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10/09/2008

Flebotomíneo fóssil recebe nome de pesquisador da Fiocruz Pernambuco

Fabíola Talvares


O pesquisador Sinval Brandão Filho, do Departamento de Imunologia da Fiocruz Pernambuco, teve seu sobrenome atribuído a uma nova espécie de flebotomíneo fóssil. Micropygomyia brandaoi sp. foi descrito no artigo Description of Micropygomyia brandaoi sp. n. (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae), a fossil phlebotomine from the Dominican Republic, publicado na edição de junho da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Os autores são os pesquisadores José Dilermando Andrade Filho, da Fiocruz Minas, e Reginaldo Peçanha Brazil, do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. O nome Micropygomyia brandaoi é uma homenagem à contribuição dada por Brandão Filho para o conhecimento da leishmaniose no Brasil, doença transmitida por essa espécie de inseto.


 O <EM>Micropygomyia brandaoi sp</EM> em uma amostra de âmbar

O Micropygomyia brandaoi sp em uma amostra de âmbar


A nova espécie fóssil faz parte de uma fauna extinta, que existiu há 20 milhões de anos (período Mioceno) na República Dominicana, e que se alimentava de "animais de sangue frio", como sapos e largatos. O gênero e o subgênero aos quais está relacionado, o Micropygomyia, são conhecidos apenas nas Américas, não havendo registros em outros continentes. "Esse gênero é o mais abundante dentre as espécies fósseis, com 56 exemplares conhecidos", diz Peçanha.


O Micropygomyia brandaoi  tem cabeça de tamanho normal (sem qualquer outra característica diferencial), genitália curta e o terceiro e o quarto segmento dos palpos (sensores localizados na cabeça) são menores que o quinto, o que o diferencia de outras espécies. "O brandaoi pode ter importância epidemiológica, caracterizando-se como vetor de um agente infeccioso entre animais pré-históricos", diz Peçanha.


A descoberta da nova espécie fez parte da tese de doutorado de José Dilermando Andrade Filho, intitulada Estudo dos fósseis da subfamília Phlebotominae (Diptera: Psychodidae) e orientada por Peçanha e co-orientada por Eunice Aparecida Bianchi Galati, da Universidade de São Paulo (USP). Na pesquisa, ele descreveu espécies fósseis encontradas na República Dominicana - uma das maiores fontes de âmbar com fósseis no mundo - sendo sete deles inéditos, e realizou a revisão taxonômica de outros já descritos. Ao todo, foram estudadas 97 amostras de âmbar, que continham um total de 162 flebotomíneos fossilizados do Mioceno.


Perfil


Sinval Brandão Filho é natural de Campina Grande (PB). Graduado em farmácia e em bioquímica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tem doutorado em biologia da relação patógeno-hospedeiro pela USP. Atuando nas áreas de parasitologia e saúde pública, seus estudos são focados na ecoepidemiologia da leishmaniose tegumentar e da leishmaniose visceral, na biologia de hospedeiros reservatórios e nos flebotomíneos vetores. Foi ele quem identificou os roedores como hospedeiro do parasita Leishmania brasiliense, um dos agentes causadores da leishmaniose tegumentar. Além de Brandão Filho, outros três pesquisadores tiveram seus nomes associados a fósseis inéditos descobertos no estudo de José Dilermando.

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