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03/06/2009

IBGE utiliza indicador de saúde ambiental da Fiocruz

Rita Vasconcelos


O relatório anual sobre Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicou um capítulo específico para doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI), na dimensão social saúde, retratando as internações hospitalares relacionadas a esse tipo de saneamento. A representação deste cenário social foi possível devido à criação de um novo indicador de saúde, elaborado pelos pesquisadores da Fiocruz Pernambuco André Monteiro Costa e Carlos Pontes, este último colaborador da instituição.


 As doenças relacionadas ao saneamento inadequado são apresentadas em categorias pelo indicador 

As doenças relacionadas ao saneamento inadequado são apresentadas em categorias pelo indicador 


O indicador foi construído a partir de um novo conceito que considera a inadequação do saneamento e não a sua ausência. "Consideramos que as pessoas sempre dão um jeito de sanear suas casas. Mesmo não havendo um sistema de saneamento formal, elas encontram alternativas: enterram os dejetos, fazem fossas, canaletas etc", explicou Monteiro, que é engenheiro sanitarista. Assim, o indicador foi construído a partir da razão entre o número de internações hospitalares por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) por 100 mil habitantes.


A falta de saneamento sempre foi apontada pelos que atuam na área da saúde como uma das principais causas de doenças evitáveis. No entanto, essas projeções eram feitas sem que houvesse um indicador que estimasse quais doenças eram realmente consequência da falta de saneamento e o número de casos por doença. Com o novo indicador os dados ficaram mais próximos da realidade. "Não dava para saber a dimensão exata da situação porque doenças como as diarreias, que são responsáveis por um grande número de casos, na guia de internação não têm as suas causas especificadas, indicando se foram ocasionadas por problemas ligados ao saneamento inadequado ou por uma intoxicação alimentar. Com o novo indicador conseguimos traçar um cenário mais próximo do real", esclareceu Monteiro.


No quadro apresentado pelo IBGE, construído pelos pesquisadores da Fiocruz Pernambuco, as doenças relacionadas ao saneamento inadequado são apresentadas em cinco categorias, de acordo com a sua forma de transmissão. São elas: doenças de transmissão feco-oral (diarreias, febres entéricas, hepatite A); doenças transmitidas por inseto vetor (dengue, febre amarela, leishmanioses, filariose linfática, malária, doença de Chagas); doenças transmitidas pelo contato com a água (esquistossomose, leptospirose); doenças relacionadas com a higiene (doença dos olhos, tracoma, conjuntivites, doenças de pele, micoses superficiais); e geo-helmintos e teníases (helmintíases, teníases).


Para Monteiro, embora o número de algumas doenças venha apresentando uma queda ao longo dos anos, os casos ainda são inadmissíveis, uma vez que todas são evitáveis e que não deveriam acontecer na magnitude que ainda ocorrem. "As pessoas têm direito a saneamento adequado. É dever do Estado provê-lo", assegurou o pesquisador.


Dos 6,5 bilhões de habitantes em todo o mundo, menos de 2,5 bilhões têm acesso à água e a saneamento. Em Pernambuco, apenas 46,8% das habitações contam com sistema de esgotamento sanitário por rede coletora. A perspectiva é de uma mudança de cenário, pois o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, destinou R$ 1,1 bilhão de reais para o Governo de Pernambuco investir em obras e ações ligadas ao saneamento, até 2010, além de outros R$ 334,7 milhões repassados pela Funasa para o mesmo fim.


Publicado em 2/6/2009.

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