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07/04/2022

Jornalismo: a voz da Ciência na pandemia de Covid-19

Everton Lima (IFF/Fiocruz)


Desde a notificação da Covid-19, pesquisadores e especialistas de todo o mundo, incluindo os da Fiocruz, estão construindo conhecimento para o enfrentamento da doença, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a maior crise sanitária mundial da atualidade. Então, coube ao Jornalismo dar voz aos pesquisadores e cientistas ao longo da cobertura da pandemia, pois é através dos veículos de imprensa que a ciência pode ser ouvida e colocada em prática.

Na própria Fundação, muitos pesquisadores compreenderam a necessidade de se comunicar bem com os diversos grupos e segmentos da sociedade, tomando essa tarefa como parte de suas contribuições, visto que, é fundamental ouvir especialistas da área de saúde para evitar a propagação do vírus. A importância dessa parceria se reflete nos dados conquistados: de acordo com levantamento realizado, em 2021, o trabalho da imprensa soma 26% do impacto da Fiocruz na imprensa. Já os porta-vozes têm 50,5% do impacto, tidos como referência para todas as frentes da crise, da vacina às novas cepas e para aconselhar o público do cenário epidemiológico. O Observatório Covid-19 Fiocruz e InfoGripe se tornaram pilares da exposição da Fiocruz na imprensa, com divulgação semanal em veículos nacionais e regionais, em todas as plataformas.

Para abordar a temática e celebrar o Dia do Jornalista (7/4), o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) convidou a coordenadora de Comunicação Social (CCS) da Fiocruz, Elisa Andries; e a jornalista da TV Globo e escritora, Sônia Bridi, pelas suas contribuições na luta pela valorização da profissão. Confira as entrevistas abaixo. E leia mais no site do IFF/Fiocruz

IFF/Fiocruz: Qual a importância da Comunicação para o cumprimento da missão da Fiocruz ao longo da pandemia?

Elisa Andries: A Fiocruz tem ocupado um lugar de destaque nesta pandemia e realizado um trabalho relevante para toda a sociedade brasileira e no plano da saúde global. A produção de vacina, de boletins epidemiológicos, a criação de um hospital de referência e a vigilância genômica estão entre as ações que fizeram diferença nesta crise sanitária internacional, ocupando um lugar de destaque na imprensa e nas redes sociais. Além da divulgação de estudos e ações de grande importância sanitária, a Comunicação atuou na formulação e no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da pandemia, escuta e diálogo com a sociedade, promoção da saúde coletiva e, consequentemente, fortalecimento do SUS. A experiência na gestão de crises sanitárias anteriores também contribuiu para o cumprimento do papel social da Fiocruz.

IFF/Fiocruz: Quais iniciativas, produzidas no contexto da Comunicação da Fiocruz, destaca no enfrentamento da Covid-19?

Elisa Andries: Foram muitas iniciativas de sucesso, como a criação de uma área especial sobre vacinas na Agência Fiocruz de Notícias e no Portal Fiocruz, até a produção de peças variadas para o projeto Se Liga no Corona, que atuou nas comunidades da Maré e de Manguinhos, em um primeiro momento, e depois foi ampliado para várias outras comunidades brasileiras. Trabalhamos com cards e vídeos para comunidades indígenas, com a consultoria de pesquisadores da Fiocruz. Marcamos presença nas redes sociais com parcerias com o Facebook e o Twitter para garantir informações de qualidade para o público destas redes. Também destaco o importante papel do Observatório Covid-19, integrado por pesquisadores, que norteou ações e atividades nos municípios e estados, além de ser uma importante referência para a população e para a imprensa.

IFF/Fiocruz: Como avalia as contribuições da Comunicação do IFF/Fiocruz nos esforços da Fundação e para a sociedade em meio à crise sanitária?

Elisa Andries: A Comunicação do IFF/Fiocruz se somou aos esforços da CCS e dos demais núcleos e unidades da Fiocruz, trabalhando a Covid-19 no âmbito da saúde da mulher, da criança e do adolescente, em alinhamento com todos os demais Núcleos de Comunicação. Este alinhamento é fundamental para uma comunicação de qualidade.

IFF/Fiocruz: Um dos pilares essenciais para o Jornalismo é contar com fontes confiáveis para disseminar informações seguras. Como você analisa essa parceria com os pesquisadores da Fiocruz e o crescimento significativo da presença da Fundação nos veículos de imprensa e redes sociais?

Elisa Andries: A participação constante de pesquisadores da Fiocruz na mídia foi um dos aprendizados da pandemia. Destacaria a doutora, Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), que ganhou enorme projeção a partir de sua participação na mídia. Além dela, os pesquisadores do Observatório, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e de unidades como o IFF/Fiocruz também abraçaram a comunicação e a divulgação científica como atividades fundamentais durante toda a pandemia.

IFF/Fiocruz: Em um trecho de uma fala da presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, ela enfatizou o papel potente, necessário e estratégico da Comunicação: “a informação qualificada, contextualizada, integrada e analisada é algo que tem o valor de uma vacina”. Como você avalia esse reconhecimento?

Elisa Andries: A comunicação, em última análise, salva vidas. Informações relevantes e confiáveis são fundamentais para o controle social, para que a sociedade tome medidas de proteção individual e coletiva. Com certeza, trabalhar na Comunicação da Fiocruz nesta pandemia tem sido o maior desafio da minha vida profissional. Um aprendizado para a vida.

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IFF/Fiocruz: Qual a importância do Jornalismo, principalmente durante a pandemia de Covid-19?

Sônia Bridi: Gostamos de dizer que nós, jornalistas, salvamos vidas, mas isso foi verdade mesmo durante a pandemia. Diante do negacionismo e curas falsas que facilitaram o contágio, foi o jornalismo profissional que fez o papel de alertar, prevenir e orientar a população.

IFF/Fiocruz: Como você se adaptou ao "novo normal" imposto pela pandemia para continuar desempenhando as suas atividades?

Sônia Bridi: Fui correspondente internacional, com o escritório da Globo dentro de casa, por 5 anos, em Pequim e Paris. Retomei parte dessa rotina, com a vantagem de termos boa internet e uma gama de aplicativos que permitem fazer videochamadas. Só saí de casa quando era impossível reportar de lá. Quando a gente sabe o que está em jogo, se adapta mais fácil. Acho que a compreensão do perigo é um aliado na resiliência emocional.

IFF/Fiocruz: Em meio à pandemia e a enxurrada de fake news, coube ao Jornalismo dar voz aos pesquisadores e cientistas durante a cobertura da Covid-19 no Brasil e no mundo. Como você avalia essa relação do Jornalismo com a Ciência?

Sônia Bridi: Acho que foi um momento muito bom de relacionamento da ciência com o jornalismo. Essa relação nem sempre é fácil. Ainda há jornalistas que resistem a estudar o processo científico e, portanto, não dão a ele o devido valor. E há cientistas que ainda pensavam que divulgação científica é exibicionismo, não serviço público. A pandemia derrubou esses muros.

IFF/Fiocruz: Quais dicas você gostaria de compartilhar com a sociedade para combater as fake news?

Sônia Bridi: Procure o jornalismo profissional, veja quem está te informando. Jornalista profissional precisa seguir regras, o resto é a selva. Pode até ter gente bem-intencionada, mas a grande maioria é de agentes de propaganda, feita para enganar, não para informar.

IFF/Fiocruz: Como você analisa as inúmeras iniciativas produzidas pelas instâncias de Comunicação da Fiocruz no enfrentamento à pandemia?

Sônia Bridi: Acompanhei algumas delas de perto e tenho certeza de que foram fundamentais para que o país não enfrentasse essa crise imensa de olhos vendados. A produção de vacinas nos deu ferramentas para combater a Covid-19. Só tenho orgulho do que a Fiocruz fez e representa.

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