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01/10/2012

Lançada a edição de setembro da revista 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz'

Isadora Marinho


A edição de setembro da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), disponível online gratuitamente, traz achados inéditos que identificam a relação entre os genótipos da hepatite B mais recorrentes na população do Rio de Janeiro e a gravidade das lesões hepáticas apresentadas pelos pacientes. Já as conhecidas propriedades antimaláricas do azul de metileno são revisitadas com sucesso por pesquisadores, que constatam o efeito potencializador da substância sobre a pirimetamina e a quinina, medicamentos usados atualmente no tratamento da doença. A revista traz, ainda, a pesquisa que desenvolveu um novo protocolo de Reação em Cadeia de Polimerase que identifica, em até quatro horas, a mutação em cepas do Mycobacterium tuberculosis, causadoras de tuberculose multirresistente. As instituições envolvidas no programa internacional Eliminar a Dengue, trazido da Austrália no fim de setembro pela Fiocruz, apresentam um novo método de controle da doença, baseado na bactéria Wolbachia. Presente em mais da metade das espécies de insetos, a bactéria bloqueia a replicação do vírus dentro do Aedes aegypti, impedindo a transmissão aos seres humanos. Para conferir a edição, clique aqui.


 Edições da revista <STRONG>Memórias do Instituto Oswaldo Cruz</STRONG>

Edições da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz






Propriedade antimalárica do azul de metileno


Neste estudo, desenvolvido em conjunto pela Universidade Nacional de Colômbia; Universidade de Navarra, na Espanha; Universidade de Toulouse e pelo Institut de Recherche pour le Développement, ambos na França, pesquisadores avaliaram a propriedade antimalárica de um conhecido antisséptico e cicatrizante, usado, hoje, em casos de meta-hemoglobinemia e parasitoses em peixes: o azul de metileno. Modelos experimentais de roedores, infectados com Plasmodium berghei, foram separados em diferentes grupos, cada qual medicado, por quatro dias consecutivos, com doses orais de 15 mg/kg de azul de metileno combinado a um dos seguintes antimaláricos: pirimetamina, cloroquina e quinina. O objetivo da pesquisa era avaliar se a substância potencializaria a ação destes medicamentos, aos quais os parasitas já possuem disseminada resistência. O estudo constatou que, combinado à pirimetamina ou à quinina, o azul de metileno aumenta a eficácia das drogas.


Novo método de controle biológico da dengue


O crescimento das cidades de países em desenvolvimento, acompanhado, muitas vezes, pela desordem urbana, acarretou na multiplicação de áreas endêmicas para a dengue. A redução do alcance da principal estratégia de prevenção - a remoção manual dos criadouros preferenciais – bem como o surgimento de populações de Aedes aegypti resistentes aos inseticidas vêm desafiando estudiosos a criar novas métodos para a contenção da doença. Neste artigo, pesquisadores da Fiocruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Monash, na Austrália, apresentam uma nova abordagem baseada na bactéria simbionte Wolbachia. Presente em mais da metade dos insetos, esta bactéria impede o vírus da dengue de se multiplicar dentro do Aedes aegypti, bloqueando a transmissão a seres humanos. O método foi testado em campo pelo programa de pesquisa australiano Eliminar a Dengue e comprovou que, uma vez soltos na natureza, mosquitos infectados em laboratório se reproduzem com a população local, dando origem a linhagens de vetores incapazes de transmitir a doença.


Genótipos de hepatite B no Rio de Janeiro


São 40 milhões de novos casos todos os anos e 300 milhões de portadores da forma crônica da hepatite B, que pode levar ao câncer de fígado e à cirrose. Embora estudos científicos venham apontando uma correlação entre o genótipo do vírus e a severidade da doença, pouco se sabe sobre a distribuição no Brasil e os respectivos danos infligidos ao fígado. Após dois anos de análise da sorologia e da biopsia hepática de 121 pacientes atendidos pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCCF/UFRJ), no Rio de Janeiro, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) constataram que predomina o genótipo A, sendo responsável pela infecção de 68% dos pacientes, seguido pelo F (15%), D (14%), C (2%) e B (1%). Os níveis de inflamação e fibrose no fígado, bem como os da enzima alanina aminotransferase (ALT), liberada em grandes quantidades quando há dano à membrana do hepatócito, são menores no genotipo D em comparação ao A e F. Esta pesquisa é a primeira a investigar, de forma transversal, manifestações clínicas da doença em pacientes crônicos da segunda cidade mais populosa do Brasil.


Diagnóstico rápido de tuberculose multirresistente


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2010, 150 mil pessoas morreram de tuberculose multirresistente (MDR-TB, na sigla em inglês). Neste estudo, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, apontam um novo protocolo de Reação em Cadeira de Polimerase (PCR) para o diagnóstico rápido de cepas resistentes do Mycobacterium tuberculosis, que causam a MDR-TB. Segundo o estudo, o protocolo RT-PCR tem como alvo regiões específicas dos genes rpoB, katG e inhA do bacilo que são responsáveis pela resistência à rifampicina e isoniazida, antibióticos bactericidas mais utilizados no tratamento da doença. Foi comprovado que o protocolo detecta praticamente todas as mutações presentes nestas regiões. Enquanto o resultado do antibiograma, método mais empregado no diagnóstico da tuberculose multirresistente, leva de duas a quatro semanas para ficar pronto, o RT-PCR o fornece em um período de três a quatro horas, aumentando as chances de um melhor prognóstico do paciente.


Publicado em 28/9/2012.

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