Início do conteúdo

04/07/2012

Fundação investe no desenvolvimento sustentável do entorno de seus 'campi'

Danielle Monteiro


O campo de atuação da Fiocruz vai além da produção de vacinas e medicamentos. A Fundação também protagoniza ações na área de cooperação social, com foco na garantia dos direitos fundamentais e no desenvolvimento sustentável como condição para a redução das vulnerabilidades socioambientais. A Coordenadoria de Cooperação Social da Fundação promove, desde 2009, um edital anual para o financiamento de iniciativas que têm o objetivo de desenvolver, de forma equânime e sustentável, os territórios no entorno dos campi de Manguinhos e Mata Atlântica, além de reforçar o capital sócio-organizativo de segmentos e categorias sociais vulnerabilizadas nas regiões.


 Instalação do sistema de aquecimento solar de baixo custo

Instalação do sistema de aquecimento solar de baixo custo





Os projetos da Fiocruz são implantados de forma estruturante, sendo planejados e executados de acordo com as necessidades e particularidades do local e sua comunidade. A ideia é fazer com que a comunidade contemplada se aproprie da tecnologia social que recebeu e dê seguimento às iniciativas organizando-se e buscando soluções para os problemas que interferem localmente. Segundo o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, os projetos valorizam a gestão participativa dos territórios, o controle social e a autonomia dos sujeitos, sendo produzidos não somente para as pessoas, mas com as pessoas. “São produtos, técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e aplicadas na interação com a população, que geram soluções para a inclusão social e a melhoria das condições de vida”, explica.



Iniciativas de destaque



Uma das iniciativas de destaque da Fiocruz no campo da cooperação social é o programa Semeando Comunidades Sustentáveis: Tecnologias Sociais, Economia Solidária para Segurança Alimentar e Nutricional, voltado para a comunidade do Campus Fiocruz da Mata Atlântica e agricultores no entorno do Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com o intuito de inibir processos de impermeabilização do solo e de migração das famílias para áreas periféricas irregulares, o projeto incentiva a comunidade local a adotar os sistemas de aproveitamento de água da chuva e de aquecimento solar de baixo custo em suas moradias e a produzir de forma agroecológica em seus quintais.



O projeto ainda educa as crianças de escolas públicas e do Núcleo de Educação Não Formal em Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz sobre a importância da alimentação saudável e agricultura sustentável, além de oferecer aos empreendedores da economia popular local oficinas sobre técnicas de viabilidade econômica associadas a questões sobre saúde. “Essa iniciativa contribui para a redução dos gastos com luz e água no orçamento familiar, provoca menor impacto ao meio ambiente, fortalece as iniciativas econômicas locais, amplia o acesso a alimentos saudáveis e sem agrotóxicos e agrega valor aos produtos agroecológicos, oferecendo assim, novas perspectivas aos moradores”, afirma Robson Patrocínio, coordenador do projeto.



Outra iniciativa com foco na adoção de tecnologias sustentáveis em moradias, no entorno do Parque Estadual da Pedra Branca, é o projeto Apropriação de tecnologias sustentáveis em habitação por setores populares organizados, parceria da Fiocruz com a Cooperativa de Trabalho Constrói Fácil, a Associação Ecoprata e a Bonnet Sintese Soluções Ambientais. Em oficinas de capacitação, os contemplados - setores populares organizados em associações ou cooperativas de autoconstrução de moradias e serviços de construção civil - aprendem a utilizar materiais sustentáveis e instalar o sistema de aquecimento solar de água e de aproveitamento de água de chuva, para que possam, inclusive, utilizá-los em suas próprias casas. “Desde que os sistemas foram instalados há três meses, só liguei o chuveiro elétrico umas duas vezes e já senti a economia na conta de luz. A caixa da água de chuva está cheia e também a utilizo para limpar a área e regar as plantas”, conta Lourdes das Graças Ferrari, da Associação dos Agricultores Orgânicos da Pedra Branca (Agroprata).



Já o projeto Capacitação Comunitária para a Prevenção da Tuberculose e Parasitoses Através da Educação Popular Participativa em Saúde integra pesquisadores da Fiocruz e moradores da comunidade do Amorim, no Complexo de Manguinhos, para gerar conhecimento voltado a melhorias na saúde e na qualidade de vida da população local. Levando em consideração uma série de fatores socioambientais, como a precariedade das habitações e a falta de saneamento básico, a inciativa investiga as relações entre a doença e a influência do estado nutricional, dos fatores educacionais e das representações sociais ligadas à enfermidade. Os moradores diagnosticados com parasitoses intestinais são encaminhados ao ambulatório do Centro de Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) para tratamento e realização de exames clínicos e laboratoriais.



Ciente dos severos impactos do descarte incorreto do óleo de cozinha residencial no meio ambiente, a Fiocruz criou ainda o projeto Coleta Solidária e Reciclagem do Óleo de Cozinha Residual, que propõe a troca do óleo por material de limpeza em postos instalados em locais próximos às comunidades da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. “Sabemos que 1 litro de óleo de cozinha residual descartado inadequadamente acarreta a contaminação de 1 milhão de litros d'água. Considerando, por exemplo, que já foram recolhidos mais de mil litros de óleo residual, podemos dizer que a comunidade contribuiu para evitar a contaminação de 1 bilhão de litros d'água”, comenta Claudia Morais, coordenadora do projeto. A iniciativa também vai capacitar pacientes do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Mental Juliano Moreira e moradores da região na fabricação de eco-sabão artesanal originado do reaproveitamento do óleo de cozinha.


Publicado em 2/7/2012.

Voltar ao topo Voltar