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19/01/2021

Fiocruz lamenta morte da empreendedora social Daiana Ferreira

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


A Presidência da Fiocruz lamenta, com profundo pesar, o falecimento na segunda-feira (18/1) da criadora do projeto social Ballet Manguinhos, Daiana Ferreira. O Ballet Manguinhos oferece aulas de balé clássico para crianças e adolescentes das comunidades de Manguinhos, no entorno da Fiocruz, desde 2012. O projeto promove ainda atividades culturais aos jovens das comunidades e em 2017 ganhou do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN) o Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania. Diagnosticada com Covid-19, ela sofreu uma parada cardíaca e não sobreviveu. Daiana tinha 32 anos e morava com filho Téo, de 2 anos.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, disse que recebeu com muita tristeza a morte de Daiana. “Ela era uma grande parceira da Fiocruz, uma pessoa que coordenou o Ballet Manguinhos com muito amor e dedicação e costumava participar do nosso evento anual de vacinação contra a poliomielite, o Fiocruz pra Você. Era uma pessoa de muita garra. Também estive com ela em campanhas em defesa da comunidade de Manguinhos e das populações vulneráveis. Envio meus sentimentos aos familiares e amigos de Daiana”.

Muito emocionado, o coordenador de Cooperação Social da Fiocruz, Leonidio dos Santos, afirmou que Daiana era “um exemplo de mulher guerreira, com origem na favela, e que chegou ao ensino superior, construiu um belo projeto e sonhou junto com outras mães, crianças e mulheres. Ela tinha uma característica importante: uma grande compreensão das relações entre arte e cultura na formação cidadã, contribuindo assim para a mudança e a transformação da realidade. Essa compreensão dialoga com o que se fala sobre saúde em sentido mais amplo, de promoção da saúde”.

Segundo Santos, Daiana foi parceira da Fiocruz em diversas unidades da Fundação, com a Asfoc-SN, com a Cooperação Social, nas campanhas de vacinação, no Fiocruz Saudável, na questão da violência nos territórios, na área de direitos humanos. “Foi uma brilhante empreendedora, que conseguiu empreender dentro de uma perspectiva de emancipação. Reconhecia a necessidade da formação e do conhecimento. Por isso fez cursos e assim pôde participar de editais, captou recursos no exterior e fez muitas parcerias. É uma grande perda para a construção de um mundo melhor em Manguinhos. Daiana é um nome que merece ser valorizado e sua história deve ser uma referência. Ela sonhava junto”.

Santos ressaltou que, no contexto da pandemia, com seus imensos impactos na população vulnerável, Daiana foi incansável na articulação da distribuição de cestas de alimentos, de kits de higienização e outras necessidades. “Ela também disponibilizou um espaço no Ballet Manguinhos para que o Conexão Saúde fosse instalado. Desta forma o Ballet Manguinhos se tornou parceiro no enfrentamento da pandemia”.

Nascida e criada na comunidade de Manguinhos, Daiana passou a infância em um barraco sem banheiro. A mãe, empregada doméstica, criou as três filhas sozinha e se esforçava para ensinar às meninas o valor da educação e da cultura.

Formada em Educação Física, Daiana criou o projeto em 2012, inicialmente chamado Balé Furacão Cidadania, que contava com o patrocínio de Jairzinho, ex-jogador do Botafogo. Em 2014, com o fim do apoio, adotou o nome de Ballet Manguinhos. Além das aulas da dança clássica, as crianças e jovens, de 6 a 29 anos, fazem excursões a teatros, museus e participam de atividades culturais em grupo.

Em 2016 uma instituição da Virginia (EUA) decidiu patrocinar o projeto, incluindo o pagamento dos professores e o aluguel de um imóvel no bairro. Desde então, o Ballet Manguinhos ganhou cinco editais de financiamento de projetos. 

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