11/10/2016
André Costa (Agência Fiocruz de Notícias)
O Rio de Janeiro acaba de ganhar um laboratório natural para cientistas, estudantes e o público interessado em meio ambiente. Na última sexta-feira (8/10), foi inaugurada a Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica, com o propósito de apoiar, estimular e acolher a pesquisa, a inovação, a educação, a disseminação e a divulgação do conhecimento sobre a diversidade socioambiental e a relação entre ambiente e saúde.
Ao lado do presidente da Fiocruz Paulo Gadelha, o coordenador executivo do Programa de Implantação do Campus Fiocruz Mata Atlântica Gilson Antunes da Silva ressaltou que uma das prioridades da estação biológica é incentivar o desenvolvimento sustentável nas populações tradicionais (foto: Peter Ilicciev)
Estações biológicas têm papel estratégico na compreensão de questões biológicas associadas a mudanças climáticas, perda de biodiversidade, espécies invasoras e exóticas e declínio de polinizadores. São usadas para ajudar a biodiversidade, a conservação ambiental e a pesquisa sobre o manejo de ecossistemas.
A Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica tem 430 hectares, e situa-se sobreposta à vertente leste do maciço da Pedra Branca. O espaço conta com facilidades para pesquisa, como pavilhão de cursos (com seis salas de aula, auditório e secretarias), sala de reunião, sala de videoconferência e laboratórios. A primeira estação biológica do município, que vem coroar um processo iniciado em 2003, será a primeira do município do Rio de Janeiro, a primeira vinculada ao Ministério da Saúde, a primeira a acolher a pesquisa em biodiversidade e saúde no país e a terceira localizada em área de influência humana elevada no mundo.
No evento que celebrou a inauguração da Estação, realizado no campus da Fiocruz em Manguinhos, o presidente da Fundação, Paulo Gadelha, exaltou as possibilidades de pesquisa abertas pela estação biológica. “Uma das coisas que sempre fascina nessa instituição é a capacidade de ser criativo, tanto na forma de pensar os objetos de pesquisa, quanto nos arranjos institucionais para dar conta para dar conta desses objetos”, disse Gadelha. “A Fiocruz tem trabalhado muito na relação entre saúde e ambiente. Trabalhar com território agrega valor e capacidade de trabalhar de novas formas”.
O coordenador executivo do Programa de Implantação do Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA), Gilson Antunes da Silva, ressaltou que uma das prioridades da estação biológica é incentivar o desenvolvimento sustentável nas populações tradicionais que vivem nos arredores do parque. “Nosso grande desafio é entender o deslocamento humano na região. Ali é uma área periférica, onde políticas públicas são precárias, e isso acaba por ter impactos na biodiversidade. Teremos um campus avançado, mas não se resume a isso. Estamos comprometidos com um processo de preservação e desejamos contribuir para um desenvolvimento saudável”, afirmou Silva.
O biólogo Ricardo Moratelli, que também trabalha no programa de implantação, por sua vez, afirmou que perspectivas futuras para o campus são a valorização do conhecimento das comunidades tradicionais, com capacitação de moradores para ajudar pesquisadores; estruturação de um repositório na Arca Fiocruz; e a instalação de uma estação meteorológica.
A Estação Biológica é coordenada pela Presidência da Fiocruz, com assessoria do CFMA e das vice-presidências de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC), de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPPLR) e das unidades com interesses afins às atividades desenvolvidas.