26/03/2015
A complexidade que permeia os campos da comunicação e da saúde foi o ponto central da conferência do professor português Adriano Duarte Rodrigues, que proferiu a aula inaugural do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), na última quarta-feira (25/3). Conhecido por uma sólida produção acadêmica em torno de temas de comunicação e linguagem, o convidado iniciou sua fala com uma provocação: “A relação entre a comunicação e a saúde é um problema”, afirmou.
Para o catedrático, o problema surge pois a comunicação decorre da experiência. “Só temos ou percebemos a experiência da saúde quando deixamos de tê-la. Isso vem do fato de ser uma experiência de dispositivos e de suas falhas”, explicou. Em uma abordagem mais próxima da filosofia, o catedrático evocou aspectos subjetivos da natureza humana. “É um problema insolúvel, assim como a experiência da morte é incomunicável”, concluiu.
Em pouco menos de uma hora, a apresentação abordou ainda a construção do campo da saúde e da comunicação desde a modernidade, assim como o processo histórico da formação das cidades, do direito e da economia, e o que chamou de “disciplinarização” desses campos. “Com isso, impõe-se outro problema que é o da linguagem e da natureza dos discursos da saúde e da comunicação. O discurso médico, que é disciplinar, é esotérico, só compreensível por especialistas”, refletiu. “Por outro lado, o desafio da comunicação é criar o discurso exotérico, aquele que é voltado para fora”, completou.
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