Início do conteúdo

05/03/2007

IML e Fiocruz divulgam dados sobre intoxicação por álcool e demais drogas

Alessandro Pereira


Um convênio firmado entre o Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp), unidades da Fiocruz, com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro revelou que as drogas de abuso estão presentes em cerca de 40% dos casos de mortes por intoxicação. A análise foi feita a partir de 12 mil laudos do Instituto Médico Legal (IML) e o resultado é uma base de dados disponível no Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, o Sinitox. De acordo com a coordenadora do Sinitox, Rosany Bochner, a parceria é uma iniciativa inédita no Brasil. “A divulgação desses dados amplia o acesso a informações que nos ajudam a compreender a realidade do estado”, afirma a pesquisadora.


 Agente de trânsito do Distrito Federal testa aparelho de bafômetro para medir o nível de álcool no sangue (Foto: Gervásio Baptista/ABr)

Agente de trânsito do Distrito Federal testa aparelho de bafômetro para medir o nível de álcool no sangue (Foto: Gervásio Baptista/ABr)


A análise demonstrou que o álcool causa nove vezes mais mortes de homens que de mulheres, estando principalmente ligadas aos acidentes de trânsito. A desigualdade entre gêneros também se repete nas demais substâncias tóxicas (maconha, cocaína, anfetaminas, medicamentos e agrotóxicos). Enquanto 3.290 exames mostraram a presença de alguma substância tóxica em homens, apenas 822 detectaram a ação desses produtos em mulheres. As pessoas entre 30 e 39 anos são as maiores vítimas das drogas de abuso (15,5%).


A Região Metropolitana apresenta os maiores registros. Somente o Município do Rio de Janeiro responde por quase 70% das ocorrências no estado. Os dados apresentados pelo Sinitox correspondem ao período de 1998 a 2003. No entanto, para os pesquisadores envolvidos no projeto ainda é preciso avançar em alguns obstáculos para aumentar o mapeamento dos casos. Segundo Sérgio Rabello Alves, pesquisador do IML e do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), da Ensp, muitos casos de óbito por intoxicação não constam no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, pois é freqüente a liberação de laudos provisórios, que nem sempre são atualizados na base de dados do SIM, após o término da investigação.


De acordo com Jefferson Oliveira Silva, que também é pesquisador da Ensp e coordenador do Centro de Estudos do Departamento de Polícia Técnico Científica da Polícia Civil, a parceria entre as instituições representa a evolução dos setores de segurança e saúde no estado. “Essa iniciativa só foi possível porque hoje há um entendimento que os dados de segurança pública também são importantes para a saúde pública. É necessário ter uma integração maior entre esses dois campos”, comenta.


O IML é responsável pelo exame de pessoas envolvidas em casos de violência, como lesão corporal e acidente de trânsito; e de dependência química. Sendo as delegacias da Polícia Civil, responsáveis pelo encaminhamento dos indivíduos. Os dados sobre intoxicação registrados no IML podem ser acessados no site do Sinitox.

Voltar ao topo Voltar