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25/01/2010

Gripe A (H1N1) ganha destaque em revista de história das ciências

Fernanda Marques


A influenza A (H1N1) é tema de dois artigos publicados na última edição de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, revista editada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). A seção Debate apresenta o trabalho A gripe de longe e de perto: comparações entre as pandemias de 1918 e 2009, enquanto a seção Depoimento traz o texto Cientistas em ação: mais tempo e pesquisas são indispensáveis para desvendar o vírus A (H1N1), uma entrevista com a virologista Marilda Mendonça Siqueira, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), concedida à editora-executiva do periódico, Roberta Cardoso Cerqueira, e à jornalista da COC Ruth B. Martins.



Só em 2008, a gripe comum matou cerca de 70 mil pessoas no Brasil, mas ela deverá perder força em razão do surgimento da gripe A (H1N1). É possível que a incidência do novo vírus aumente no país, a ponto de a gripe A (H1N1) poder se tornar a gripe sazonal deste ano. “É isso mesmo?”, questionam Roberta e Ruth. “É basicamente isso. Ele ainda não é vírus sazonal, ainda é pandêmico, mas pode se transformar no vírus sazonal. Na história do vírus influenza é isso que acontece: quando um novo vírus pandêmico é introduzido na população, em cerca de um ano, dependendo do país, ele toma o lugar de sazonal; é a história natural da virologia. Temos de esperar para ter ideia do que vai circular”, respondeu a pesquisadora, responsável pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do IOC, que integra a rede internacional de vigilância de influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Ao longo de sete páginas de entrevista, Marilda comenta as estratégias dos órgãos públicos de saúde que conseguiram adiar a entrada do vírus A (H1N1) no Brasil. Ela também explica que o novo agente é um rearranjo genômico de três espécies diferentes do vírus, aviário, humano e suíno. Ao todo, a especialista responde a 15 questões, que incluem, entre outros temas, o porquê de as grávidas estarem entre os grupos de risco e os idosos terem se contaminado menos do que o esperado; a razão de as crianças transmitirem o vírus por mais tempo do que os adultos; a expectativa de a medicina e as tecnologias médicas permitirem, a curto prazo, o desenvolvimento de medicamentos e vacinas que neutralizem de vez a ameaça representada pelos vírus das gripes; e a questão da resistência do vírus A (H1N1) ao medicamento oseltamivir.


“Existem, no mundo, sete casos conhecidos de resistência ao oseltamivir. Por quê? Ainda é cedo para responder a essa pergunta”, disse Marilda na entrevista, concedida em agosto de 2009. “Os casos precisam ser acompanhados, e o oseltamivir precisa ser dado. É o que temos para combater as infecções respiratórias. Em saúde pública, damos para o filho dos outros o que daríamos para os nossos. Cada país distribui o remédio conforme sua capacidade de estoque, de planejamento e organização”, acrescentou. Esta entrevista – que em breve estará disponível online – não foi a primeira contribuição da virologista para a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Em janeiro de 2005, Marilda esclareceu dúvidas sobre a gripe aviária, em um texto intitulado O perigo está no ar: será que a “espanhola” volta?.


A íntegra de A gripe de longe e de perto: comparações entre as pandemias de 1918 e 2009 já está acessível aqui. Já a íntegra de O perigo está no ar: será que a “espanhola” volta? pode ser obtida aqui.


Publicado em 19/1/2010.

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