Agência Fiocruz de Notícias

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) vai iniciar a distribuição do dicloridrato de pramipexol genérico, medicamento usado no tratamento da doença de Parkinson. O lançamento ocorreu nesta sexta-feira (15/3), no Rio de Janeiro. A tecnologia para a produção do medicamento em solo nacional foi repassada pela companhia farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, por meio de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Além de beneficiar cerca de 20 mil pessoas que sofrem com a doença de Parkinson, a iniciativa permitirá uma economia de R$ 90 milhões aos cofres públicos durante os cinco anos do acordo de transferência tecnológica. No lançamento, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, disse que as PDPs são um dos eixos centrais da Fundação para o desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde e ressaltou que são fundamentais para a ampliação do acesso a medicamentos e para a elevação da capacidade de pesquisa tecnológica e inovação.

“Não há possibilidade de mantermos o SUS se não tivermos organizado no país um desenvolvimento tecnológico e de inovação que se adeque ao conceito de universalidade defendido pelo Sistema Único de Saúde”, declarou Gadelha. “As parcerias abrem uma frente promissora pelo produto em si, que vai ao encontro da mudança do perfil epidemiológico no país, e pela possibilidade de oferta com capacidade de desenvolvimento nacional”, acrescentou.



O presidente da Boehringer Ingelheim, Martin Nelzow, salientou a importância da participação da Fiocruz na ação e destacou o ineditismo da parceria. “Em nenhum país do mundo foi feita uma parceria como essa. Estamos confiantes de que é um caminho que nos vai abrir novas possibilidades”, disse. O Brasil participa atualmente de 56 Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) para o tratamento da Aids e de doenças imunossupressoras e oncológicas. Farmanguinhos participa de 21 do total.



O diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe da Silva, destacou a importância da parceria para o sistema de saúde, reforçando que faz parte de uma estratégia de fortalecimento da indústria farmacêutica e bioquímica nacional. “Além de aumentar nossa soberania tecnológica, a parceria vai ampliar o acesso do medicamento à população e, consequentemente, contribuir para que parte da economia seja destinada a outros medicamentos”, declarou. Reduzir o custo do medicamento ao longo dos anos, diz Silva, será o grande desafio da iniciativa. A ideia é que o pramipexol chegue aos pacientes que ainda não o recebem pelo SUS. “Em 2018, a produção do medicamento será 100% nacional”, afirmou. Atualmente existem somente dois medicamentos para o tratamento do mal de Parkinson, sendo o pramipexol o principal deles.

O dicloridrato de pramipexol será fabricado nas apresentações de comprimidos de 0,125 mg, 0,250 mg e 1,0 mg e distribuído por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta primeira etapa, o medicamento será fabricado na Alemanha, pela Boehringer Ingelheim com a embalagem de Farmanguinhos. Até 2015, o Instituto produzirá metade da demanda nacional. A previsão é que o pramipexol seja totalmente produzido no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM) da unidade, localizada em Jacarepaguá, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.



O dicloridrato de pramipexol consta nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde para tratamento a doença de Parkinson. Trata-se de um agonista dopaminérgico não ergolínico, considerado uma das principais terapias contra esta doença degenerativa do Sistema Nervoso Central. Atualmente, o pramipexol é o único dessa classe disponível no Brasil.

Prevalência



A doença de Parkinson tem distribuição universal, atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas e os sintomas surgem a partir dos 50 anos de idade. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 1% da população acima dos 65 anos sofre com a doença. No Brasil, a estimativa é de que pelo menos 200 mil pessoas tenham o problema.

Em estudo conduzido no Brasil, a prevalência encontrada foi de 3,3% em indivíduos com idades iguais ou maiores de 64 anos. Entre os indivíduos de 80 a 85 anos, a prevalência pulou para 8,5%. E naqueles com mais de 85 anos, quase dobra, indo para 14,3%. Os especialistas estimam que a prevalência cresça no futuro, em consequência do envelhecimento populacional.

Consumo



Em 2012, cerca de 830 mil unidades de dicloridrato de pramipexol foram adquiridas pelas Secretarias Estaduais de Saúde. Uma população de 20 mil pacientes é beneficiada mensalmente pela distribuição deste medicamento pelo SUS. Com a marca Sifrol®, o dicloridrato de pramipexol foi lançado no Brasil em 1999. Em 2002, passou a fazer parte do Programa de Medicamentos de Alto Custo do Ministério da Saúde.

Farmanguinhos e Boehringer



Braço farmacêutico da Fiocruz, Farmanguinhos é o único produtor de medicamentos ligado diretamente ao Ministério da Saúde. Com um importante papel no apoio às ações de saúde do SUS, participando na produção de medicamentos inclusos nos Componentes da Assistência Farmacêutica. Tais componentes contemplam medicamentos utilizados para o tratamento de diferentes doenças que acometem a população brasileira.

A Boehringer Ingelheim é uma das 20 principais companhias farmacêuticas do mundo. Com matriz na cidade de Ingelheim, na Alemanha, opera globalmente com 145 afiliadas e mais de 44 mil funcionários. Em 2011, a companhia investiu 23,5% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos que contribuem para o aumento da expectativa de vida e bem-estar da população.

Para mais informações acesse:

http://www.boehringer-ingelheim.com.br

http://www2.far.fiocruz.br/farmanguinhos/



Publicado em 15/3/2013.