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29/06/2010

Fiocruz promove evento de integração de ações em saúde entre Américas


A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) sediou esta semana o seminário internacional Aportes interculturais e interprofissionais em promoção da saúde: um diálogo norte e sul-americano no contexto dos Territórios Integrados de Ações em Saúde (Teias). O evento, promovido pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção de Saúde da Fiocruz, visou aproximar pesquisadores da instituição e de universidades brasileiras e norte-americanas, a fim de estabelecer um sistema de troca de experiências a longo prazo, com base, a princípio, em temas de interesses comuns, como territórios de ações integradas em saúde, metodologias participatórias e de base comunitária, atenção primária e cuidados centrados na família.


 Crianças brincam em Manguinhos, onde serão implantados os Territórios Integrados de Ações em Saúde

Crianças brincam em Manguinhos, onde serão implantados os Territórios Integrados de Ações em Saúde


“O principal objetivo do seminário é levantar as expectativas de profissionais, pesquisadores, professores e alunos das instituições envolvidas sobre os diversos temas a serem trabalhados. Elas servirão como base, a partir de 2011, para o desenvolvimento de ações integradas de saúde em determinados territórios, como por exemplo, Manguinhos bairro onde está a Fiocruz, e, desta forma, estabelecer efetivos processos de intercâmbio de professores/pesquisadores e alunos das instituições envolvidas”, explica Annibal C. de Amorim, assessor da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção de Saúde. Dentre as instituições norte-americanas convidadas, estão a Universidade Stony Brook (Nova York), a Universidade do Novo México, além da Organização Nacional para a Prática de Antropologia – Terapeutas Ocupacionais (Napa-OT).


Segundo Amorim, a Napa-OT tem, atualmente, cerca de 12 mil associados, profissionais que podem se interessar pelos projetos de intercâmbio que irão se estabelecer com a Fiocruz a partir do próximo ano. “Esperamos também que a visita à Fundação favoreça acordos nos quais a Fiocruz sirva de campo de estudos para esses profissionais”, comenta o assessor. “Como os Estados Unidos está passando por uma reforma no sistema de saúde, o compartilhamento de práticas voltadas, por exemplo, para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde, poderia fortalecer os participantes nestes dois universos culturais”.


Na abertura do seminário, o representante do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris) da Fiocruz, Henry Jouval Junior, teceu algumas considerações sobre cooperações internacionais em saúde. “Recentemente, a saúde se tornou uma questão global e passou a não ser pensada somente na dimensão local ou nacional. Houve um deslocamento de políticas internacionais bilaterais, ou seja, entre nações, para articulações entre blocos regionais”, afirmou Jouval. “É impossível agora falar de políticas de saúde sem abordar questões como equidade e integralidade, mas, principalmente, universalidade”.


A primeira mesa-redonda do evento foi composta por quatro representantes das instituições estrangeiras. A antropóloga Gelya Frank, da Napa-OT, abordou seu trabalho de terapia ocupacional com pessoas que tem deficiências físicas. “Espero que esse seja o início de uma longa conversa, pois nós temos questões e vocês podem ter as respostas, e vice-versa”, destacou Gelya em sua palestra. A antropóloga Nancy Furlong, da Universidade do Novo México, deu continuidade ao debate apresentando o trabalho desenvolvido na instituição com mulheres e crianças que necessitam de cuidados especiais em saúde. “Observei que o Instituto Fernandes Figueira da Fiocruz emprega práticas semelhantes às realizadas na universidade em que trabalho, o que não ocorre em outros estados dos EUA. É bom saber que não somos os únicos que pensam assim”, apontou a pesquisadora.


A pesquisadora Pamela Block, da Universidade Stony Brook, palestrou sobre seu projeto realizado com autistas e pessoas que possuem deficiências mentais. “Sabemos o quanto é importante pesquisas que tenham como base uma comunidade específica, o que sei que é realizado aqui na Fiocruz, e o quanto podemos apreender uns com os outros trocando informações”, disse Pamela. A antropóloga Annette Leibing, da Universidade de Montreal, fechou a mesa explicando como é seu trabalho sobre envelhecimento e células-tronco. “A Universidade de Montreal está aberta para receber brasileiros que tenham interesse e suas contribuições”, destacou a pesquisadora.


O evento contou com mais duas mesas-redondas, uma formada por pesquisadores de outras instituições nacionais convidadas para participar do seminário – as universidades de São Paulo (USP), do Triângulo Mineiro (UFTM), Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – e outra por pesquisadores de diversas unidades da Fiocruz Na segunda-feira (21/6), os representantes das instituições norte-americanas visitaram várias unidades da Fiocruz, a fim de conhecer melhor o trabalho realizado pela Fundação. Segundo o assessor Amorim, pretende-se ainda que, a partir das apresentações realizadas no evento, os pesquisadores participantes elaborem artigos a serem publicados futuramente em um relatório, iniciando, dessa forma, a concretização dos esforços conjuntos originados no seminário.


Publicado em 24/6/2010.

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