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20/09/2019

Fiocruz participa da Jornada Nacional de Imunizações

Gabriella Ponte (Bio-Manguinhos/Fiocruz)


O surto de sarampo, novas descobertas sobre imunizações e o combate às notícias falsas sobre vacinas foram alguns dos temas debatidos por mais de 1,1 mil profissionais de saúde que participaram da 21ª Jornada Nacional de Imunizações, em Fortaleza, no Ceará. O evento, que ocorreu de 4 a 7 de setembro, contou com a participação de colaboradores do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). E já foi anunciada quando será a próxima edição: 14 a 17 de outubro de 2020. O consultor científico sênior de Bio-Manguinhos, Reinaldo Menezes, que faleceu no início desse ano, foi homenageado na abertura do evento.

Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), entidade que promove o encontro, Juarez Cunha afirma que a percepção dos problemas que levaram à baixa nas coberturas vacinais fez com que o tema da jornada fosse Promovendo o valor das imunizações. Segundo a SBIm, as coberturas abaixo do ideal vêm sendo registradas desde 2015, e isso vem acontecendo de forma multifatorial como a circulação de fake news, a hesitação em se vacinar e a falsa segurança de que as doenças não existem mais.

A hesitação também é alimentada pelo medo. “A rede pública deve estar capacitada para tirar dúvidas do paciente e dar a segurança de que ele precisa. A dificuldade de acesso é outro problema”, diz ele. Outra barreira, segundo ele: “O horário de funcionamento dos postos é restrito e coincide com o período de trabalho de quem precisa se imunizar”.

Especialista em imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Lely Guzman aposta na orientação do funcionário que aplica vacinas para esclarecer boatos. “É ele quem deve passar as orientações sobre a eficácia das vacinas e os riscos das doenças, mas para isso é necessário que esteja munido de ferramentas corretas para a sua comunicação”, ressalta.
 
Promovendo o Valor das Imunizações 

Além de ter um estande no evento, Bio-Manguinhos participou ativamente do primeiro dia da programação científica com as mesas Promovendo o Valor das Imunizações. Na abertura, a coordenadora da Assessoria Clínica (Asclin), Maria de Lourdes Maia, destacou a dificuldade de gerenciar a imunização em um país continental. “O Brasil faz fronteira com dez países, cuja circulação dos povos é intensa. Foi assim que houve a reintrodução do sarampo no país. Precisamos criar um cinturão para proteger nossa população e enfrentar os desafios da distribuição, armazenamento e administração das vacinas”, destacou a coordenadora. 

A primeira mesa debateu sobre como vencer os desafios das baixas coberturas vacinais. Foram apresentados vídeos feitos pelos coordenadores estaduais de imunizações de diversas localidades, que mostravam a realidade de suas regiões e as estratégias utilizadas para combater este problema. “Os vídeos mostraram a realidade da ponta, como por exemplo os estados mais afetados pelo sarampo (Roraima e Amazonas), que falaram sobre esta experiência, de vacinar não só os brasileiros como também os venezuelanos”, apontou Maria de Lourdes que moderou a mesa. Participaram da discussão a então coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, a vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, e a assessora de vigilância em saúde de Belo Horizonte (MG), Cristina Lemos.

A segunda debateu o tema Somos responsáveis por garantir a segurança do usuário na sala de vacina?. A vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, mostrou a importância da capacitação dos profissionais da ponta para o sucesso das estratégias de vacinação; Patrícia Mouta (Asclin) destacou a segurança na sala de vacinação; Leticia Lignani (Asclin) falou da importância da farmacovigilância em vacinas; e Marco Alberto Medeiros (VDTEC) fechou mostrando como a rede de frio pode impactar na eficácia das vacinas.

A terceira mesa discutiu o valor da comunicação e a primeira palestra foi da pediatra Tania Cristina Petraglia, que explicou sobre a comunicação e a confiança entre os profissionais de saúde e pacientes. Sobre a importância de alimentar com dados recentes no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), foi convidada a mestre em Saúde Coletiva, Ana Rita Cardoso. Patrícia Mouta (Asclin) conversou com os participantes sobre as verdades e mitos sobre eventos adversos com vacinas, que assustam, pelo desconhecimento e podem impactar contribuindo para a queda das coberturas vacinais. E, por fim, Ricardo Machado coordenador de Comunicação da SBIm, explanou sobre comunicação eficiente e assertiva, mostrando como a população prefere se manter informado mais pelas redes sociais e novas tecnologias, portanto, precisamos incorporá-las no plano de comunicação.

A última mesa foi moderada por Beatriz Fialho, gerente do Bio-Ceará, e debateu sobre a Sociedade e Saúde no Século 21. Ressaltando o valor do ser humano foi ministrada pela pediatra Ivana Barreto. Responsabilidade da Sociedade/Participação popular foi apresentada por Rogena Weaver, mestre em Saúde Pública. E o assessor científico sênior de Bio-Manguinhos, Akira Homma, fechou a mesa debatendo sobre a Contribuição da Pesquisa Clínica para as imunizações, não só para o lançamento de novas vacinas como também na melhoria dos produtos já existentes.

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