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03/08/2012

Fiocruz promove debate sobre oportunidades e desafios da ciência

Danielle Monteiro


A Fiocruz promoveu na manhã desta sexta-feira (3/8), no auditório do Museu da Vida, o seminário Ciência e tecnologia, saúde e sociedade: o papel da Fiocruz na política de C&T. A palestra foi ministrada pelo presidente do CNPq, Glaucius Oliva, que, durante o encontro, discorreu sobre os desafios e oportunidades para o futuro da ciência brasileira. Também participaram da mesa o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e a vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação, Claude Pirmez.


 Oliva: “Nosso número de pesquisadores ainda está muito abaixo da média internacional”

Oliva: “Nosso número de pesquisadores ainda está muito abaixo da média internacional”





Ao abrir a palestra, Oliva destacou o importante papel da Fiocruz no campo da ciência e tecnologia. “No cenário científico nacional, são poucos os que têm sobre um mesmo guarda-chuva todas as etapas necessárias que permitem fazer ciência de ótima qualidade como a Fiocruz”, enfatizou. Ele ainda ressaltou o momento positivo na área de C&T vivenciado pelo Brasil, que atualmente lidera 60% da produção científica na América Latina e conta com infraestrutura de excelência, recursos humanos qualificados e produção crescente em todas as regiões e áreas de conhecimento. “A produção científica nacional aumenta, há três décadas, mais que a do restante do planeta, atingindo 2,7% da produção de todo novo conhecimento novo no mundo”, disse.



Somente em 2010, foram contabilizados 27.523 grupos de pesquisa nacionais, 40 mil mestres e 12 mil doutores, aproximadamente 2,8 milhões de currículos registrados na plataforma Lattes e 6,4 milhões de matrículas no ensino superior. “O aumento de matriculados no Brasil se deve à expansão da rede pública com o programa do Pré-Uni, que fez crescer os campi de faculdades e buscou a interiorização do ensino, além do programa Prouni (Universidade para Todos), que facilitou o ingresso de estudantes da rede pública em instituições de ensino superior privadas”, explicou. Porém, o crescimento da ingressão de estudantes no ensino superior, segundo ele, faz surgir um novo desafio. “Agora temos que conseguir recursos para apoiar esses jovens doutores”, disse.



O maior entrave para um desenvolvimento mais amplo da ciência nacional, para ele, é a qualidade insatisfatória do ensino médio e o baixo ingresso de estudantes nesse estágio da educação escolar. “O ensino médio não dá qualificação para que as crianças cheguem ao ensino superior”, atentou. Oliva ainda chamou atenção para a deficiência na balança comercial em setores críticos como o farmacêutico, químico, de máquinas e equipamentos e no complexo industrial da saúde. “Todos esses setores têm apresentado declínio no mesmo período em que o investimento em tecnologia no país cresceu”, alertou. O número de patentes registradas por milhão de habitantes, assim como o número de pesquisadores e o investimento privado em pesquisa e desenvolvimento também apresentaram redução no Brasil. “Nosso número de pesquisadores ainda está muito abaixo da média internacional”, advertiu.



Outro problema, segundo ele, é a falta de investimento em inovação nas empresas, que não empregam o número suficiente de doutores. “Menos de 5% dos doutores está em empresas, a maioria está na área da educação. Em contrapartida, nos Estados Unidos, essa ordem é de 40%”, afirmou. Como caminho para um país mais rico e desenvolvido no campo da ciência, Oliva propõe, antes de tudo, a inovação, além do investimento na educação básica, a atração de talentos para a ciência, a qualificação de pessoal para a inovação nas empresas, além do incentivo à sociedade quanto ao valor e importância da ciência. O CNPq concedeu, somente em 2011, 10 mil bolsas de mestrado, 11 mil de doutorado e 2 mil em pós-doutorado. Ao total, foram 16 mil bolsas concedidas em produtividade em pesquisa.



Na ocasião, Claude Pirmez destacou as principais atividades da Fiocruz em C&T e a importância da parceria com o CNPq. “Para que todas essas ações no campo de C&T sejam possíveis, não só contamos com um orçamento da própria Fiocruz, mas também com muita atuação dos pesquisadores para a captação de recursos externos. Nesse sentido, o CNPq tem papel muito significativo”, disse. Ainda em referência à parceria entre as duas instituições, ela destacou o Programa Estratégico de Apoio à Pesquisa em Saúde (Papes). “Recebemos recentemente 360 propostas de projetos e foi muito difícil selecioná-los, pois eram todos de excelente qualidade”, declarou. Pirmez também falou durante o encontro sobre alguns dos desafios em C&T na Fiocruz. “Nosso maior desafio, no momento, é integrar comunicação, ambulatórios, centros de saúde, coleções, formação de RH e vigilância ambulatória e sanitária”, concluiu.


Publicado em 3/8/2012.

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