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29/08/2017

Fundação combate arboviroses na Ilha do Governador

Matheus Cruz e Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


A Fiocruz promoveu entrevista coletiva nesta terça-feira (29/8), para divulgar e explicar a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia em larga escala no município do Rio de Janeiro. À frente do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil, o pesquisador Luciano Moreira lembrou que a iniciativa começou na Austrália e está em mais de 40 localidades ao redor do planeta. Moreira disse que a liberação é completamente segura e que a população dos dez bairros da Ilha do Governador onde os mosquitos serão liberados foi devidamente informada, por meio de visitas e da ação de agentes comunitários de saúde. Não há qualquer risco para os moradores, já que a Wolbachia não infecta seres humanos. Segundo o pesquisador, serão soltos 1,6 milhão de mosquitos Aedes aegypti modificados, contendo a bactéria, que reduz significativamente a propagação do mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya. A estratégia utiliza produtos naturais de forma segura e autossustentável, com todos os princípios éticos respeitados e validados por órgãos de regulação e controle.

Luciano Moreira apresentou a nova fase do projeto 'Eliminar a Dengue' em entrevista coletiva em Manguinhos (Foto: Peter Ilicciev - CCS/Fiocruz)

 

Moreira afirmou que a liberação depois seguirá para outros bairros da Zona Norte e em seguida para o Centro e a Zona Sul, regiões nas quais o projeto deverá chegar até o fim de 2018, numa área que tem cerca de 2,5 milhões de habitantes. “O projeto foi muito bem recebido pela população da Ilha e isso foi confirmado por pesquisas de opinião que fizemos. O engajamento comunitário é bem significativo”, comentou. A liberação em larga escala começa pelos bairros de Ribeira, Zumbi, Cacuia, Pitangueiras, Praia da Bandeira, Cocotá, Bancários, Freguesia, Tauá e Moneró.

Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, “este é um dia especial para o Rio, em um ano especial para nós, pois em 2017 lembramos o centenário da morte do patrono Oswaldo Cruz e o legado que ele nos deixou. Oswaldo Cruz, no início do século 20, também lidou com doenças transmitidas por mosquitos, como a febre amarela. São problemas que mais de um século depois ainda enfrentamos, devido à ausência de políticas ambientais e de saneamento”. Nísia disse que o projeto é sustentável, não tem fins lucrativos e está a serviço do Sistema Único de Saúde e da população. “A aceitação e o engajamento das comunidades são de grande importância e nos dão imensa satisfação”. A presidente lembrou que a missão da Fiocruz é inovar em ciência e tecnologia e que o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil é mais um passo nesse sentido.

A subsecretária-geral de Saúde do município do Rio de Janeiro, Beatriz Busch, disse na coletiva que a expansão do projeto causará grande impacto no combate às arboviroses no Rio. Para ela, “chama a atenção a aceitação pública das comunidades inseridas na iniciativa e a sustentabilidade do Eliminar a Dengue. Estamos otimistas”. Ela ressaltou, no entanto, a necessidade de a população não esmorecer a manter o combate ao Aedes aegypti, cuidando de suas residências, eliminando focos e tomando precauções.

Soltura dos mosquitos

Depois da entrevista coletiva no Castelo da Fiocruz, houve a soltura dos mosquitos com Wolbachia, na Clínica da Família Wilma Costa, no bairro do Cocotá, na Ilha do Governador. Os responsáveis por abrir o primeiro recipiente com os mosquitos a serem soltos foram os agentes comunitários de saúde Luis Antônio de Oliveira e Gracileide Pereira Mota.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e a subsecretária-geral de Saúde do município do Rio, Beatriz Busch, também participaram da ação na Ilha

 

Após fazer a primeira soltura, Oliveira reforçou a importância dos agentes comunitários para prevenir doenças transmitidas por mosquitos. “Independentemente da soltura dos mosquitos com a Wolbachia, que é um projeto que tem dado certo, é muito importante que se mantenham as precauções: tirar água dos pneus, manter o ambiente limpo e capinar os quintais”.

Segundo Gracileide, a proximidade que os agentes têm com a população torna a aceitação do projeto mais fácil. “Os moradores, depois que explicamos a soltura dos mosquitos, aceitam muito bem”.

“A Ilha foi a área mais afetada na última epidemia de dengue [em 2015] no Rio de Janeiro. Então, quando a Fiocruz trouxe a possibilidade de um aliado no combate às arboviroses, nós abraçamos a causa e entendemos que o desafio é também da sociedade”, afirmou o estudante e morador do local Luan Ferreira.

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