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29/07/2009

Laboratório Territorial de Manguinhos desenvolve produtos para saúde

Informe Ensp


Com o intuito de juntar ciência e cidadania para transformar realidades urbanas complexas, o Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM) tem se mostrado uma verdadeira incubadora de projetos voltados para a valorização da história e a transformação da realidade social, ambiental e cultural da comunidade, com foco em organização e intervenção coletiva. Como produto desse processo, será lançado em agosto, na Fiocruz, o documentário PAC Manguinhos: o futuro a Deus pertence?. Além disso, dois jogos interativos, com foco na memória e na saúde da população de Manguinhos, estão em fase final de produção.


 Viviane Nonato, à frente dos projetos de jogos interativos voltados para a saúde do LTM: "Em Manguinhos existem muitas coisas boas e não só violência e criminalidade. Também há pessoas felizes e em paz" 

Viviane Nonato, à frente dos projetos de jogos interativos voltados para a saúde do LTM: "Em Manguinhos existem muitas coisas boas e não só violência e criminalidade. Também há pessoas felizes e em paz" 


O documentário, uma realização do LTM em parceria com a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, foi exibido na Mostra CineCufa e também na Mostra Visões Periféricas, da Caixa Cultural. O lançamento oficial, porém, será em agosto, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). De acordo com Fabiana Melo Sousa, diretora do documentário e pesquisadora do LTM, este filme resgata a visão de Manguinhos na fala dos moradores e não mostra imagens antigas. Trabalha o presente das comunidades que estão sofrendo intervenções.


Segundo Fabiana, como já existe um outro documentário que trata da história de Manguinhos, a ideia deste novo trabalho foi enfocar o momento de transformação pelo qual as comunidades estão passando a partir das intervenções feitas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na localidade. "Quisemos mostrar os reflexos na habitação e na vida dessas pessoas. Mostramos as expectativas dos moradores quanto ao seu próprio futuro e como foi o primeiro ano de intervenção dessas obras para os moradores. Além disso, também tentamos fazer um acompanhamento e a documentação desses processos de mudança", comenta ela.


A equipe do LTM conta também com Viviane Nonato, que está à frente dos projetos de jogos digitais interativos voltados para a saúde. O jogo interativo sobre tuberculose e o jogo da memória de Manguinhos são dois dos projetos que estão em desenvolvimento e serão lançados ainda este ano. O jogo da memória traz imagens de lugares de referência para a comunidade de Manguinhos, como o Castelo da Fiocruz e também a Igreja São Daniel, que fica dentro do Complexo e foi projetada por Oscar Niemayer. As imagens são acompanhadas por informações históricas relativas às fotos. O jogo sobre tuberculose foi desenvolvido em formato de videogame e tem como objetivo disseminar informações sobre a doença e sua prevenção. Esses jogos foram desenvolvidos em parceria com a empresa Moleque de Ideias, especializada em conhecimento e criação com uso de tecnologia. Até o final de 2009, eles serão disponibilizados para acesso e download.


Antes de integrar a equipe do LTM, Viviane foi aluna da Oficina Portinari da Casa Viva/Rede CCAP, em Manguinhos. Durante o período em que ficou na oficina, ela desenvolveu diversas telas e participou da produção de projetos de pintura sobre a história de Manguinhos, que hoje fazem parte do acervo da oficina. Entre suas pinturas está a tela intitulada Céu, desenvolvida a pedido do diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Antônio Ivo de Carvalho, e hoje está exposta na antesala da direção da Ensp. De acordo com a artista, o quadro retrata a maneira como ela enxerga sua comunidade. "É uma tela alegre. A ideia foi mostrar que em Manguinhos existem muitas coisas boas e não só violência e criminalidade. Também há pessoas felizes e em paz", afirma ela. Segundo Viviane, a Oficina Portinari ajuda na formação dos jovens moradores de Manguinhos, pois trabalha a valorização territorial, a luta pelos direitos das comunidades e a integração dos moradores com a sociedade. "É muito importante que as crianças tenham acesso à informação, cultura e saúde. Só assim poderão cobrar seus direitos", destaca.


O LTM desenvolve trabalhos em diversas frentes e tem foco na produção, divulgação e apropriação do conhecimento. Por isso, a maioria dos produtos é desenvolvida em software livre. O laboratório se propõe a construir a promoção da saúde, integrando ciência e cidadania e investindo na formação de sujeitos coletivos e redes sociais. Assim, resgata a memória coletiva das comunidades, sistematiza conhecimentos sobre o lugar e acompanha, de forma crítica e propositiva, políticas públicas relevantes para a população de Manguinhos, construindo um modelo solidário de conhecimento e interação nos territórios.



Publicado em 29/07/2009.

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