Início do conteúdo

13/06/2011

Kit identifica as principais infecções por E.coli na Região Norte

Ana Paula Gioia Lourenço


A recente epidemia de infecção causada pela nova cepa (O104:H4) da bactéria Escherichia coli entero hemorrágica (EHEC), ocorrida na Alemanha, tem causado grande repercussão por ter levado dezenas de pessoas à morte. Cientistas de todo o mundo têm tentado explicar as ocorrências e encontrar formas de prevenção e tratamento. No Amazonas, a pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) Patrícia Orlandi, em 2007, iniciou um importante estudo em crianças de até 10 anos que apresentavam diarreia aguda e, recentemente, juntamente com Carolinie Nobre, desenvolveu um método de diagnóstico rápido por multiplex PCR, que identifica as variantes da bactéria, durante o projeto Investigação dos fatores de virulência de Escherichia coli diarreiogênicas emergentes na cidade de Manaus, apoiado pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).


 A transmissão da <EM>E. coli</EM> ocorre pela ingestão de alimentos e água contaminados com fezes 

A transmissão da E. coli ocorre pela ingestão de alimentos e água contaminados com fezes 


Segundo Patricia, a transmissão da E. coli ocorre pela ingestão de alimentos e água contaminados com fezes de gado. O período de incubação no organismo varia de três a quatro dias e se agrava após sete dias do início da infecção. Conforme orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o tratamento recomendado é apenas com soro para repor a hidratação perdida, sendo os antibióticos usados apenas nos casos graves, em que a diarreia persiste por mais de quaatro dias. “Antes de medicar os pacientes, se faz necessário  identificar a causa da diarreia, se é por vírus ou bactéria. No caso da EHEC, não se deve tratar com antibióticos, pois estes causam 'estresse bacteriano' e a liberação das Shiga Toxinas 1 e 2, que juntas causam a síndrome hemolítica-urémica (SHU), provocando anemia hemolítica microangiopática (destruição das células vermelhas do sangue), fezes sanguinolentas e falha renal, agravando o quadro em 25% dos casos e levando a óbito de 3 a 5%”, explicou Orlandi.


Durante o estudo, Patricia e Carolinie observaram que há muitos casos de infecção pela E.coli no Amazonas, porém não detectou, nas amostras, a existência de duas toxinas o mesmo tempo. A pesquisadora não descarta a possibilidade de ocorrer a síndrome hemolítico-urémico (SHU) no Amazonas, por isso enfatiza que é necessário fazer o diagnóstico precoce, evitando, dessa forma, as complicações que podem levar o paciente à morte. Para prevenir, basta tomar medidas simples como lavar bem as mãos antes de manipular os alimentos e evitar comer carnes mal-passadas e vegetais crus.


Em 1982, a bactéria foi reconhecida, pela primeira vez, como causa de enfermidade nos  Estados Unidos, durante um surto de diarreia sanguinolenta severa, ocasionada pela ingestão de hambúrgueres mal passados contaminados com E. coli O157:H7. Desta vez, a cepa O104:H4 está se alastrando pela Europa e já superou o número de 1,6 mil infectados, provavelmente, em decorrência do consumo de vegetais crus ou pela transmissão de pessoa para pessoa, via oral-fecal, por descuido nos hábitos de higiene.


Publicado em 10/6/2011.

Voltar ao topo Voltar