02/08/2024
Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
Divulgado nesta sexta-feira (2/8), o novo Boletim InfoGripe observou, nas últimas semanas, um maior número de hospitalizações por Covid-19 entre os idosos em alguns estados do Nordeste, no Amazonas e em São Paulo. Apesar desse aumento, as internações pela Covid-19 ainda se mantêm em patamares baixos quando comparadas ao histórico de circulação do vírus causador da doença. Diante desse cenário, os pesquisadores orientam que os hospitais e as unidades sentinelas de síndrome gripal dessas regiões reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento expressivo na disseminação do vírus.
Referente à Semana Epidemiológica (SE) 30, de 21 a 27 de julho, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 de julho. O estudo constatou também aumento das internações por Influenza A entre os idosos em alguns estados das regiões Sul e Sudeste, apesar de já haver sinal de interrupção do crescimento em outros estados da região Centro-Sul.
Em relação ao vírus sincicial respiratório (VSR), a interrupção do crescimento ou a redução do número de internações em crianças até dois anos está mais consolidada em diversas regiões do país; no entanto, Santa Catarina e Roraima ainda apresentam indícios de crescimento. O aumento de casos de SRAG verificados na Bahia e, possivelmente, no Piauí deve-se principalmente ao crescimento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes.
No agregado nacional, o InfoGripe aponta sinal de queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Essa diminuição é atribuída a uma queda ou interrupção no crescimento das Síndrome Respiratória Aguda Greve (SRAG) por VSR e Influenza A em muitos estados do país, embora ainda estejam em ascensão em alguns outros estados do território nacional. O vírus VSR se mantém como a principal causa de internação e óbitos em crianças até dois anos de idade, ainda que demonstre queda nas últimas semanas. Outro vírus respiratório com destaque para a incidência de SRAG em crianças é o rinovírus. A mortalidade da SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante entre crianças pequenas e idosos. Nesses últimos, destacam-se aquelas associadas ao vírus da gripe, Influenza A e à Covid-9.
Estados e capitais
Segundo a atualização, três das 27 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Bahia, Piauí e Roraima. Pesquisadora do Programa de Computação Cientifica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, Tatiana Portella ressalta que a atualização observou manutenção do aumento das internações por influenza A entre os idosos em alguns estados das regiões Sul e Sudeste, apesar de já haver sinal de interrupção do crescimento em outros estados da região Centro-Sul.
“Em relação ao VSR, a interrupção do crescimento ou a redução do número de internações em crianças até dois anos está mais consolidada em diversas regiões do país. Contudo, os estados de Santa Catarina e Roraima ainda apresentam sinal de aumento. O aumento de casos de SRAG na Bahia e, deve-se principalmente ao aumento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. Ainda não é possível determinar o vírus associado ao crescimento de casos de SRAG no Piauí, mas, levando em conta o cenário nacional e a faixa etária mais afetada (5-14 anos), é possível que esse aumento também seja decorrente do rinovírus”, afirmou a pesquisadora.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência tem apresentado maior impacto em crianças pequenas, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos, sendo esta a segunda maior causa de óbitos por SRAG nessa faixa etária. Porém, os impactos tanto em hospitalizações quanto em óbitos são inferiores aos observados atualmente para os vírus VSR e rinovírus em crianças, e influenza A em idosos.
Entre as capitais, quatro apresentam crescimento nos casos de SRAG: Salvador (BA), Teresina (PI), Vitória (ES) e Florianópolis (SC). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 21,9% para influenza A; 1,1% para influenza B; 33,1% para VSR; e 11,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Quanto aos óbitos, a prevalência entre os casos positivos foi de 38,6% para influenza A; 1,7% para influenza B; 13,3% para VSR; e 27,8% para Sars-CoV-2.
Ano epidemiológico
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 104.734 casos de SRAG, sendo 51.108 (48,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 40.247 (38,4%) negativos, e ao menos 7.555 (,.2%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, 19,3% são influenza A; 0.5% influenza B, 44,4% vírus sincicial respiratório, e 18,1% Sars-CoV-2 (Covid-19).