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23/08/2012

Fiocruz recebe missão internacional da rede Globelics

Ricardo Valverde


A Fiocruz recebeu nesta quinta-feira (23/8) a visita de uma missão internacional formada por pesquisadores e acadêmicos da Global Network for the Economics of Learning, Innovation and Competence Building Systems (Globelics). A rede, coordenada no Brasil pelo professor José Eduardo Cassiolato, do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, e que pela primeira vez se reúne fora da Europa, está na vanguarda da pesquisa em inovação e tem como característica estudar o desenvolvimento como um processo sistêmico, a partir de diferentes níveis institucionais, do global ao nacional e ao local, e a dinâmica produtiva e inovativa dentro de empresas e demais instituições. Dentro dessa perspectiva, os 30 pesquisadores que integram a missão assistiram a três palestras, que detalharam a trajetória e os processos de inovação na Fiocruz, no futuro Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) da Fundação e no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).


 O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha (ao cnetro), na abertura do evento (Foto: Peter Ilicciev)

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha (ao cnetro), na abertura do evento (Foto: Peter Ilicciev)


Pela Fundação como um todo discorreu o presidente da instituição, Paulo Gadelha, que abordou a história da Fiocruz desde 1900, ano em que surgiu, ainda com o nome de Instituto Soroterápico Federal. Gadelha historiou o início da inovação, tendo à frente Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, passando pelos grandes avanços ao longo deste mais de um século de existência, até chegar às atuais parcerias tecnológicas com outras instituições públicas e também empresas privadas. Ele falou ainda sobre a participação da Fiocruz no Complexo Econômico Industrial da Saúde (Ceis) e no plano Brasil Maior.


Depois, o coordenador do CDTS, Carlos Morel, explicou a atuação do centro, que está em fase final de construção no campus de Manguinhos da Fiocruz e faz parte das ações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Saúde. O CDTS terá atividades voltadas, sobretudo às doenças negligenciadas e às condições de saúde de importância epidemiológica ou econômica para o Brasil, com uma aposta na integração plena entre pesquisa, desenvolvimento e produção. A futura unidade da Fundação contará com uma planta de experimentação animal, em associação com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), um andar para as plataformas tecnológicas e outro com laboratórios flexíveis, que poderão ser usados em associação com o setor privado. Morel saudou a constituição da rede Globelics e disse que, ao contrário do passado, em que célebres cientistas como Newton, Kepler, Darwin, Einstein e outros faziam suas descobertas praticamente isolados e sem muita troca, atualmente a pesquisa e a ciência precisam de colaboração, intercâmbio e discussão.


Por fim, Beatriz Fialho, de Biomanguinhos, comentou sobre o crescimento experimentado nos últimos anos. Atualmente a unidade conta com 1.350 empregados, sendo que destes 46 são doutores, 136 têm mestrado e 223 são pós-graduados. A missão de Biomanguinhos, lembrou ela, é desenvolver e produzir vacinas, reativos e biofármacos voltados para atender prioritariamente às demandas da saúde pública nacional. Beatriz disse que o instituto tem 33 projetos em desenvolvimento: sete de vacinas bacterianas, onze de vacinas virais, sete de reativos para diagnóstico e oito de biofármacos. E tem capacidade para produzir cerca de 300 milhões de doses de vacinas bacterianas e virais por ano. Segundo Beatriz, Biomanguinhos contribui com vacinas para 74 países e tem visto seu orçamento aumentar, em média, cera de 4% ao ano. “A inovação é um dos valores da instituição. E a cada dia temos a missão de gerar e implementar novas ideias”.


A rede Globelics promove a Globelics Academy, uma oficina para troca de experiências e resultados de pesquisa realizados em diversas regiões em temas relacionados à abordagem de sistemas de inovação e desenvolvimento. A oficina reúne anualmente jovens pesquisadores (em fase final de doutoramento), de todas as regiões do mundo, e 11 professores durante duas semanas. Há uma parte voltada para a apresentação e discussão de temas relacionados à temática de sistemas de inovação e outra em que os pesquisadores apresentam seus projetos de tese que são comentados pelos professores e demais participantes.


Já foram realizadas sete edições da Globelics Academy. Cinco edições ocorreram em Lisboa e duas em Tampere (Finlândia). A decisão de promover esta oitava edição no Brasil partiu do Comitê Científico da rede Globelics, que decidiu pela alternância de sedes entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, especialmente os Brics.


Publicado em 23/8/2012.

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