indivíduos que, por motivos profissionais ou de turismo, viajem para as regiões consideradas de risco para a febre amarela (ver relação abaixo). Temporão tranqüilizou a população e disse que a situação está rigorosamente sob controle, não havendo risco de uma epidemia da doença.


 As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos 

As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos 


Em função dos problemas atuais relacionados à febre amarela, o Ministério da Saúde (MS) solicitou à Fiocruz que a produção da vacina contra a febre amarela fosse aumentada em 100%  — o que alcançará um total de 30 milhões de doses por ano. Para atingir essa marca, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação reprogramou a sua linha de produção para atender a essa demanda. A Fiocruz produz e entrega a vacina para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS, que distribui a vacina para todo o país. Anualmente, o PNI vinha solicitando cerca de 15 a 16 milhões de doses. Nesta quarta-feira (9/1) a Fiocruz enviou mais dois milhões de doses do imunizante para o MS.


O MS intensificou a vacinação da população contra a febre amarela em Goiás e no Distrito Federal. O secretário de Vigilância em Saúde do MS, Gerson Penna, afirmou que a medida foi tomada em resposta às mortes de macacos próximos de áreas urbanas. O risco de febre amarela em áreas urbanas, no entanto, está descartado. Segundo Penna, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas. “A febre amarela tem uma vacina 99% eficaz. Ela é fabricada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz. É uma doença completamente evitável”, disse o secretário. A vacina é produzida por Biomanguinhos.


 A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano

 A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano


Biomanguinhos é reconhecido internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela (antiamarílica). Desde 1937, as preparações vacinais são obtidas em seus laboratórios a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos, de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


Segundo Penna, o MS está intensificando a vacinação em regiões endêmicas, pois no verão há uma maior circulação de mosquitos somada ao fato de mortes de macacos próximos a áreas urbanas. O ministério deslocou 300 mil doses de vacina de seu estoque estratégico para o Centro-Oeste. “Precisa vacinar quem vai por turismo ou a trabalho para áreas endêmicas, principalmente aqueles que vão entrar nas matas”, afirmou o secretário.


“A vacinação contra a febre amarela é uma ação de rotina. Nas regiões Norte e Centro-Oeste ela faz parte do calendário de vacinação infantil. Toda criança com mais de 1 ano pode tomar a vacina”, disse Penna. “A morte de macacos próxima de áreas urbanas não significa que a população está em risco. O ministério, em conjunto com os governos estadual, distrital e municipal, está fazendo uma intensificação da vacinação, como uma ação preventiva, para aqueles que não tomaram a vacina ou que há mais de dez anos não fizeram o reforço”.


 A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos

A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos


No Brasil a vacina é gratuita e sua proteção dura por dez anos. A vacina contra a febre amarela dá uma proteção individual, ou seja, protege apenas as pessoas que recebem o imunizante. Por isso é preciso que todos os que não tenham sido vacinadas, procurem uma unidade de saúde para receber a vacina. “A morte de macacos é um evento sentinela. Muito antes dos exames laboratoriais, todas as medidas de vigilância e vacinal são tomadas”, afirmou Penna. A ação é tomada porque a morte de macacos é vista como sinalizador de risco para a febre amarela em humanos. O ciclo de transmissão se pela dá pela picada de um mosquito, que faz a “ponte” entre um macaco doente e as pessoas. Os laudos definitivos dos macacos que morreram próximos de Brasília devem sair em dez dias.

Turistas e diplomatas serão alertados sobre febre amarela em áreas de risco

Preocupado com a detecção de casos suspeitos de febre amarela silvestre em Goiás e no Distrito Federal, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, solicitou aos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Turismo, Marta Suplicy, que turistas, trabalhadores em viagem e os representantes diplomáticos sejam alertados sobre a situação da doença no país e como obter a vacina contra a doença. Ao ministro Amorim, Temporão solicitou que todas as embaixadas e representações de organismos internacionais em Brasília sejam informadas sobre o quadro atual da febre amarela no país. Para a ministra Marta Suplicy o pedido é que também repasse as informações sobre a situação atual da enfermidade para a Associação Brasileira de Agentes de Viagem, bem como as demais entidades do ramo de turismo.


Para evitar a doença, basta que os viajantes tomem a vacina contra a febre amarela dez dias antes de se deslocar para áreas de risco. A vacina é eficaz e protege por dez anos. O atual alerta reforça a recomendação feita pelo Ministério da Saúde no início de dezembro de 2007. O vírus da febre amarela circula na natureza nas regiões Norte e Centro Oeste, em Minas Gerais e Maranhão. Além disso, há faixas de transição e de risco potencial no oeste de 4 estados (Piauí, São Paulo, Paraná e Santa Catarina) e sul de outros dois (Bahia e Espírito Santo).


Situação da febre amarela no país


* Áreas de risco (mantêm circulação do vírus na natureza)

Toda a Região Norte

Toda Região Centro-Oeste

Maranhão

Minas Gerais


* Áreas de transição

Oeste dos seguintes estados: Piauí, São Paulo, Paraná e Santa Catarina


* Risco potencial

Sul dos seguintes estados: Bahia e Espírito Santo



Sintomas


A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. Geralmente, quem contrai o vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.


Transmissão


A febre amarela ocorre nas Américas do Sul e Central, além de em alguns países da África e é transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Sua manifestação é idêntica em ambos os casos de transmissão, pois o vírus e a evolução clínica são os mesmos — a diferença está apenas nos transmissores. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue). A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados.  Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.


Prevenção


Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Os mosquitos criam-se na água e proliferam-se dentro dos domicílios e suas adjacências. Qualquer recipiente como caixas d'água, latas e pneus contendo água limpa são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos, de onde nascerão larvas que, após desenvolverem-se na água, se tornarão novos mosquitos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados. Para eliminar o mosquito adulto, em caso de epidemia de dengue ou febre amarela, deve-se fazer a aplicação de inseticida através do "fumacê”. Além disso, devem ser tomadas medidas de proteção individual, como a vacinação contra a febre amarela, especialmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios da doença. Outras medidas preventivas são o uso de repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram todo o corpo.


Vídeo


Assista aqui a um vídeo sobre a produção do imunizante.

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