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16/05/2007

História também é ciência

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Ao receber no Colégio Pedro 2º o convite para participar do processo seletivo para o Programa de Vocação Científica (Provoc) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz, Eliza da Silva Vianna não se animou muito. A aluna, que desde pequena gosta de estudar história e sonha em ser escritora, não via espaço para suas atividades preferidas em uma instituição de saúde. No entanto, convencida por uma professora, decidiu inscrever-se mesmo assim.


 Eliza da Silva Vianna (à dir.) e a orientadora Dilene Raimundo do Nascimento (Foto: Ana Limp)

Eliza da Silva Vianna (à dir.) e a orientadora Dilene Raimundo do Nascimento (Foto: Ana Limp)


Surpresa. Uma das opções oferecidas aos novos participantes do Provoc era o Laboratório de História da Medicina e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC). Como orientadora, teria justamente a doutora em História autora de diversos livros sobre história das doenças. “A primeira coisa que ela me deu para ler foi um capítulo de livro que ainda não tinha sido publicado. Achei o máximo estar num lugar onde as pessoas escrevem e publicam livros”, exalta a estudante.


Foi assim, após perceber que o trabalho no laboratório lhe cairia como uma luva, que Eliza, na época com 15 anos, se apaixonou por estudar o surgimento da epidemia de Aids no Brasil. Seu estudo era baseado nas reportagens sobre a doença publicadas em jornais da década de 80. “Trabalhei a concepção que as pessoas foram construindo sobre a Aids, desde considerar uma doença apenas de gays até aceitar que qualquer um poderia pegá-la”, conta.


Durante a segunda etapa do Programa, Eliza tomou parte num projeto sobre as epidemias de dengue de 1986 a 2002. “Foi quando eu conheci o trabalho do historiador Charles Rosenberg, que compara a evolução das epidemias a atos de uma peça teatral”, lembra. “Foi uma das coisas mais interessantes que já li”.


Para a adolescente, que aguarda o início da faculdade de história, a lição mais importante ensinada em sua passagem pelo Provoc é a descoberta do mundo da pesquisa, que ajudou a desvendar o outro lado das matérias de que gostava no colégio. “Acompanhei vários pesquisadores trabalhando, produzindo. Eles escrevem a História. É isso o que eu quero fazer”.

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