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26/05/2008

Hospitalização de bebês tem impacto negativo sobre o aleitamento materno

Catarina Chagas


Um estudo feito no centro pediátrico da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com 97 crianças menores de 4 meses de idade sugere um despreparo dos hospitais para apoiar e incentivar a amamentação. Segundo o trabalho, publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, fatores como limitações físicas do hospital e ausência de programas de incentivo ao aleitamento materno dificultam a manutenção dessa prática durante a internação dos bebês. A pesquisa incluiu crianças internadas na Unidade de Pequenos Lactentes do Centro Pediátrico Professor Hosannah de Oliveira da UFBA com diagnóstico de pneumonia ou bronquiolite. Além de entrevistar as mães, os pesquisadores avaliaram os prontuários de cada paciente, com atenção especial às anotações sobre a alimentação dos bebês.


 De acordo com os autores da pesquisa, é preciso investir na capacitação e esclarecimento dos profissionais de saúde sobre a importância do aleitamento materno (Foto: Prefeitura de Rio Branco)

De acordo com os autores da pesquisa, é preciso investir na capacitação e esclarecimento dos profissionais de saúde sobre a importância do aleitamento materno (Foto: Prefeitura de Rio Branco)


No momento da internação, 57,1% das crianças faziam amamentação exclusiva, índice que pode ser considerado baixo uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o aleitamento materno exclusivo para todas as crianças de até seis meses de vida. Ao longo da internação, 35,4% desses bebês interromperam a amamentação exclusiva pela introdução da fórmula láctea no hospital.


Alguns fatores podem explicar isso, como a falta de práticas de incentivo à amamentação e dificuldades de ordem física, como o desconforto das acomodações para as mães e o fornecimento de poucas refeições ao dia. Além disso, muitas mães vivem longe do hospital e têm outras crianças que exigem atenção, o que dificulta sua permanência em tempo integral no centro pediátrico.


Outro resultado intrigante é que não se obteve associação entre a relação de exames pré-natais e a idade do desmame. “Isso pode refletir a pequena ênfase do pré-natal no incentivo à gestante para adoção do aleitamento materno”, alerta a coordenadora do estudo, Edna Lúcia Souza, que observa um alto grau de desinformação das mães sobre o tema.


Porém, para a equipe da UFBA, essas dificuldades não podem ser obstáculos intransponíveis ao hábito da amamentação. É preciso, portanto, investir na capacitação e esclarecimento dos profissionais de saúde sobre a importância do aleitamento materno. “É imperativo que os hospitais pediátricos contornem as dificuldades de ordem física e que se faça sensibilização e treinamento permanente dos profissionais envolvidos com a assistência a essas crianças, no sentido de assegurar o aleitamento materno nos primeiros 6 meses de vida, enfatizando esta necessidade durante a hospitalização”, conclui a pesquisadora.

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