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16/08/2012

Grupos de pesquisa em doença de Chagas mais produtivos do mundo incluem a Fiocruz

Manoela Andrade


Mais de um século depois de escrever seu nome na história da ciência com a descoberta da doença de Chagas, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) permanece atuando de forma importante nos estudos sobre este agravo. Artigo publicado na edição de julho/agosto da revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, coordenado por pesquisadores da Espanha, do Peru e da Coreia do Sul, mapeou os 80 grupos mais produtivos em doenças de Chagas no mundo. Destes, 46 são brasileiros, 11 da Fiocruz e 5 pertencem ao IOC. Para acessar o artigo, clique aqui.


 O conhecimento em doença de Chagas não registra o Brasil apenas como o descobridor da doença e um grande formulador das estratégias de controle, mas também o compromisso essencial de toda a comunidade científica do país com a produção continuada de conhecimento sobre a doença

O conhecimento em doença de Chagas não registra o Brasil apenas como o descobridor da doença e um grande formulador das estratégias de controle, mas também o compromisso essencial de toda a comunidade científica do país com a produção continuada de conhecimento sobre a doença





O objetivo do estudo foi analisar a autoria de artigos científicos sobre doença de Chagas publicados em revistas científicas indexadas na base Medline, entre os anos 1940 e 2009. A partir da avaliação de 13.989 trabalhos produzidos por 21.350 autores, constatou-se que 1.008 autores publicaram mais de nove trabalhos (4,7%), 6.623 publicaram entre dois e nove trabalhos (31%) e 13.719 autores publicaram apenas um trabalho (64,3%). Com o uso de indicadores bibliométricos, foram calculados o número de artigos publicados, número de autores e de colaborações em artigos e trabalhos. Segundo o estudo, foi identificada a presença de 148 grupos de pesquisa constituídos de 1.750 autores. O artigo também aponta que a colaboração entre autores aumentou significativamente durante o período do estudo.


“O resultado deste estudo é muito interessante. Pesquisadores europeus se debruçam sobre o que foi produzido em relação a um dado tema e descobrem que o conhecimento em doença de Chagas não registra o Brasil apenas como o descobridor da doença e um grande formulador das estratégias de controle, mas demonstra, também, o compromisso essencial de toda a comunidade científica do país com a produção continuada de conhecimento sobre a doença. E nisso é muito bom que um estudo externo confirme essa forte presença da Fiocruz e do IOC na investigação dos diferentes aspectos de uma doença negligenciada, diretamente ligada a condições de pobreza”, comentou Tania Araújo-Jorge, uma das pesquisadoras citadas no estudo e atual diretora do IOC. “A crescente colaboração entre grupos de pesquisa, evidenciada no estudo, retrata uma nova fase da ciência brasileira, de agregação de esforços e criação de dinâmicas de redes”, acrescentou.


O artigo atribuiu o elevado número de pesquisadores brasileiros entre os 80 profissionais mais produtivos do mundo no tema ao desenvolvimento do sistema científico do país, que se tornou a principal referência científica na América do Sul. A Rede Brasileira de Atenção e Estudos na Coinfecção Trypanosoma cruzi/HIV e em outras condições de imunopressão, criada em 2006 para coordenar e organizar a rede de saúde brasileira e integrar grupos internacionais, também foi citada como um dos destaques na atuação brasileira.


Publicado em 16/8/2012.

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