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15/08/2015

Fiocruz pra Você 2015 imuniza e diverte crianças no Rio

Amanda de Sá, César Guerra Chevrand, Pamela Lang, Renata Moehlecke e Ricardo Valverde


Por mais um ano, a Fiocruz se tornou um dos principais postos de vacinação do Brasil durante o chamado “Dia D” (15/8), promovido pelo Ministério da Saúde (MS). Cerca de 1600 crianças foram vacinadas contra paralisia infantil, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, na 22ª edição do Fiocruz pra Você. No campus de Farmanguinhos, em Jacarepaguá, foram vacinadas mais 875 crianças contra a pólio.

O evento, que trouxe aproximadamente seis mil pessoas a Manguinhos, faz parte da campanha anual de vacinação contra Poliomielite do MS, que, em 2015, teve como tema o slogan “Você é o protetor do seu filho” e convocou os pais a atualizarem caderneta de vacinação de suas crianças. Para isso, também foram disponibilizadas, em todo o país, imunização contra a tuberculose, rotavírus, sarampo, rubéola, coqueluche, caxumba, varicela, meningites, febre amarela, hepatites, difteria, tétano, dentre outras, de acordo com a necessidade de cada criança.

Um ato dos trabalhadores da Fiocruz também marcou o início da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. Durante a manifestação, os servidores públicos, em greve, vestidos com camisas pretas, pediram mais respeito às carreiras da Fiocruz, reivindicaram um serviço público de qualidade e protestaram contra o ajuste fiscal e os cortes orçamentários do governo que prejudicam os trabalhadores.

"Precisamos atingir um bom percentual de cobertura para conseguirmos manter a conquista maravilhosa que foi a erradicação da doença no país", disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha (Fotos: Peter Ilicciev)
 

“A vacinação contra pólio é fundamental, pois significa a proteção das crianças e, consequentemente, da população. Precisamos atingir um bom percentual de cobertura para conseguirmos manter a conquista maravilhosa que foi a erradicação da doença no país”, afirmou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. Ele explicou que a doença ainda tem sido combatida em nove países no mundo, sendo importante para o Brasil manter esta campanha de vacinação para evitar uma nova ocorrência da poliomielite em território nacional. O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, também esteve presente na abertura do evento e aplicou a primeira gotinha do dia. “Hoje é dia de atualizar a caderneta de vacinação. A expectativa é de vacinarmos 300 mil crianças no Rio de Janeiro”, disse.

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, também esteve presente na abertura do evento e aplicou a primeira gotinha do dia
 

Gadelha falou ainda da importância das atividades oferecidas pela Fundação durante a festa da vacinação. “Está no sangue da Fiocruz a divulgação científica. Nossos pais fundadores, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, diziam que era fundamental passar a ciência adiante. Convidar a população a participar, interagir e compreender o que é ciência e ter consciência da saúde pública com atividades lúdicas é algo crucial para uma vida mais saudável, com qualidade, lazer e alegria”, comentou.

A festa da vacinação também contou com a presença de convidados ilustres, que comentaram a importância de tomar a vacina contra a paralisia infantil. “Tenho um tio que não tomou a vacina quando criança e teve paralisia em uma das pernas. Esse caso tão próximo fez eu perceber bem cedo a importância de uma campanha desse porte”, comentou a ex-jogadora de vôlei de praia e embaixadora do Esporte/Banco do Brasil, Sandra Pires. “Tenho muita admiração pela Fiocruz e pelo trabalho que a instituição realiza com as comunidades do entorno. É um orgulho para mim participar do Fiocruz pra Você”, destacou.

Gadelha agradeceu o apoio de Sandra Pires à campanha da Fiocruz e do Ministério da Saúde
 

O ator mirim Victorio Ghava, sete anos, que interpreta o pequeno Arão na novela Dez Mandamentos, contou que acha importante que as crianças participem e sejam vacinas. “É o segundo ano que venho ao Fiocruz pra Você”, disse. As atrizes mirins Alice Sigmaringa, cinco anos, e Milena Melo, 12 anos, que faz a novela a personagem Sofia na Sete Vidas, também estavam empolgadas com a festa. “É importante que as crianças tomem a vacina e cuidem de sua saúde”, afirmou Milena.

Estandes orientam e divulgam serviços para a população

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) esteve com vários estandes na feira orientando os visitantes e distribuindo materiais educativos sobre temas de saúde bucal, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e HIV/Aids e tabagismo. Um estande da Escola que teve destaque foi o do projeto Livro em Movimento. Há um ano e meio na Fiocruz, o projeto oferece troca e doação de livros. Uma vez por mês o Livro em Movimento se reúne na Ensp para oferecer livros gratuitos à população. As doações podem ser feitas a qualquer momento em postos de coleta localizados na Biblioteca de Saúde Pública da Ensp e no Prédio Anexo Joaquim Alberto Cardoso de Mello (antigo Torres Homem).

O estande da escovação foi um dos mais procurados por pais, mães e filhos que prestigiaram o evento
 

Também esteve presente na feira o projeto Terapia Comunitária. Serviço gratuito e aberto à população desde 2006, a Terapia Comunitária é uma reunião em grupo que tem a finalidade de aliviar o sofrimento, aumentar a autoestima de seus participantes e formar redes sociais solidárias. Nas rodas de conversa, que acontecem Centro de Saúde Escola (Ensp/Fiocruz) todas as segundas-feiras, às 9h30, procura-se partilhar experiências por meio da escuta das histórias ali relatadas, buscando soluções e superação dos desafios do cotidiano. A equipe é composta por terapeutas voluntários, psicólogos, médicos e assistentes sociais. Zoraide Silva de Assis, ex-paciente, afirma que o projeto realmente funciona. Há seis anos, ela descobriu as rodas de conversa: “cheguei com muitas questões complicadas. Tinha um marido alcóolatra. E lá encontrei muito acolhimento. Foram essas rodas de conversa que me deram força para largar meu marido, começar uma nova vida e criar meus filhos”, explica Zoraide. A ex-paciente, fascinada pela sua própria experiência de sucesso no grupo, fez um curso e hoje também atua como voluntária e terapeuta. “Poder ajudar as pessoas como eu fui ajudada é muito gratificante. Estou até pensando em fazer uma faculdade de Psicologia”, comemora Zoraide.

E você conhece o percevejo de cama? Muita gente nunca ouviu falar, mas esses percevejos (da família Cimicidae) podem ser encontrados em camas de hotel ou em sua mala de viagem e são um problema em diversas partes do mundo, como Austrália, Estados Unidos, países da Europa e Brasil. Teresa Cristina Monte Gonçalves, pesquisadora do Laboratório de Transmissores de Leishmanioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) esteve na feira orientando os visitantes sobre esses insetos, que se alimentam do sangue do homem e podem transmitir vírus, bactérias, fungos e protozoários. Os visitantes puderam ver os percevejos vivos no estande.

O IOC também recebeu muitos visitantes em seu estande sobre transmissores da leishmaniose visceral. Conhecido por mosquito palha, os insetos pequenos e de cor amarelada transmitem o protozoário responsável pela doença ao se alimentarem do sangue de outro animal ou do homem. “Normalmente, o mosquito palha é encontrado em área de mata, mas ele está em processo de urbanização e já pode visto no Rio de Janeiro, em bairros como Jacarepaguá”, afirma o pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica de Dipteros e Hemipteros, Wagner Alexandre Costa. No estande, além de material educativo e orientação sobre prevenção, os visitantes também puderam conferir o mosquito no microscópio.

Com o lema Bicho não é lixo, outro estande promoveu a conscientização de crianças e adultos sobre a importância de não abandonar cães e gatos em espaços públicos. Os cachorros e gatos disponíveis para adoção fizeram a alegria da garotada, que lotou o estande durante todo o dia. Os animais recolhidos ficam provisoriamente em abrigos na Vila Pinheiro e no Conjunto Esperança, vizinhos a Manguinhos. Todos os bichos em exposição foram adotados.

Ações e orientações sobre diabetes

Um dos estandes mais concorridos do Fiocruz pra Você foi o da Associação Carioca de Diabetes (ACD), pelo qual já haviam passado mais de 200 pessoas até as 14h. Todas interessadas em informações sobre a doença e em fazer os testes disponíveis no local. Duas equipes, formadas por 40 acadêmicos de enfermagem, se revezaram no estande, medindo a pressão dos visitantes e também fazendo testes de glicemia. E o grupo estava pronto a encaminhar para uma ambulância de plantão os casos mais graves, que precisassem de cuidados médicos urgentes – felizmente não ocorreu nenhum episódio do gênero.

Além da vacinação contra a pólio, especialistas também ofereceram orientação sobre outras doenças, como o diabetes
 

Para a representante da ACD no evento, Silvia Pertile, que coordenou o estande, a participação no Fiocruz pra Você é fundamental para orientar as pessoas que ainda não têm as informações necessárias para se cuidar. “Evidentemente, não fazemos um diagnóstico definitivo, que precisa ser realizado por um médico. Mas damos informações, fazemos testes e encaminhamos para um especialista”, afirmou Sandra. A equipe de voluntários também prestou esclarecimentos sobre a neuropatia diabética, que não tem cura e afeta a visão, os rins e os pés. “Nesse caso é necessário fazer um teste de sensibilidade dos pés e uma investigação mais profunda”, disse.

As pessoas que fizeram os testes eram informadas que os índices universalmente aceitos de glicemia vão de 70 a 99 mg/dl (no caso de indivíduos em jejum) e 70 a 140 mg/dl (sem jejum). Quem apresentou números acima desses valores refazia os testes, para que houvesse a certeza se era algo passageiro ou não.  Sandra disse que a ACD fez um trabalho em escolas que atingiu cerca de 110 mil crianças de 7 a 11 anos. Esses estudantes replicaram o que aprenderam sobre diabetes para seus responsáveis, ampliando bastante o conhecimento sobre a doença.

Outra ação do estande foi a de distribuir duas cartilhas. Uma se chama Diabetes: doces gotas do saber e a outra Diabético: dê um passo a favor da sua saúde. Aprenda a cuidar dos seus pés. “Elas são bem didáticas, numa linguagem acessível e dão dicas sobre como controlar o nível de glicose, por meio de alimentação, exercícios físicos e monitoramento, alertam sobre sintomas, explicam o que é e como age a enfermidade e listam cuidados que devem ser tomados com os pés das pessoas diabéticas”, informou a representante da ACD.

A Diretoria de Administração do Campus (Dirac/Fiocruz) montou um estande para apresentar aos visitantes o trabalho que é feito na produção de terra adubada, usada nos jardins da Fundação. De acordo com o supervisor de Jardinagem da Fiocruz, Luisio Faceiro, todo o lixo de varrição (galhos, folhas, material orgânico de podas etc) é levado para uma usina de compostagem. Durante três meses esse material fica exposto a ventos, chuvas e todos os efeitos do clima. Ao final deste período, se transforma em composto orgânico, que é usado nos espaços de jardinagem.

“E esse processo significa uma dupla economia para a Fiocruz, já que antes a instituição pagava a uma empresa, que jogava fora o lixo de varrição, e comprava de outra a terra adubada. Com o projeto, passamos a aproveitar o lixo e a fazer dele terra adubada”, comentou Faceiro. A cada mês, oito toneladas de terra são produzidas. E esse material também serve para a produção da mudas – cerca de 13 mil – a cada 30 dias.

Todas as fases do processo, da varrição à produção do adubo, foram apresentadas no estande. Os adultos ganharam mudas e compostos adubados e as crianças conheceram o processo de reciclagem por meio de brincadeiras. Elas também foram presenteadas com brindes como livros de colorir e lápis de cera. Até o meio da tarde, cerca de 400 mudas e 500 sacos de compostos foram entregues aos visitantes, segundo a educadora ambiental Thays Carvalho.

Ambiente e saúde: uma relação inevitável

Arte, diversão e sustentabilidade estiveram espalhadas pelo Parque da Ciência no Fiocruz Pra Você 2015. A ideia dos estandes presentes no espaço era reconhecer o ambiente em que vivemos como um importante e indissociável determinante para a saúde e bem-estar da população.

Crianças e adolescentes também se divertiram com uma roda de capoeira no campus de Manguinhos
 

O projeto social da Fiocruz Espaço Casa Viva esteve representado no evento por meio da oficina Portinari, com iniciação às técnicas de pintura e produção de telas, e da Biblioteca Casa Viva, incentivando crianças e jovens a ler e redigir histórias, poemas e contos. A iniciativa Espaço Casa Viva atua desde 2003 no bairro de Manguinhos com crianças, adolescentes e adultos através de ações educativas de cultura e cidadania como uma alternativa ao ambiente violento oferecido aos moradores de favelas cariocas.

Analisando ainda as relações do meio em que vivemos com a saúde, o estande do Laboratório de Biologia das Interações (LBI/IOC) trouxe uma experiência proveitosa para a preservação da natureza e para o bolso dos visitantes. O experimento consistiu em analisar lâmpadas fluorescentes, incandescentes e de LED, e compará-las a fim de mostrar qual alternativa é mais econômica, sustentável e eficiente.

“A questão é: qual lâmpada você compraria pra sua casa? Com essa análise permitimos observar nas lâmpadas uma relação entre produção de energia e desperdício. A de LED, conforme mostra a experiência, consome menos energia, tem a mesma luminosidade das outras, tem menor custo na conta e gera menos lixo, uma vez que em tempo de vida útil ela possui durabilidade de 30 mil horas, número que se mostra muito superior em comparação às outras lâmpadas.”, explicou Danielle Grynszpan, coordenadora do projeto ABC na Educação Científica – mão na massa.

Segundo Danielle, o experimento é muito pertinente ao momento atual onde se discute a questão de custo da energia e da falta dela. “Essa experiência, como todas que trabalhamos no projeto, é voltada a questões do cotidiano. A partir destes resultados, sugerimos uma atenção à luz solar como uma boa solução para a discussão sobre energia no nosso país, que praticamente tem sol o ano inteiro. Esta alternativa apresenta um menor desperdício de energia e menor produção de lixo. A ideia com todas essas observações é mostrar como os visitantes podem usar melhor seu dinheiro em prol do ambiente e da saúde.”

Se gerar menos lixo é uma preocupação do experimento, a sessão de cinema do Museu da Vida destacou uma conhecida alternativa sobre como cuidar dos resíduos que produzimos: a reciclagem. A animação “Tá limpo”, apresentada no caminhão do Ciência Móvel, tratou os perigos que o lixo descartado incorretamente pode acarretar à saúde da população e ao meio ambiente, e de que forma a reciclagem pode ser uma alternativa lucrativa e de conscientização no cuidado à natureza a partir do reaproveitamento de embalagens que utilizamos diariamente.

Famílias participam da festa em Manguinhos

O militar Arthur Silva e sua mulher Rana chegaram cedo ao campus da Fundação Oswaldo Cruz em Manguinhos para participar do evento. Moradores da comunidade Embratel, vizinha à Fiocruz, eles trouxeram as filhas Pérola, de um ano e quatro meses, que tomou a gotinha, e Vitória, de seis anos, que estava curiosa para conhecer todos os estandes. “É a primeira vez que nós viemos e estou achando excelente. É um ótimo ambiente para trazer a família, se divertir e aprender dicas de saúde”, afirmou Arthur.

Moradora da Comunidade Agrícola de Higienópolis, em Manguinhos, Gilmara Pereira da Silva também visitou o Fiocruz para Você pela primeira vez, acompanhada dos filhos Ísis, de quatro anos, e Igor, de dez. Além de imunizar a filha, que tomou a gotinha, Gilmara também aprendeu como escovar corretamente os dentes da Ísis, na barraca da escovação, enquanto Igor se divertia com os estandes de insetos. “Eu gostei muito do evento e já estou até arrependida. Devia ter trazido as crianças aqui há mais tempo”, disse Gilmara.

Concentrado nos seus desenhos, o pequeno Nicolas de três anos só largava o pincel para chupar o pirulito. Neto de Luciene Ferreira da Silva, que trabalha na área de Contabilidade da Diretoria de Administração (Dirad) da Fiocruz, Nicolas abriu um sorriso para falar que adorou o Zé Gotinha. Acostumada a participar do Fiocruz para Você sempre como voluntária, Luciene este ano deixou sua casa em Caxias para se divertir com o neto em Manguinhos. “A gente que trabalha aqui sabe como esse evento é importante”, destacou.

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