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08/04/2011

Fiocruz lança sistema de informação em retinopatia da prematuridade

Irene Kalil


O Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), órgão auxiliar do Ministério da Saúde na área da saúde da mulher, criança e adolescente, apresentará neste mês de abril o Sistema de Informação para Retinopatia da Prematuridade (ROP). Desenvolvida pelo Departamento de Neonatologia e pela Unidade de Pesquisa Clínica do IFF com apoio do Departamento de Neonatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a iniciativa, que representa uma inovação para o sistema de saúde brasileiro, visa atender à necessidade de sistematizar informações oriundas dos programas de ROP do Brasil e da América Latina.


 Mapeamento de retina nas primeiras semanas de vida do prematuro pode detectar precocemente a doença

Mapeamento de retina nas primeiras semanas de vida do prematuro pode detectar precocemente a doença


As primeiras exibições públicas estão marcadas para o próximo dia 14, dirigidas a médicos que integram a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN), durante encontro em Porto Alegre e, em junho, no 5º Congresso Brasileiro de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica, em Ouro Preto. Segundo a equipe responsável pelo projeto, ele deve começar a ser utilizado pelas 16 unidades da RBPN ainda no segundo semestre. Financiado pela Fundação da Associação Panamericana de Oftalmologia na etapa inicial de desenvolvimento, o sistema reunirá informações relevantes ao acompanhamento clínico e epidemiológico da retinopatia da prematuridade, servindo também para que as unidades de terapia intensiva neonatais (Utins) possam monitorar a qualidade de seu cuidado em relação à doença.


Parceria contra a cegueira infantil


Em novembro do ano passado, o IFF tornou-se Centro Colaborador da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) sobre Cegueira na Infância. Por meio do Departamento de Neonatologia e da sua Unidade de Pesquisa Clínica (UPC), o Instituto vem participando da articulação de estudos e pesquisas na área, incluindo atividades de aconselhamento médico para cuidado ocular neonatal em cooperações técnicas com países da América Latina e Caribe; organização de oficinas sobre retinopatia da prematuridade (ROP) dirigidas a enfermeiras, neonatologistas e oftalmologistas e abertas à presença de governantes locais na América Latina; desenvolvimento de material educativo para profissionais e serviços de saúde; e aperfeiçoamento da qualidade da informação disponível sobre cuidado neonatal.


O Departamento de Neonatologia e a UPC-IFF têm apoiado, desde 2004, a implementação de programas de triagem e tratamento da ROP no Brasil e em outros países da América Latina. Nacionalmente, o trabalho vem sendo desenvolvido em diversas capitais, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. No exterior, países como Argentina, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Venezuela já foram beneficiados.


A importância da prevenção


Oftalmologistas no mundo todo observaram que, ao lado dos avanços recentes da neonatologia, que têm garantido a sobrevivência de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, presencia- se uma elevada incidência da retinopatia da prematuridade (ROP). A doença, que acomete o bebê prematuro, cuja retina não se encontra completamente vascularizada e pronta para entrar em contato com o ambiente externo, pode levar ao descolamento dessa parte do olho e até mesmo à perda da visão.


Segundo a OMS, as principais causas da cegueira na infância variam de região para região e são determinadas, em grande medida, pelas condições socioeconômicas e pela disponibilidade e eficácia dos serviços de atenção primária e de cuidado ocular. Nos países em desenvolvimento, a retinopatia da prematuridade é apontada como uma importante causa da cegueira infantil, ao lado de outras doenças comuns também em países mais ricos, como catarata, anomalias congênitas e distrofias hereditárias da retina. Somente no Brasil, a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira estima que 33 mil crianças estejam cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente, e que pelo menos 100 mil têm alguma deficiência visual.


No caso da retinopatia da prematuridade, o diagnóstico pode ser feito no recém-nascido por meio de exames adequados ao tipo de ocorrência da doença em cada Utin. Em geral, é recomendável que todo bebê prematuro de até 32 semanas de gestação ou que tenha peso de nascimento inferior a 1,5kg seja examinado por um oftalmologista capacitado e com equipamento apropriado ainda nas primeiras semanas de vida.


Publicado em 8/4/2011.

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