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21/03/2006

IFF vira centro de referência para tratamento de mais uma doença genética

Roberta Monteiro


Os avanços da medicina na área da genética médica mostram que portadores de algumas doenças hereditárias, embora ainda não possam contar com a cura definitiva, já conseguem conviver com elas de forma mais branda, graças aos tratamentos que proporcionam o alívio de alguns sintomas e melhoram a qualidade de vida. Há cerca de três meses, o Instituto Fernandes Figueira (IFF), uma unidade da Fiocruz, se tornou centro de referência no Estado do Rio de Janeiro em mais uma doença genética. Trata-se da doença de Pompe, enfermidade hereditária e sem cura que atinge uma criança em cada 40 mil nascimentos em todo o mundo, e entre a população afro-descendente, a relação passa a ser uma em cada 14 mil nascidos.


A doença é caracterizada por um distúrbio metabólico que, na forma de instalação precoce, leva ao acúmulo de glicogênio (açúcar) nos músculos e no coração, impedindo o bom funcionamento destes. O diagnóstico pode ser realizado entre o segundo e o terceiro mês de vida, e a expectativa de vida é de aproximadamente sete meses sem o tratamento adequado. São sintomas da forma de instalação precoce a musculatura flácida, problemas respiratórios progressivos e o aumento do coração (cardiomegalia grave). A principal causa de morte é por insuficiência cardio-respiratória.


Segundo o chefe do Departamento de Genética Médica do IFF, Juan Llerena, a doença também pode ser diagnosticada tardiamente. Neste caso, ela pode se manifestar em indivíduos entre 2 e 60 anos. Embora seja o mesmo defeito enzimático, o geneticista explica que o quadro clínico difere muito da fase de instalação precoce, e tem como principais sintomas a fraqueza dos membros superiores e inferiores, o comprometimento muscular esquelético e a redução da mobilidade. "Como na fase tardia os sinais são semelhantes aos de outras doenças musculares, o problema pode nunca ser detectado ou ser tratado como outra doença", destaca Llerena.


De acordo com Llerena, atualmente, existem cerca de 400 crianças recebendo o tratamento em caráter experimental em todo o mundo. No IFF, identificou-se um caso com a doença de Pompe, mas outras famílias que apresentam características semelhantes a Pompe podem e devem procurar o Instituto, para que possam ser diagnosticadas corretamente e submetidas ao protocolo experimental de tratamento que consiste em reposição enzimática duas vezes ao mês no próprio IFF.


 

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