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17/01/2007

Iniciação sexual de homens não se dá apenas pela atração física

Fernanda Marques


Fatores sociais, históricos e culturais influenciam a iniciação sexual dos rapazes, que têm motivações diferenciadas na hora de decidir quando perder a virgindade. A constatação foi feita por pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP), que assinam um artigo na edição de janeiro da revista Cadernos de Saúde Pública. De acordo com o artigo, o antigo padrão de masculinidade – em que a vida sexual do adolescente é movida pelo desejo físico – convive com outros modelos – em que o jovem associa o sexo ao amor.


 De acordo com a pesquisa, a iniciação sexual ocorreu, em média, aos 15 anos (Foto: Peter Ilicciev)

De acordo com a pesquisa, a iniciação sexual ocorreu, em média, aos 15 anos (Foto: Peter Ilicciev)


As pesquisadoras Ana Luiza Vilela Borges, da Escola de Enfermagem, e Néia Schor, da Faculdade de Saúde Pública, entrevistaram 184 rapazes de 15 a 19 anos, residentes na Zona Leste do município de São Paulo. Elas verificaram que a maioria dos adolescentes (53,3%) ainda não tinha iniciado sua vida sexual. Os principais motivos relatados foram não ter encontrado a pessoa certa, considerar-se muito novo e querer se casar virgem. Contudo, 11,2% desses jovens “revelaram o desejo imediato de iniciação sexual e iriam aproveitar a primeira oportunidade que surgisse”.


Por outro lado, 46,7% dos entrevistados contaram já ter iniciado sua vida sexual. Nesse caso, as principais razões apontadas foram atração, curiosidade e vontade de perder a virgindade. Porém, 8,1% desses adolescentes disseram que o amor motivou sua iniciação sexual.


“Uma comparação entre os argumentos dos adolescentes com e sem experiência sexual faz emanar um certo contraponto entre ambos, sugerindo um duplo padrão social no âmbito da primeira experiência sexual”, diz o artigo. Embora uma parte dos rapazes demonstre uma premência física e instintiva para o sexo, este não é o comportamento de todos os adolescentes. Existe um grupo significativo que valoriza o sentimento de amor e entrega à pessoa amada.


Ambas as atitudes precisam ser respeitadas e levadas em conta pelas políticas e programas de saúde. “Os profissionais de saúde devem estar preparados para a diversidade dos modos de viver a adolescência e de viver a sexualidade na adolescência, bem como para o impacto que tais decisões podem ocasionar na saúde sexual e reprodutiva dos homens adolescentes”, diz o artigo.


Para evitar os riscos do sexo desprotegido, os profissionais de saúde devem conhecer a idade mais comum em que acontece a iniciação sexual dos rapazes. Na pesquisa da USP, a iniciação sexual dos adolescentes ocorreu, em média, aos 15 anos, o que está de acordo com outros estudos semelhantes. As pesquisadoras da USP ofereceram aos jovens entrevistados preservativos e panfletos educativos sobre a prevenção da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

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