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27/05/2009

Hepatite A

Fernanda Marques


O vírus da hepatite A causa uma doença infecciosa que ocorre, principalmente, em locais com precárias condições sanitárias e socioeconômicas. No Brasil, são registrados, em média, 16 mil casos por ano. Na maioria das vezes, a hepatite A produz sinais e sintomas pouco específicos, podendo passar despercebida. A principal via de contágio é a fecal-oral, por contato inter-humano ou por água e alimentos contaminados. Não existe tratamento para a forma aguda da doença, exceto o repouso, que acaba sendo imposto pela própria condição do paciente. Melhoria das condições de vida, adequação do saneamento básico e medidas educacionais de higiene constituem as melhores estratégias de prevenção.


Em relação à hepatite A, a Fiocruz também tem novidades na área de diagnóstico. Uma nova metodologia para detecção do vírus da hepatite A com base em amostras de saliva pode contribuir para o controle epidemiológico da doença durante surtos. Diferentemente do diagnóstico com base em amostras de sangue, utilizado hoje, o método inédito validado pelo Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC permite identificar os casos da doença mesmo em pessoas infectadas que estão no chamado período de janela imunológica (antes de produzirem anticorpos para combater o vírus).


"O diagnóstico laboratorial e a investigação de surtos de hepatite A geralmente dependem de estudos sorológicos e epidemiológicos, mas alguns fatores, como a dificuldade de coleta de sangue em crianças, têm acelerado a procura de fluidos alternativos para o diagnóstico da doença", avalia a biomédica Luciane Amado. Além disso, a evolução assintomática da hepatite A contribui para a disseminação da doença e, por isso, detectar o vírus rapidamente é fundamental para o controle de surtos – daí a importância de um teste que permita a detecção do vírus mesmo durante a janela imunológica.


A pesquisa de Luciane demonstrou, inclusive, que o fluido oral apresenta maior virulência que amostras de sangue. A nova metodologia, que usa a técnica de PCR em tempo real para a análise da saliva, já foi testada satisfatoriamente no estudo de dois surtos – em 2005, na comunidade do Jacarezinho, no município do Rio de Janeiro, e em 2008, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense –, além de um inquérito na comunidade ribeirinha de Rio Pardo, em Manaus. "A coleta de saliva para detecção do vírus mostrou-se bastante eficiente tanto para o diagnóstico molecular do vírus quanto para o estudo epidemiológico de surtos e pode ser uma importante ferramenta para o controle da hepatite A, sobretudo entre crianças. Além de permitir o diagnóstico precoce da doença, ao contrário da coleta de sangue, o método é feito de maneira não invasiva, o que facilita todo o processo", conclui Luciane.


Publicado em 27/5/2009.

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