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18/02/2010

Grupo que estuda métodos para uso de animais de laboratório recebe dois prêmios

Pablo Ferreira


Dois trabalhos que buscam métodos alternativos ao uso de coelhos em testes para cosméticos e medicamentos foram laureados em eventos científicos. Ambos foram desenvolvidos no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) por alunos de iniciação científica com a ajuda e orientação de pesquisadores do Instituto. “Esses prêmios consolidam a atuação de nosso grupo de pesquisa, que atua no Instituto desde 1989 na busca de métodos alternativos”, diz o biólogo e colaborador de um dos estudos Octavio Presgrave.


 Fachada do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (Foto: Ana Limp)

Fachada do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (Foto: Ana Limp)


Um dos trabalhos mostrou que sangue humano coletado e criopreservado (conservado por meios específicos de congelamento) tem boa resposta para a detecção de contaminação em medicamentos injetáveis. Tais produtos, caso contenham bactérias, vírus ou quaisquer outras substâncias nocivas, podem causar reações como febre, choque ou mesmo óbito se inoculadas em seres humanos. Até aqui, o teste desses medicamentos é feito em coelhos, mas o sangue humano pode vir a ser uma alternativa. “Provou-se que o sangue humano criopreservado serve para análises tão bem quanto o sangue fresco, o que sugere a dispensa do uso de coelhos no futuro”, explica Octavio.


O outro teve como tema avaliar o potencial de irritação ocular de medicamentos e cosméticos (sobretudo colírios e xampus) – até o momento, também os coelhos são utilizados nesse tipo de ensaio. Para substituí-los, os pesquisadores usaram dois métodos alternativos: um com a membrana vascularizada do ovo de galinha – conhecida como corionalantoide – que protege seu embrião, e outro com sangue coletado de carneiro. “Verificamos que a membrana corionalantoide sofre os mesmos efeitos vasculares observados na mucosa do olho humano, quando em contato com os produtos estudados”, relata a médica veterinária Rosaura Presgrave, que colaborou com esse segundo trabalho.


Já o sangue de carneiro foi submetido a processo chamado RBC-teste de hemólise, no qual aplica-se a ele a uma determinada concentração da substância a ser testada (um xampu, por exemplo) e observa-se o potencial de irritação do produto pelas alterações sofridas nas proteínas do sangue e o rompimento de suas hemácias. “Nossos resultados indicam que ambas metodologias são promissoras para a substituição do coelho”, completa Rosaura.


O primeiro estudo, chama-se Uso do sangue total humano criopreservado para detecção de contaminação pirogênica em soros hiperimunes através do método de liberação de citocinas e foi desenvolvido pela estudante de biologia Elaine Moura. A pesquisa recebeu uma menção honrosa na 24ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, realizada em Águas de Lindóia (SP).


Já o segundo foi elaborado pela também estudante de biologia Andréa Martins da Nóbrega e intitula-se Desenvolvimento de métodos alternativos ao teste de irritação ocular (teste de Draize) utilizado no controle da qualidade de produtos sujeitos à Vigilância Sanitária. Sua menção honrosa foi recebida na 16ª Reunião Anual de Iniciação Científica da Fiocruz.


Publicado em 12/2/2010.

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