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31/08/2012

Fiocruz reúne coordenadores de programas de mestrado profissional

Danielle Monteiro e Renata Moehlecke


Com o intuito de trocar experiências, identificar e propor novas diretrizes e discutir soluções para atuais desafios com vistas a melhorias no campo da formação acadêmica dos profissionais em saúde, a Fiocruz promoveu na quarta-feira (29/8) o 1º Encontro dos Coordenadores de Mestrados Profissionais da Fundação. Na abertura do evento, ocorrido no auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), estiveram presentes a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Lima, o diretor do INCQS, Eduardo Leal, o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Antonio Ivo de Carvalho, e o diretor de avaliação do órgão regulador da oferta de programas de mestrado profissional, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Lívio Amaral.


 Os coordenadores de mestrados profissionais da Fundação

Os coordenadores de mestrados profissionais da Fundação





Ao abrir o evento, Nísia Lima disse que o encontro é fruto da necessidade de se criar um espaço interno de discussão compartilhada no campo de mestrado profissional, uma modalidade acadêmica criada recentemente para formar profissionais para atuar em pesquisa e desenvolvimento no setor produtivo e de serviços. “A Fiocruz foi uma das primeiras instituições a abraçar essa modalidade de formação na área de saúde coletiva. Esse encontro vai nos ajudar a compartilhar experiências, aprender com elas e pensar em ações integradas”, afirmou.  O diretor Eduardo Leal também destacou a importância do evento para a integração das iniciativas de todas as unidades da Fundação com oferta de mestrado profissional. “Com esse encontro esperamos contribuir, no campo de vigilância sanitária, com os laboratórios de saúde pública e, assim, com a formação dos profissionais atuantes na área”, disse. Segundo o diretor Antonio Ivo, o mestrado profissional tem proporcionado a Ensp/Fiocruz um enorme aprendizado no campo de formação acadêmica. “A Fiocruz está dando um grande salto ao buscar essa integração interna. Vamos reunir e potencializar todas as experiências compartilhadas nesse encontro”, declarou.



O professor Lívio Amaral apresentou aos participantes um pouco da estrutura da Capes e os dados mais recentes na área de pós-graduação. A oferta de bolsas de estudo em todos os níveis no país, segundo ele, cresceu em 136,3% entre 2004 e 2011 e somente no ano passado foram concedidas 65,8 mil bolsas, que tiveram financiamento da Capes na ordem de R$ 1,43 bilhão. Na área de pós-doutorado, a instituição concedeu 3,58 mil bolsas de estudo no Brasil. O país atualmente ocupa a 13ª posição no ranking da produção mundial científica mundial e é o que mais cresce em toda a América Latina. A oferta de cursos em mestrado profissional também aumenta a cada ano. Em 2011, foram contabilizados 363 cursos oferecidos na área no país. Segundo o professor, o número de matriculados na área de pós-graduação em instituições públicas é maior do que em universidades privadas, e, embora tenha aumentado nos últimos anos, não tem apresentado crescimento significativo. Amaral ainda trouxe à tona o que, segundo ele, é um dos maiores desafios na área de educação no país: o baixo número de estudantes ingressos na pós-graduação. Somente 50% dos alunos que concluem o ensino médio ingressam na universidade e apenas 15% faz pós-graduação. “No futuro, teremos infinitos cursos de pós-graduação, os quais crescem a cada ano, porém, teremos pouquíssimos estudantes que neles ingressam. Com isso, esse grau acadêmico pode virar uma espécie em extinção”, alertou.



No evento, também estiveram presentes os coordenadores dos grupos de trabalho da Capes, responsáveis pela avaliação dos cursos de mestrado profissional oferecidos pelas instituições nas diversas áreas de atuação. Pedro Geraldo Pascutti, coordenador da área interdisciplinar, Rita de Cassia Barrada, do campo de saúde coletiva, Leda Vieira, do setor de ciências biológicas 2, e Carlos Frederico Graeff, da área de materiais, mostraram aos participantes os critérios e quesitos aplicados na avaliação da modalidade acadêmica. Como sugestões de novos itens de avaliação, foi proposta a integração do pesquisador ou responsável da empresa, participante do trabalho de dissertação/tese do aluno, na banca, além de uma declaração das empresas sobre o impacto do programa de pós-graduação em suas atividades e a oferta de mestrado profissional da Fiocruz no campo de biotérios, locais onde ficam os animais de laboratório.


A experiência dos mestrados profissionais na Fundação


A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade, retomou as apresentações do evento na parte da tarde abordando a evolução do mestrado profissional no âmbito da Fundação. Nísia exibiu um panorama dos cursos de pós-graduação profissional da Fiocruz que teve início na criação do primeiro programa em 2002 na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), na modalidade saúde pública, até a inauguração dos dois mais recentes, no ano de 2011, em pesquisa clínica no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) e em Saúde da Família, na Fiocruz Ceará. Segundo Nísia, dos atuais 32 programas de pós-graduação da Fiocruz, 11 são mestrados profissionais e, até o momento, mais de 630 dissertações já foram concluídas. “É importante pensar em uma forma de integração dos programas acadêmicos e profissionais não apenas como uma política genérica, mas como uma forma de aprendizado com base em de trocas concretas de experiências”, afirmou a vice-presidente.


Em seguida, Sérgio Pacheco, coordenador do mestrado profissional em Saúde Pública da Ensp/Fiocruz abordou a situação atual de regulação e avaliação dos mestrados profissionais em saúde coletiva. Pacheco chamou atenção para os desafios enfrentados na modalidade profissional, já que esses mestrados ainda são vistos com certa desconfiança. “O diferencial dos mestrados profissionais reside no fato de que as questões trabalhadas geram soluções a serem aplicadas de forma concreta no local de trabalho”, explicou o coordenador. Para ele, a regulação desses cursos deve levar em consideração a ideia de que as normas dos mestrados acadêmicos muitas vezes não se aplica aos profissionais e que conceitos como flexibilidade e criatividade no manejo dos problemas ou na implementação das soluções são extremamente importantes. No relato de sua experiência pessoal como coordenador, ele expôs que na Ensp/Fiocruz, agora em 2012, foi formada uma comissão para reestruturação das atividades dos mestrados profissionais com a finalidade de alavancar a construção de um conjunto de regras de regulação e avaliação específicas.


Para encerrar as apresentações do dia, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, apontou que, devido ao seu cunho mais prático, os trabalhos desenvolvidos nos mestrados profissionais da Fundação podem gerar referências a serem absorvidas na formulação de políticas públicas, construindo nova cultura e visão no campo de gestão e melhorias na interface com o SUS. Em sua experiência pessoal, Gadelha afirmou ter observado que o efeito do processo de formação que o mestrado na modalidade profissional oferece é gratificante. “Funcionários da Fiocruz que nunca tinham pensado em fazer um mestrado strictu sensu, com os mestrados profissionais, ganharam a oportunidade de trabalhar conceitos e referências que enriqueceram e valorizaram seu trabalho, além de, muitas vezes, descobrirem uma vocação também para a área de pesquisa”, concluiu.


Publicado em 30/8/2012.

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