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03/10/2011

Investigação de como o T. cruzi vence o sistema imunológico dá prêmio à Fiocruz

Marcelo Garcia


Um estudo que pode ajudar no desenvolvimento de marcadores capazes de apontar a presença do parasito Trypanosoma cruzi em hospedeiros assintomáticos, de forma precoce e ainda na fase aguda da doença de Chagas, deu ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) o prêmio de melhor Apresentação Oral no 27º Encontro Anual da Sociedade de Protozoologia e 38º Encontro Anual de Pesquisa Básica em doença de Chagas, realizado em Foz do Iguaçu. Apresentado pela aluna de pós-doutorado Poliana Deolindo e orientado pelo pesquisador Marcel Ramirez, ambos do Laboratório de Biologia Molecular de Parasitas e Vetores do IOC, o projeto identificou um novo mecanismo de evasão parasitária ao analisar a interação do protozoário com as células do sistema defensivo dos hospedeiros mamíferos e pode ajudar a criar métodos para detecção da presença do T. cruzi.


 Microvesículas são liberadas da membrana dos monócitos após contato com formas infectivas do <EM>T.cruzi</EM>, auxiliando o processo de infecção do parasita. A imagem mostra os monócitos THP-1 corados com DAPI(núcleo em azul) e PKH-26 (membrana em vermelho)

Microvesículas são liberadas da membrana dos monócitos após contato com formas infectivas do T.cruzi, auxiliando o processo de infecção do parasita. A imagem mostra os monócitos THP-1 corados com DAPI(núcleo em azul) e PKH-26 (membrana em vermelho)


A pesquisa analisou um possível mecanismo utilizado pelo protozoário para burlar o sistema imune dos mamíferos. “Os resultados de testes in vivo e in vitro apontam que, ao entrar em contato com os monócitos, células responsáveis pela defesa do nosso organismo, o T. cruzi os induziria a liberar microvesículas, formadas essencialmente por lipídeos e proteínas, que seriam utilizadas pelo parasito para superar as defesas do organismo e para facilitar sua entrada em células hospedeiras, onde pode realizar sua reprodução”, explica Marcel. “Considerando que a fase aguda da doença de Chagas é, em geral, assintomática e que pode levar décadas para que a forma crônica se manifeste, a identificação de marcadores que sinalizem a infecção de células pelo T. cruzi no organismo poderia levar ao diagnóstico precoce da doença”, destaca.


O trabalho vencedor foi escolhido entre outros 60 na categoria Apresentação Oral sobre o tema Biologia Celular. O pesquisador ressalta a importância do prêmio para o reconhecimento da pesquisa básica e da excelência do conhecimento gerado no Instituto. “Premiações como esta são muito importantes para a valorização da pesquisa básica no Brasil, que muitas vezes enfrenta mais dificuldades, por ser demorada ou não ser aplicada de forma imediata em melhorias na saúde pública”, avalia Marcel. “Além disso, como o evento contou com a participação de pesquisadores de diversas partes do Brasil e do mundo, o desempenho do IOC reforça seu papel de prestígio internacional e sua importância na produção de conhecimento de fronteira na área da biologia celular e molecular”, finaliza.


Publicado em 30/9/2011.

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