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31/01/2011

Fiocruz Pernambuco coordena inquérito da esquistossomose


O Ministério da Saúde está promovendo um inquérito parasitológico nacional para conhecer a prevalência (número de casos novos e antigos) da esquistossomose no Brasil. O trabalho ocorre 30 anos após a realização do único inquérito feito até os dias atuais pelos pesquisadores Amilcar Barca Pellon e Isnard Teixeira, do então Ministério da Educação e Saúde. Na época, o estudo feito com estudantes de 7 a 14 anos de idade, de 11 estados brasileiros, revelou uma prevalência de 10% e os autores estimaram em 2 milhões o número total de casos. Hoje não é possível estimar esse número por que os municípios fazem os inquéritos sem se preocupar com a amostragem ou representatividade da prevalência, segundo a pesquisadora Constança Simões Barbosa, do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco). É ela quem coordena um novo estudo específico, dentro do inquérito, nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Minas Gerais. A pesquisa também identificará a prevalência de outras helmintoses no país e conta com a participação e o apoio das secretarias de Saúde estaduais e municipais.


 O quantitativo de alunos a participar do inquérito dependerá do número de escolas e estudantes existentes em cada localidade

O quantitativo de alunos a participar do inquérito dependerá do número de escolas e estudantes existentes em cada localidade


Na área desse estudo específico foi feita uma pesquisa piloto em Camaragibe, município da Região Metropolitana do Recife. O trabalho começou no final de outubro de 2010 e envolveu a participação de 820 estudantes com idade entre 7 e 14 anos, de 17 escolas públicas e particulares. Todos eles foram cadastrados e receberam, em sala de aula, informações sobre a doença (sintomas, prejuízos causados pela doença e transmissão) e orientações de como coletar a amostra de fezes a ser usada para o diagnóstico da esquistossomose e das outras helmintoses. O material está sendo analisado no laboratório do Serviço de Referência Regional em Esquistossomose (SRE) da Fiocruz Pernambuco.


Nas outras 28 cidades de Pernambuco e nos demais estados, o quantitativo de alunos a participar do inquérito dependerá do número de escolas e estudantes existentes em cada localidade. “Estamos entrando em contato com as secretarias de Saúde e de Educação de cada município para organizar o trabalho e iniciar a coleta logo após o início do ano letivo de 2011”, explica Constança. Nesses casos, o material coletado será analisado também nos laboratórios centrais (Lacen) de cada estado, que terão seus técnicos capacitados para a detecção dos parasitas pelo SRE. Em Pernambuco, a capacitação ocorreu em novembro.


De acordo com a coordenadora do inquérito, que deve durar, no mínimo, dois anos, crianças e adolescentes com resultado positivo para esquistossomose e outras helmintoses serão tratadas na rede municipal de saúde. Entre os infectados com o maior número de parasitas serão selecionados alguns deles para serem submetidos a outros exames. O objetivo é identificar a ocorrência de formas graves da esquistossomose, como a mieloradiculopatia, a hepatoesplenomegalia e a forma pulmonar da doença.


Esquistossomose


A esquistossomose, conhecida popularmente conhecida por barriga d’água, é transmitida pelo parasita Schistosoma mansoni e na sua forma grave pode matar. Os sintomas da esquistossomose são diarréia, febre, cólica, dores de cabeça, náusea, tontura, emagrecimento e hemorragia que causam vômitos e fezes escurecidas. O combate a esta doença passa necessariamente por medidas de saneamento básico.


Publicado em 28/1/2011.

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