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13/07/2005

Indivíduos expostos ao HIV e não infectados são tema de palestra em conferência internacional de Aids

Adriana Melo e Fernanda Marques








Alguns indivíduos estão expostos ao HIV mas não são infectados pelo vírus. É o caso de profissionais do sexo no Quênia e bebês expostos durante o parto ou a amamentação em Nairobi. O que existe de especial na resposta imunológica desses indivíduos que os protege da Aids? Responder a essa pergunta tem sido o objetivo das pesquisas de Sarah Rowland-Jones, do Instituto de Medicina Molecular Weatherall, no Reino Unido. Na 3ª Conferência da Sociedade Internacional de Aids sobre Patogênese e Tratamento do HIV, no Rio de Janeiro, ela foi uma das palestrantes da sessão plenária desta terça-feira (26/07). Também participaram dessa plenária Amalio Talenti, da Universidade de Lausanne, na Suíça, e Salim Abdool Karim, diretor do Centro do Programa de Pesquisa em Aids da África do Sul.












André Az/Fiocruz


Amalio Telenti
 

 


Em relação aos bebês de Nairobi expostos ao HIV e não infectados pelo vírus, Sarah descobriu que eles desenvolvem uma resposta imunológica que envolve células T do tipo CD8. Talvez estratégias capazes de ativar uma resposta semelhante possam ser usadas para desenvolver uma vacina contra a Aids. Mecanismos que modulem a ação de células T do tipo CD4 também podem ser úteis para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença. Sarah chegou a essa conclusão ao estudar pessoas infectadas com o HIV do tipo 2, que, se comparado ao do tipo 1, causa uma doença de progressão mais atenuada. Na resposta imunológica ao HIV-2, mas não ao HIV-1, células T do tipo CD4 produzem de forma combinada duas substâncias - interferon-gama e interleucina-2 - que combatem o vírus.


Talenti chamou a atenção para os fatores genéticos que podem nortear os estudos de novos tratamentos contra a Aids. Como exemplo ele citou que algumas pessoas têm receptores celulares aos quais o HIV tem mais dificuldade de se ligar, o que seria um fator de proteção. Outras pessoas, por sua vez, podem ter mais cópias de um gene que codifica uma proteína que facilita a ação do vírus. As características genéticas do podem determinar se uma determinada droga causará mais ou menos efeitos colaterais ao paciente. Por isso, Talenti sugere que a genética seja levada em conta na hora de prescrever um tratamento.


Karim apresentou dados sobre a Aids na África do Sul. Nesse país, o HIV/Aids é a principal causa de mortes, sendo responsável por 39% delas. "Para reduzir essa taxa de mortalidade, a terapia anti-retroviral desempenha papel decisivo", disse o pesquisador. "Mas a prevalência do HIV pode continuar aumentando se as estratégias de tratamento não forem acompanhadas por medidas de prevenção", completou. Embora os anti-retrovirais reduzam a carga viral no sangue, no sêmen e na vagina e diminuam a transmissão de mãe para filho, se os pacientes em tratamento não forem bem orientados, eles podem continuar tendo comportamentos de risco.


Julho/2005

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