03/05/2017
O que as borboletas podem revelar sobre a evolução do meio ambiente? Quais são os vírus mais ameaçadores para os seres humanos? Que impactos os computadores podem trazer para a ciência e para a vida cotidiana? As mais de 50 produções audiovisuais exibidas durante o I FIOCine, mostra de filmes científicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), responderam a essas e outras perguntas inquietantes. O evento, que teve início no dia 20 e prosseguiu entre os dias 24 e 28 de abril, foi realizado na sede da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro.
Na abertura da mostra, o diretor do IOC/Fiocruz, Wilson Savino, ressaltou que a realização do evento era um desejo antigo. “A partir da exibição de filmes dos mais variados setores da ciência, o evento refletiu a liberdade de caminhar dentro da ciência e para fora dela. Espero que a iniciativa, que começou dentro do IOC/Fiocruz, se torne perene e passe a ser uma ação que se prolongue pelas décadas”, destacou Savino. Já o chefe do Setor de Produção e Tratamento de Imagens do IOC/Fiocruz, Genilton José Vieira, organizador do evento, comentou sobre a dificuldade de produzir documentários científicos. “É um sonho realizado ver uma iniciativa pensada há tanto tempo concretizada”, destacou. Também participaram da mesa, o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Mario Santos Moreira, representando a Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima e o presidente da Associação Espanhola de Cinema e Imagem Científicos (Asecic), Francisco García García.
Uma homenagem ao pesquisador Leopoldo de Meis (1938-2014) marcou o início das atividades. Além de suas contribuições para a pesquisa brasileira, ele trabalhou com afinco em prol de estratégias de divulgação científica. “De Meis foi um pioneiro de vocação científica em um modelo de transformação social. O pioneirismo do Leopoldo é marcado em suas produções e transcende completamente os limites daquilo que a gente chama de ciência de uma forma circunscrita e vai pra vida”, afirmou Wilson Savino, em relato sobre o cientista. Acompanharam a homenagem uma das filhas de Leopoldo, a pesquisadora Juliana de Meis, do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC/Fiocruz, a professora Vivian Rumjanek, esposa do cientista, e familiares. “Eu poderia defini-lo em três palavras: observador, artista e pai. Como todo cientista, ele era um observador, porém, mais do que isso, um observador da vida. Ele tinha o olhar voltado para a necessidade humana. Era um artista, que estava interpretando o tempo todo, fazendo caras e bocas e criando histórias. Um pai maravilhoso que nos ensinou a conquistar as coisas por nossos próprios esforços”, ressaltou Juliana. No primeiro dia da mostra foram exibidos os documentários A Explosão do Saber, Luz, Trevas e o Método Científico e A Contração Muscular, dirigidos por Leopoldo de Meis.
Entre os destaques da mostra, discussões contemporâneas, como a preservação do meio ambiente, mudanças climáticas e tecnologia. Os impactos dos computadores de alto desempenho para a ciência e a vida cotidiana foram tema do documentário Supercomputação (dir. Fernando Cucchietti, 2014). A obra retrata o desenvolvimento de pesquisas em diferentes áreas, como a dinâmica molecular aplicada à compreensão do câncer, e o estudo de corpos celestes que resultam da explosão de estrelas, as supernovas.
Curiosidades e belíssimas imagens também chamaram a atenção de quem passou pelo auditório Emmanuel Dias transformado em uma sala de cinema. A série Descobrindo o Comportamento Animal, dirigida pelo cineasta espanhol Alberto José Redondo Villa, apresentou temas exóticos como espécies de formigas que escravizam outras, aranhas tarântulas que praticam o canibalismo e ratos silvestres que se adaptaram para evitar riscos ao procurar alimento. Outra face do mundo dos invertebrados foi revelada a partir das lentes do cineasta Luis Juan Gonzáles Paterna. Em Micromater (2008), imagens inéditas mostram como pequenos insetos são criativos ao desenvolver estratégias para proteger seus filhotes.