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05/04/2010

Identificada alta prevalência de capacidade mastigatória insatisfatória

Renata Moehlecke


Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, analisaram as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória e fatores associados em 5.124 idosos moradores de 250 municípios brasileiros. A pesquisa concluiu que 49,7% dos consultados possuem problemas bucais que dificultam o ato de mastigar.


 A mudança para dietas pastosas para superar problemas bucais pode agravar o estado nutricional dos idosos em médio prazo, no que se trata da absorção de nutrientes

A mudança para dietas pastosas para superar problemas bucais pode agravar o estado nutricional dos idosos em médio prazo, no que se trata da absorção de nutrientes


“Um dos fatores de diminuição da qualidade de vida e de saúde geral entre os idosos está intimamente relacionado com a possibilidade de ingestão de bons nutrientes que geralmente exigem a presença de dentes naturais sadios ou de próteses dentárias bem adaptadas”, explicam os pesquisadores. “As próteses, quando não estão em boas condições de funcionamento e trituração dos alimentos, acabam por mudar hábitos alimentares, tendo como consequência a depauperação orgânica com o aumento dos problemas digestivos decorrentes de uma apresentação inadequada do bolo alimentar em seu interior”.


Além disso, eles elucidam que a mudança para dietas pastosas para superar tais problemas bucais pode, ao contrário do que se imagina, agravar o estado nutricional dos idosos em médio prazo, no que se trata da absorção de nutrientes. “Enfatiza-se a necessidade de se ter uma dentição em perfeito funcionamento, em nome da ingestão de bons nutrientes, provindos de proteína animal, frutas e verduras, alimentos, estes, de difícil deglutição para pessoas com a capacidade mastigatória diminuída”, comentam os estudiosos. 


No que se refere a idas ao dentista, 66,7% dos consultados relatou uma frequência de visita com periodicidade de três anos ou mais, 60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentaram cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias. “Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de próteses (43,3%)”, afirmam os pesquisadores.


Com relação às variáveis demográficas, a análise apresentou diferenças estatisticamente significativas quanto à cor da pele, sendo que indivíduos de pele negra e parda mostraram as maiores prevalências. Quanto às variáveis socioeconômicas, a capacidade mastigatória insatisfatória aumentou de acordo com o menor grau de escolaridade. Os fatores sexo, idade e localização geográfica não estiveram associados à prevalência em questão.


Os resultados, de acordo com os pesquisadores, revelaram a associação de capacidade mastigatória insatisfatória com nível de renda familiar e utilização de serviços de saúde. “Devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários”, concluem os estudiosos no artigo.


Publicado em 1º/4/2010.

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