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21/08/2020

IFF/Fiocruz inaugura alojamento para acompanhantes

Suely Amarante (IFF/Fiocruz)


A presença do acompanhante constitui fonte de proteção, apoio e segurança para o filho e possibilita um conjunto de estímulos que tornam o ambiente hospitalar menos hostil. Além dos laços afetivos e cuidado proporcionados por essa permanência, o direito ao acompanhante em tempo integral de crianças e adolescentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é garantido em lei, através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) desde o ano de 1990 e ratificado em 2016, através da alteração do artigo 12 do ECA.

Como forma de garantir esse direito e reiterar a sua missão de promover saúde para mulheres, crianças e adolescentes, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) inaugurou, recentemente, o alojamento para acompanhantes. A estrutura conta com oito vagas, sendo duas para acompanhantes do sexo/identidade de gênero masculina e seis para o sexo/identidade de gênero feminina. As vagas são solicitadas por profissionais que atuam nas UTIs, sem, contudo, deixar de considerar alguns critérios de prioridade, caso haja mais demanda que vaga disponível. A assistente social do IFF/Fiocruz Karla Figueiredo tem colaborado com a gestão dos espaços com vistas a garantir o seu funcionamento e o melhor atendimento à população usuária.

Segundo a responsável técnica do Serviço Social, Roseli Rocha, muitos acompanhantes compareciam, e ainda comparecem, ao Serviço Social reivindicando o direito de permanecerem com seus filhos durante a internação em UTIs. “Sabemos que esse momento de internação em uma unidade desta gera muita tensão e sofrimento das famílias, que, diante de um quadro grave de saúde de seu filho ou até mesmo de risco de morte, experimentam múltiplos sentimentos: a angústia de voltar para casa sem seu filho ou filha, o medo de ir para casa e ao retornar não encontrá-lo/a mais vivo/a, a sensação de que ao se afastar, mesmo que momentaneamente, esteja abandonando e as incertezas do diagnóstico e da evolução positiva para alta. Esta situação faz com que os/as profissionais de saúde e, sobretudo, a equipe que atende diretamente essa realidade, se mobilizem para a superação das dificuldades institucionais e busquem garantir condições dignas para o atendimento a essas famílias”, enfatizou.

A concretização da iniciativa contou com o apoio da Direção do Instituto, da Coordenação de Atenção à Saúde; do Serviço Social e das Coordenações das áreas assistenciais, que se mobilizaram em favor da seguridade e do direito dos acompanhantes de permanecerem com seus filhos em um ambiente hospitalar mais digno e humanizado. De acordo com Coordenadora de Atenção à Saúde, Dolores Vidal, esse espaço representa uma grande conquista. “O IFF, ao longo dos anos, buscou proporcionar esse direito através da disponibilização de uma cadeira reclinável para os acompanhantes. Todavia, ao conseguirmos organizar um espaço (ainda que com número reduzido de camas) para esses acompanhantes, representa um grande avanço, já que estamos buscando proporcionar melhores condições para sua permanência junto à criança e adolescente. Em geral, temos internações longas, somadas a todo estresse de ter um filho hospitalizado, possuir um local onde os responsáveis possam descansar, de maneira adequada, é fundamental para essas famílias, em especial, as que residem distante do Instituto”, destacou.

No cotidiano hospitalar se observa que, na grande maioria das vezes, a mãe é quem permanece junto ao filho durante todo o período da internação, ou quem vem visitá-lo com maior frequência. Neste sentido, Rayssa da Silva Lago (mãe do pequeno Bento Henrique) define o novo espaço como um ambiente de descanso, em meio ao desconforto da rotina hospitalar. “ O alojamento está sendo uma válvula de escape, um ambiente tranquilo, principalmente para as mães que estão amamentando, como é meu caso. Aqui, posso tirar um cochilo, esticar as pernas, movimentos que são impedidos de serem feitos em uma cadeira de hospital. Além da tranquilidade, temos um frigobar e uma TV que nos proporcionam mais conforto e distração, minimizando o ambiente pesado do hospital. Temos contato com outras mães, isso possibilita a troca de experiências, de compartilharmos os problemas dos nossos filhos. Apesar das dificuldades de permanecer em um hospital, o alojamento tem nos dado esse conforto de deitar, dormir e descansar a mente”, ressaltou.  

A responsável técnica do Serviço Social reconhece a importância da iniciativa, mas admite que o ambiente precisa ser ampliado para dar conta da demanda que o Instituto atende. “Embora o alojamento seja uma medida de extrema relevância social no âmbito da saúde, ainda estamos em processo de sua efetiva implementação, pois, a necessidade de espaço físico é uma demanda ainda maior do que o número de vagas que podemos hoje ofertar. Assim, com vistas a minimizar essas dificuldades, construímos algumas recomendações e critérios de prioridade, tendo o cuidado de não usá-los com mais um fator de dificuldade de acesso, mas ao contrário, buscando, dentro do que dispomos, atender às situações mais urgentes e complexas sob o ponto de vista do quadro clínico da criança ou adolescente e das condições sociais de suas famílias, sobretudo, nessa conjuntura de pandemia da Covid-19”, finalizou Roseli.

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