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23/02/2007

Fiocruz gerencia fundo global na luta contra a tuberculose


Uma parceria firmada entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), a Fiotec e a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) receberá investimentos, pelos próximos cinco anos, de US$ 27 milhões provenientes do Fundo Global de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária, para desenvolver um projeto que prevê a ampliação de ações de controle da tuberculose e a expansão da estratégia de tratamento da doença no Brasil, principalmente daquelas que visam reduzir a carga da doença nas 11 regiões metropolitanas mais afetadas do país. O acordo foi firmado após quase dois anos e meio de negociação. A apresentação do projeto ocorreu em Brasília, em seminário que reuniu representantes da Ensp e da Fiotec, da missão do Fundo Global, da FAP, da Opas e do Ministério da Saúde.


 Cartaz de antiga campanha publicitária de combate à tuberculose

Cartaz de antiga campanha publicitária de combate à tuberculose


O Fundo Global de Luta Contra a Aids, Malária e Tuberculose é composto por recursos dos países do G8 e de instituições importantes, como a Fundação Bill e Melinda Gates, e já havia recebido do governo brasileiro, em 2001, a proposta “Fortalecimento da estratégia Dots – tratamento de curto prazo diretamente observado – em grandes centros urbanos com alta carga de tuberculose no Brasil”. O atual projeto tem como coordenador-geral o tecnologista Marcos Mandelli e como coordenador-técnico o pneumologista e sanitarista Miguel Aiub Hijjar, nomeados pelo diretor da Ensp, Antônio Ivo de Carvalho.


As 11 regiões que integram o projeto (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém, Fortaleza, São Luiz, Baixada Santista e Manaus) concentram, ao todo, 57 municípios onde a carga da doença é cerca de três a quatro vezes maior que no resto do país, números comparáveis a cargas que existem em países subdesenvolvidos. “Foi a partir desses dados que o Fundo Global resolveu fazer um projeto específico para incrementar ações de supervisão de tratamento com vistas à redução da incidência e da mortalidade por tuberculose”, destaca Mandelli.


O projeto consta basicamente de quatro objetivos. O primeiro é de fortalecimento e estratégia Dots, através de estratégias de supervisionamento para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno em populações vulneráveis. O segundo é uma mobilização das instituições da sociedade civil para participarem de um processo como este, envolvendo ações de informação, educação e comunicação. Há ainda um programa para o fortalecimento de laboratórios para diagnósticos da doença e uma última parte voltada para ações de redução da infecção de tuberculose e HIV/Aids. A Ensp está responsável pelos dois primeiros objetivos e a FAC pelos dois últimos. “Assinamos o contrato em dezembro de 2006 para uma primeira fase, que durará dois anos. O projeto todo conta com US$ 27 milhões e nessa primeira etapa estão disponíveis US$ 11,6 milhões, dos quais Ensp/Fiotec passarão a gerir 76% desse valor. Os outros 24% estão nas mãos da FAP. Caso o projeto chegue nas etapas finais, o investimento da Ensp/Fiotec chega aos 95% do valor restante”, explica Mandelli. O início do projeto está previsto para começar até 2 de abril, data-limite para o Fundo Global liberar o financiamento da primeira parte do acordo.


O coordenador do projeto revela que o financiamento para as duas fases restantes está condicionado à avaliação feita pelo Fundo Global ao final desta primeira etapa. “Se a Ensp/Fiotec trabalhar bem e conseguir uma classificação nível A do conceito deles, teremos automaticamente reavaliado o projeto por mais seis anos”. Outro ponto positivo dessa avaliação é a possibilidade de novos financiamentos voltados para malária ou HIV/Aids. Isso porque dos US$ 12 bilhões disponíveis, o Fundo Global só conseguiu aplicar US$ 7 bilhões, devido a falta de bons projetos ou de boas execuções de projetos. Mandelli conta que a experiência do Fundo Global é exitosa em alguns países e em outros não. Na América Latina eles vêem o projeto com Ensp/Fiotec como uma excelente possibilidade de reduzir as críticas que vêm recebendo de seus doadores internacionais. E torna-se evidente que um bom projeto realizado no Brasil abre portas para futuros investimentos nas demais linhas de pesquisas do Fundo Global.


As ações englobam também, programas de capacitação de recursos humanos, através de cursos presenciais e de educação continuada, além da organização dos serviços para detecção precoce, tratamento oportuno e prevenção da doença, desenvolvimento de projetos de pesquisa e operacionais e monitoramento e avaliação. Cada um dos municípios participantes tem seu coordenador do programa de tuberculose, e este será o interlocutor com a Escola. É por meio dele que Ensp/Fiotec apresentarão um conjunto de benefícios que obterão para participarem do projeto. O projeto conta ainda com um núcleo executivo composto por 12 pessoas que será responsável por todas as atividades da Ensp/Fiotec pelos próximos dois anos.


Tuberculose no Brasil e no mundo


Cerca de dois milhões de pessoas em todo o mundo morrem vítimas de tuberculose, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde registra, por ano, 85 mil novos casos e seis mil pessoas perdem a vida em conseqüência da doença, números considerados altos. O principal problema brasileiro é a falta de continuidade do tratamento. Conforme o paciente percebe o desaparecimento dos sintomas nos primeiros dias de medicação, ele acaba deixando a terapia de lado, o que pode levar a uma doença mais resistente à medicação. O governo federal vem investindo no Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) e aumentando o número de unidades de saúde que possuem tratamento supervisionado.


Fonte: Informe Ensp

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