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20/12/2012

Fundação firma novas parcerias com instituições peruanas

Danielle Monteiro


A Fiocruz ampliou o seu campo de cooperação com a visita, na sexta-feira (14/12), dos representantes de duas instituições peruanas: a Direção Geral de Medicamentos, Insumos e Drogas (DGEMID), Pedro Yarasca, e o Instituto Nacional de Saúde, Victor Suarez Moreno. Durante o encontro, foram definidas para os próximos cinco anos novas parcerias na área de formação de recursos humanos e de produção de medicamentos e vacinas. Para ampliar o acesso a medicamentos essenciais genéricos à população peruana, por meio de sua oferta em farmácias privadas, o país vai adotar o modelo de implementação e funcionamento das farmácias populares brasileiras. Segundo Yarasca, a intenção é incentivar a produção pública desses produtos em sinergia com as farmácias privadas. “No Peru, há determinados medicamentos que as empresas privadas não têm interesse em importar ou produzir”, justifica. Para concretizar a iniciativa, será realizada uma visita dos técnicos do programa Farmácia Popular do Brasil ao Ministério da Saúde (MS/Peru) além de uma visita de representantes da Farmácia Popular ao MS do Brasil.


 O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, na reunião com os representantes peruanos (Foto: Peter Ilicciev)

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, na reunião com os representantes peruanos (Foto: Peter Ilicciev)





Com o intuito de desenvolver a capacidade produtiva de medicamentos local ou regional, foram estabelecidas duas linhas de cooperação entre o país e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz): uma de programas especiais como Controle de Malária, Tuberculose e HIV-Aids, e outra vinculada ao abastecimento de medicamentos do Ministério da Saúde com foco nas doenças crônicas. Segundo o secretário executivo da Rede de Institutos Nacionais de Saúde da União de Nações Sul-Americanas (Rins/Unasul), Félix Rosemberg, as parcerias no campo de produção e acesso de medicamentos vão fazer parte de um projeto maior e integrado. “Por se tratar de uma cooperação estruturante, o programa de prevenção e controle epidemiológico estará integrado com a produção de antimaláricos, facilitando a transferência de produtos”, afirma.



Formação de recursos humanos



No campo de formação de recursos humanos, será desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) uma segunda edição do mestrado em saúde pública voltado a profissionais da saúde peruanos. Ao contrário do primeiro módulo, iniciativa conjunta desenvolvida anteriormente pela Ensp com o Instituto Nacional de Saúde (INS/Misal) do Peru, o curso terá como foco a gestão em serviços de saúde e de rede de sistemas de serviços de saúde. O intuito é atender uma das principais demandas do Peru: desenvolver capacidades em gestão hospitalar que contribuam para melhorias na qualidade e acesso a serviços de saúde medianos e de alta complexidade.



Segundo a coordenadora do mestrado em saúde pública, Maria Alícia Ugá, o curso de pós-graduação vai agregar um diferencial para a formação de recursos humanos no Peru, pois vai levar ao país uma nova abordagem sobre a saúde pública. “No Peru, o enfoque é a epidemiologia, cuja perspectiva trabalha a doença e sua evolução. Já nós trabalhamos sob a perspectiva da saúde coletiva, cujo enfoque é o suporte que o estado deve dar ao sistema de saúde em termos institucionais para intervir e enfrentar a doença”, explica.



Além do mestrado, previsto para o segundo semestre de 2013, ainda será oferecido pela Ensp/Fiocruz ou pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) um curso de pós-graduação em vigilância sanitária, incluindo aspectos regulatórios e de controle de qualidade. Também foi proposto um estágio no Brasil para capacitação na área de produção de medicamentos, direcionado aos profissionais de farmácia e de engenharia química do Peru, inicialmente para estudantes da Universidade de São Marcos, com possibilidade de extensão para outras universidades públicas peruanas.



Aos técnicos sanitários de nível médio do Peru será desenvolvido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), com previsão de início em agosto de 2013, um curso técnico de educação continuada destinado a profissionais que estão em campo desenvolvendo atividades de controle de doenças e epidemiologia. A ideia é que eles se tornem formadores e multiplicadores de conhecimento. “A intenção é que eles possam fazer um diagnóstico e assim intervir sobre aqueles problemas locais fazendo uso de elementos do planejamento da gestão, de educação e promoção da saúde”, explica a coordenadora de cooperação internacional da EPSJV, Gracia Gondim. Para a implantação da iniciativa, uma delegação peruana fará uma visita à EPSJV no primeiro trimestre de 2013, para, juntos, montarem um currículo adequado as necessidades do país.



De acordo com os representantes do Peru, o curso será fundamental para o controle de doenças no país. “Temos muitos problemas com enfermidades endêmicas como febre amarela e raiva, que já mataram centenas de peruanos. Apesar da disponibilidade de recursos econômicos, as ações de controle às enfermidades não se desenvolvem adequadamente especialmente devido à falta de recursos humanos especializados nas tarefas operativas de controle das doenças”, justificam.


Publicado em 17/12/2012.

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