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11/08/2009

Fiocruz toma posse na presidência do Conselho Deliberativo do Coep

Ricardo Valverde


A seção do Rio de Janeiro do Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida (Coep) deu posse na segunda-feira (10/8) aos membros de seu Conselho Deliberativo. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, escolhido para ser o novo presidente do Conselho, não pôde comparecer e foi representado pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação, Valcler Rangel Fernandes. A nova secretária-executiva do Coep/RJ é Sonia Moreira, ex-coordenadora de Projetos Sociais da Fiocruz e que tem como adjunta Maria Aparecida Gomes, dos Correios. Na ocasião, Marcelo Giovani Chagas dos Santos, representando seu irmão, Julio Cesar Chagas Santos, recebeu um troféu como vencedor do Prêmio Betinho 2008, e foi lançada a edição 2009 da premiação, com a apresentação de três candidatas: Roseni Maria Carlos, Elizabeth Silva Campos e Maria do Socorro Mello Brandão, que atuam em projetos sociais nas comunidades do Juramento, de Manguinhos e da Cidade de Deus, respectivamente. Elas foram indicadas por se enquadrarem nas diretrizes do prêmio, que são lutar contra a fome e promover a cidadania.


 Valcler Rangel Fernandes toma posse, representando o presidente da Fiocruz (Fotos: Peter Ilicciev)

Valcler Rangel Fernandes toma posse, representando o presidente da Fiocruz (Fotos: Peter Ilicciev)


O presidente do Coep, André Spitz, abriu a solenidade fazendo o lançamento da Semana Nacional de Combate à Fome e Pela Vida. Em seu discurso, ele disse que a Fiocruz sempre se destacou nas ações do Comitê e desempenhou papel fundamental na criação e no desenvolvimento de ações exemplares ao longo destes 15 anos de existência do Coep. “A Fiocruz, ao assumir a liderança neste momento, passa a representar muito bem este Comitê pelo relevo e importância que tem a Fundação para o Rio de Janeiro e o Brasil”, afirmou Spitz, acrescentando que alguns dias antes da cerimônia esteve com o presidente da instituição. Segundo o presidente do Coep, “Gadelha está bastante empolgado com o fato de a Fiocruz assumir este papel”.


Logo após a participação da secretária-executiva Sonia Moreira, que apresentou fotos que fazem uma síntese da participação da Fiocruz em eventos e iniciativas do Coep, realçando o compromisso social da Fundação e sua atuação, houve a posse do novo presidente do Conselho, em que Valcler Rangel Fernandes representou Gadelha. Fernandes disse que a Fiocruz sempre defendeu “uma proposta de saúde pública voltada para uma visão integral do homem, como um ser que vive em sociedade e no ambiente, condicionado por circunstâncias econômicas, sociais e culturais. Assim, a instituição incorporou entre suas melhores tradições o trabalho pela promoção das condições de vida de populações e grupos sociais carentes e desasistidos”.


O vice-presidente lembrou dos diversos programas de promoção social mantidos pela Fiocruz, que geram emprego, renda e treinamento para moradores das comunidades de seu entorno – região que tem um dos mais baixos IDH do Rio de Janeiro. “Com esses projetos, contribuímos para a profissionalização, ressocialização e educação de jovens que viviam nas ruas, incorporando ao mercado de trabalho e proporcionando ainda formação profissional a defiicientes auditivos, como no caso da parceria com a Fundação Nacional dos Surdos e Mudos (Feneis)”.


 A secretária-executiva Sonia Moreira faz um balanço da atuação da Fiocruz no Coep

A secretária-executiva Sonia Moreira faz um balanço da atuação da Fiocruz no Coep


Valcler afirmou que a Fiocruz destina 1% de seu orçamento para projetos sociais e adiantou que no próximo dia 17 será lançado um edital convocando os órgãos e unidades da instituição a apresentarem programas que tenham foco nos territórios vulneráveis. “Os projetos terão duração de 12 meses e deverão servir para ampliar a capacidade organizativa, mobilizatória e propositiva dos sujeitos coletivos”, disse. Segundo o dirigente, serão selecionados projetos em duas linhas e três eixos de atuação. As linhas serão o desenvolvimento equânime e sustentável dos entornos dos campi de Manguinhos e da Mata Atlântica da Fiocruz e o reforço do capital sócio-organizativo de segmentos e categorias vulneráveis, com finalidade de participação no SUS. Os eixos serão: educação, comunicação e cultura; trabalho, renda e solidariedade; e território e saúde. Serão selecionados 16 projetos, sendo que dois receberão até R$ 150 mil e os demais R$ 50 mil, totalizando R$ 1 milhão.


Depois da posse, ocorreu o seminário Mudanças climáticas, meio ambiente e pobreza, com as palestras Mudanças climáticas e pobreza – O papel do Coep, de Gleyse Peiter (secretária-executiva do Coep nacional); A questão das mudanças climáticas no mundo e no Brasil, de Marcos Aurélio Vasconcelos Freitas (do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas); O Rio de Janeiro e as mudanças climáticas, de Silvia Muylaert (do Fórum Rio de Mudanças Climáticas); e Mudanças climáticas – Impactos na qualidade de vida e o papel do cidadão, de Cristóvão Barcellos (da Fiocruz).


O Coep


No início da década de 1990, a mobilização da sociedade brasileira pela democracia e pela justiça social resultou no surgimento do Movimento pela Ética na Política. A partir dessa iniciativa, foi criada a Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria, com milhares de comitês em todo o país. Com os mesmos princípios, mas com foco nas organizações, o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep) nasceu em 1993, tendo o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, como um de seus idealizadores. Além de Betinho, outras duas personalidades inspiraram o Coep: Josué de Castro (como referência intelectual) e Maria José Jaime (como grande companheira de luta). No princípio, o Coep era constituído por 30 entidades; hoje, porém, ele reúne mais de 1.100 organizações públicas e privadas, tais como empresas, órgãos governamentais, entidades de classe, ONGs e universidades, presentes nos 26 estados, no Distrito Federal e em 29 municípios.


A atuação do Coep está estruturada sobre cinco pilares: segurança alimentar e nutricional; desenvolvimento comunitário com geração de trabalho e renda; participação social e políticas públicas; comunicação e informação; e direitos humanos e sociais. Sua missão é mobilizar e articular organizações e pessoas para o desenvolvimento de iniciativas de combate à fome e à miséria em todo o Brasil. Assim, busca tornar a luta contra as desigualdades sociais prioridade de governos, empresas e sociedade civil.  


Com atuação descentralizada, sem hierarquia, e preservando a autonomia e as lógicas empresariais de cada participante, o Coep articula parcerias entre os mais diversos segmentos da sociedade brasileira, o que tem possibilitado experiências bem sucedidas de projetos inovadores voltados para a melhoria da qualidade de vida de comunidades de baixa renda. O Coep é composto por um Conselho Deliberativo, formado pelos dirigentes de suas associadas, e por uma Comissão Executiva, formada pelos representantes técnicos indicados por aqueles dirigentes. Mais informações aqui.


Publcado em 11/8/2009.

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