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03/03/2016

Fundação participa de 4° mutirão contra Aedes em Manguinhos

Luiza Gomes (Cooperação Social/Fiocruz)


A equipe da Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, agentes comunitários de saúde, agentes de vigilância em saúde e ambiental, garis comunitários, lideranças sociais e articuladores locais se reuniram (24/2) na entrada do conjunto habitacional Embratel para a quarta ação de mutirão de controle do mosquito Aedes aegypti em Manguinhos. A atividade faz parte de um cronograma de visitação das 15 favelas que compõem o Complexo de Manguinhos, e que integra o Plano de Controle do Aedes Aegypti em Manguinhos – fruto de uma rede de mobilização dos atores sociais locais com unidades Fiocruz e a Secretaria Municipal de Saúde. Até o momento, cerca de 200 possíveis focos foram tratados em um universo de aproximadamente mil imóveis visitados.

A atividade faz parte de um cronograma de visitação das 15 favelas que compõem o Complexo de Manguinhos (foto: Cooperação Social Fiocruz)

 

O objetivo dos mutirões é identificar possíveis criadouros do vetor, estimular os moradores a exercerem um controle sistemático dos pontos mais favoráveis à formação de criadouros em suas casas, e esclarecer sobre o ciclo de vida do mosquito. Já foram realizadas incursões nas comunidades Varginha, Nelson Mandela, Samora Machel e, agora, no conjunto habitacional Embratel. Educadoras do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e agentes da Vigilância Sanitária do Cap 3.1 instalaram uma tenda com maquetes e dois microscópios para mostrar à população os diferentes estágios de desenvolvimento do vetor: do ovo à larva, pupa e fase alada.

No conjunto habitacional da Embratel, 42 agentes visitaram 274 residências, trataram com larvicida 100 pontos favoráveis a proliferação do mosquito, e 79 criadouros potenciais em ralos, garrafas e vasos foram eliminados. Os moradores dos imóveis visitados também foram orientados sobre as medidas de prevenção da dengue, zika e chikungunya.

No dia da quinta ação de mutirão do Plano de Controle do Aedes aegypti em Manguinhos, as incursões no conjunto habitacional tiveram que ser interrompidas por conta de uma ação policial. A área conhecida como “terreninhos”, apontada pelos agentes como uma das regiões de maior adensamento populacional de Manguinhos, teve que ser revisitada na manhã de 2 de março, juntamente às quadras restantes da Samora Machel (Mandela 2).

“Temos encontrado poucos focos no interior das residências. Aqui na Embratel, só foram coletadas duas amostras que podem ser larvas do Aedes”, avaliou Érika Arent, coordenadora da Clínica da Família Victor Valla. “O que mais nos tem chamado atenção é o acúmulo de focos nas áreas comuns das favelas. É onde se acumulam sacolas de lixo (que empossam nas dobras), pneus, copinhos plásticos descartados na rua, garrafas”, explicou.

Coleta irregular de lixo

“Em algumas comunidades, a coleta de lixo não ocorre em horários pré-definidos e a população acaba tirando o lixo de casa a qualquer hora do dia”, explicou Patrícia Evangelista, moradora e agente da gestão participativa do Território Integrado de Atenção à Saúde (Teias - Escola Manguinhos). Em sua opinião, a sensibilização dos moradores e a regularização do serviço de coleta são dois fatores cruciais para sanear este aspecto do alastramento da epidemia.

Já foram realizadas incursões nas comunidades Varginha, Nelson Mandela, Samora Machel e, agora, no conjunto habitacional Embratel (foto: Coordenadoria de Cooperação Social da Fiocruz)

 

Durante esta e outras ações de mutirão, a cartela 10 minutos contra o Aedes tem sido distribuída em casas e comércios locais. O material foi elaborado com base em material didático do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) . A cartela foi reformulada pelo grupo de trabalho de comunicação e educação do coletivo que vem construindo o plano, com apoio da Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz no processo de impressão.

Mutirões passados

As ações no Samora Machel aconteceram no dia 17 de fevereiro e contaram com 38 pessoas, dentre estas agentes comunitários de saúde, de vigilância em saúde e apoio, e quatro garis comunitários. As equipes entraram em 377 casas, trataram 121 e coletaram duas amostras de larvas que podem ser de Aedes aegypti. No conjunto habitacional Nelson Mandela, o mutirão foi realizado em 3 de fevereiro. As equipes foram divididas em 12 grupos e distribuídas por seis microáreas definidas pela Estratégia de Saúde da Família para a cobertura da região. Duas amostras de larvas foram coletadas.

Para o coordenador da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, um dos órgãos articuladores do Plano de Controle do Aedes aegypti em Manguinhos, Leonidio Madureira, as incursões nos territórios das comunidades de Varginha, CHP2 e João Goulart acendem um alerta sobre deficiências nas políticas de saneamento básico na favela. “Não é apenas o descarte do lixo que preocupa, mas um déficit estrutural: a drenagem ineficiente das ruas, a interrupção do fornecimento regular de água potável que leva às famílias a estocarem em tonéis que podem vir a gerar criadouros do mosquito, entre outras questões”, argumentou.

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