Início do conteúdo

07/04/2008

Gestantes de Rio Grande (RS) apresentam alta prevalência de corrimento vaginal

Catarina Chagas


Em estudo publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores do Hospital Universitário da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) acompanharam cerca de 340 gestantes e verificaram que 51,6% apresentaram corrimento vaginal ao longo da gravidez, enquanto a prevalência esperada entre mulheres em idade fértil seria de 30%. Quando associado a uma doença sexualmente transmissível (DST), o corrimento pode levar à prematuridade, ao baixo peso ao nascer e à infecção da ferida pós-cesárea, além de indicar um risco de infecção por HIV até 18 vezes maior.


 As mulheres que usaram anticoncepcional oral antes da gravidez apresentaram menos corrimento

As mulheres que usaram anticoncepcional oral antes da gravidez apresentaram menos corrimento


O trabalho foi realizado na periferia da cidade de Rio Grande, que apresenta alguns dos mais baixos indicadores de saúde do estado, e faz parte de um projeto de intervenção cujo objetivo principal é melhorar a qualidade da assistência à gravidez e ao parto entre gestantes residentes em bairros da localidade. Por meio de visita domiciliar mensal, os pesquisadores aplicaram questionários às gestantes no início da gravidez e até duas semanas após o parto.


Entre as entrevistadas, 96% realizaram pelo menos uma consulta pré-natal e 75% completaram seis ou mais consultas, mas apenas 50% haviam realizado consulta ginecológica no ano anterior ao estudo. Para tornar mais exata a prevalência de corrimento vaginal patológico, escolheu-se aliá-la a algum outro sintoma de DST, porque o corrimento normal aumenta na gravidez mesmo nas mulheres saudáveis.


Os resultados mostraram que a prevalência de corrimento foi maior entre mulheres mais jovens, sem relação conjugal estável, com história prévia de parto prematuro, usuárias de dispositivo intra-uterino (DIU) antes da gestação ou que apresentaram infecção urinária ou alteração de glicemia. Verificou-se, ainda, que as mulheres que usaram anticoncepcional oral antes da gravidez apresentaram menos corrimento.


Segundo o artigo, a alta prevalência de corrimento entre menores de 19 anos – 60, 4% apresentaram o sintoma – pode ser explicada pela menor capacidade imunológica do organismo e pela maior dificuldade de realizar sexo seguro. Já a situação conjugal não estável favorece a busca de novos parceiros, o que facilita a disseminação de DST e aumenta a ocorrência de corrimento.


“O corrimento vaginal é um problema freqüente, com importante repercussão sobre a saúde da mulher”, alerta a ginecologista e obstetra Tânia Maria de Moraes Fonseca, coordenadora do estudo. “Muitos dos fatores de risco podem ser minimizados com educação e prevenção, mas o profissional de saúde também deve estar atento à identificação de gestantes com maior risco de apresentar tal sintoma associado a uma DST e, quando do seu diagnóstico, promover o seu manejo adequado”. Para a pesquisadora, conhecer as características das gestantes mais susceptíveis ao corrimento associado à DST é essencial a para assistência em nível de prevenção primária e de complicações materno-fetais.

Voltar ao topo Voltar