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19/11/2009

Fiocruz promove atividades para ensino sobre a dengue no campus de Manguinhos

Renata Moehlecke


Estão abertas, até dia 27 de novembro, as inscrições para o Curso de Mobilização Contra a Dengue, que será promovido em dezembro pela Rede de Ações Integradas de Atenção à Saúde no Controle da Dengue ou Rede Dengue Fiocruz. Voltado para moradores das comunidades de Manguinhos maiores de 18 anos e para agentes de endemias, o curso é mais uma das ações realizadas por participantes do Programa de Controle da Dengue em Manguinhos (PCDM), que visa a educação e prevenção para o combate à dengue.


A Rede Dengue Fiocruz também fomentou, em outubro, outra atividade para conscientização em relação à doença. Trata-se da oficina Os Pequenos Mosquiteiros, na qual, durante cinco dias, pesquisadores de diferentes unidades da Fiocruz, bolsistas e voluntários, todos componentes do PCDM, em parceria com o Núcleo de Apoio às Pesquisas em Vetores (Napve), a União Ativista Defensora do Meio Ambiente (Uadema) e a RedeCCAP, reuniram 40 crianças e adolescentes, de oito a 15 anos, moradoras de comunidades de Manguinhos, para participarem de jogos interativos sobre a dengue. O objetivo era aumentar o conhecimento sobre a biologia e a ecologia do Aedes aegypti, a fim intensificar o monitoramento e o controle do mosquito.


 As atividades de conscientização sobre a dengue reuniram 40 crianças e adolescentes, de oito a 15 anos. Fotos: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

As atividades de conscientização sobre a dengue reuniram 40 crianças e adolescentes, de oito a 15 anos. Fotos: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz


“A principal intenção dessa oficina é instruir as crianças sobre o mosquito e sobre a doença, multiplicando a informação necessária para o enfrentamento da dengue nas comunidades de Manguinhos”, comenta a responsável pelo projeto, Nildimar Honório, pesquisadora do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). “Curiosas e alegres, as crianças participam com empolgação dos jogos e, encantadas com as descobertas, fazem diversas perguntas, adquirindo importantes conhecimentos que passarão mais tarde para os pais e amigos”. As crianças foram convidadas a participar do projeto, bem acolhido na comunidade, com a ajuda de voluntários moradores de Manguinhos e com o imprescindível apoio do Espaço Casa Viva da RedeCCAP, que reforçou a participação com alunos de suas diversas oficinas de pintura, música e reforço na aprendizagem escolar. O Espaço Casa Viva visa promover ações voltadas para educação, cultura e cidadania de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social no complexo de favelas de Manguinhos.


 Nildimar Honório, responsável pelo projeto 

Nildimar Honório, responsável pelo projeto 


Primeiramente, as crianças assistiram ao filme O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti – para combatê-lo é preciso conhecê-lo. Premiada no Festival de Cinema e Vídeo Científico MIF-Sciences 2006, em Havana (Cuba), a obra foi produzida por Genilton Vieira, pesquisador do IOC, e traz imagens reais das diversas fases de transformação do vetor: o ovo, a fase larvária, a diferenciação entre larva e pupa e a emergência do mosquito adulto. Além disso, ela mostra imagens digitalizadas e que exemplificam o processo de cópula e postura de ovos pela fêmea do inseto. A apresentação foi seguida de uma conversa com o jovem público na qual suas dúvidas eram esclarecidas e mais dados sobre a história do vetor e da dengue eram fornecidos.


"Procuramos fazer com que as crianças compreendessem mais do que o básico sobre o ciclo da doença e sobre o mosquito, introduzindo conceitos científicos tais como noção de hematofagia, que é um parâmetro epidemiológico importante na dengue", comenta Nildimar. Logo após, os jovens participaram de oficinas lúdicas com material produzido pelo Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos (Liteb) do IOC. Durante a atividade, os participantes foram convidados a preencher um caça-palavras sobre a dengue, abrangendo termos relacionados aos sintomas da enfermidade, à ecologia do vetor e à prevenção. Além disso, os mais novos também montaram um quebra-cabeça com a imagem da fêmea do mosquito para fixar ainda mais a sua identificação e morfologia.


“Com esses jogos, foi possível testar se o conhecimento está sendo passado para esse público da maneira correta, sanando ainda mais as dúvidas que eles pudessem ter”, diz Nildimar. Ela acrescenta que os próprios pesquisadores também ganham com a experiência. “Além de ser gratificante para nós auxiliar essas crianças, pudemos perceber como as informações estão sendo por elas apreendidas, o que nos ajuda a pensar outras estratégias para aumentar ainda mais o monitoramento e o controle do mosquito e, consequentemente, da dengue, que é um grave problema de saúde pública no Brasil”. 


Os jovens também participaram de outra atividade: um jogo no computador, com 21 questões em três níveis de dificuldade, que testava e reiterava as informações adquiridas sobre o Aedes aegypti e a dengue. Os jovens, em qualquer momento do jogo, poderiam consultar cartas de auxílio ao jogador. A carta “consultar livros” possibilitava ao jogador responder a uma determinada questão fazendo a leitura e a interpretação de um pequeno texto referente àquela pergunta. O jogo foi formulado por Leandro Layter, aluno de mestrado do programa em ensino de biociências e saúde do IOC, orientado por Rosane Meirelles, do Liteb. “As questões servem como um parâmetro para sabermos o que precisamos modificar em termos de ensino”, afirma Layter. “A experiência desse jogo com as crianças está sendo positiva e, futuramente, podemos até propor o uso dessa fórmula, por exemplo, em colégios estaduais, mas também por qualquer pessoa que tenha acesso à internet, uma vez que o jogo está online”.     


 O jogo de computador sobre a dengue foi um dos destaques da programação 

 O jogo de computador sobre a dengue foi um dos destaques da programação 


Além da participação nos jogos, as crianças visitaram, no horto da Fiocruz, a exposição A bicharada, na qual puderam entender a importância dos insetos, de animais como a tartaruga e da cadeia alimentar na natureza. Os espécimes expostos fazem parte da coleção pessoal de Alexandre Cardoso, que concluiu recentemente especialização em entomologia médica no IOC. “Coleciono insetos desde pequeno e vi que era importante mostrar para as pessoas, principalmente para as crianças, essa multiplicidade de seres que, muitas vezes, são difíceis de encontrar no próprio cotidiano ou em museus”, destaca Cardoso. “No mais, as crianças, consequentemente, entendem a importância de preservar o meio ambiente e, entusiasmadas, podem multiplicar as informações com muita facilidade”.


 Crianças descobrem a coleção de insetos 

Crianças descobrem a coleção de insetos 


Ao final das atividades, cada jovem levou para casa, por doação da Diretoria de Administração do Campus (Dirac/Fiocruz) e de funcionários do horto, uma muda da planta popularmente conhecida como palmeirinha. “Essa mudinha também faz com que as crianças aprendam a prestar mais atenção às plantas, à sua importância e ao modo de cuidá-las”, aponta a coordenadora Nildimar. “Nosso próximo passo agora é levar essas atividades para dentro da comunidade e elevar ainda mais o número de pessoas informadas sobre a dengue e o mosquito vetor da doença”, comenta Nildimar, que coordenará também o Curso de Mobilização Contra a Dengue, em dezembro.


As inscrições para o Curso de Mobilização Contra a Dengue podem ser realizadas, das 10h às 16h, no Espaço Casa Viva (Rua Capitão Bragança, 142) ou na Uadema/Napve (Rua Leopoldo Bulhões, 1480). O curso será realizado nos dias 8, 9 e 10 de dezembro, das 13h às 16h30, na sala 410 da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), e nos dias 15, 16 e 17, no mesmo horário, na sala 110 da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Mais informações pelos telefones (21) 2209-2191 (Napve) e (21) 3869-8330 (Espaço Casa Viva).


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Publicado em 19/11/2009.

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