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05/07/2010

Lançado Sistema de Monitoramento e Controle do Aedes aegypti

Rita Vasconcelos


A Fiocruz Pernambuco lançou um Sistema de Monitoramento e Controle Populacional do Aedes aegypti (SMCP-Aedes). O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) utiliza tecnologias da informação espacial baseadas no uso da internet e de softwares livres para coletar, armazenar, analisar e disseminar informações sobre a distribuição espaço-temporal da população do mosquito, a partir de amostras (de ovos do mosquito) coletadas continuamente com armadilhas conhecidas como ovitrampas.


 Leda Régis: nas unidades de saúde a preocupação em controlar os focos deve ser maior, assim como nas escolas, onde está a população mais suscetível à infecção pelo fato de muitas crianças ainda não terem contraído o vírus

Leda Régis: nas unidades de saúde a preocupação em controlar os focos deve ser maior, assim como nas escolas, onde está a população mais suscetível à infecção pelo fato de muitas crianças ainda não terem contraído o vírus





Implantado em dois municípios pernambucanos – Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, e de Ipojuca, no litoral sul – como experiência-piloto, o  mesmo demonstrou ser viável, no nível municipal, pois indicou elevada sensibilidade para monitorar a presença do mosquito e as variações de sua densidade, indicando os locais mais infestados e os períodos do ano de maior infestação do Aedes aegypti. “A informação é fundamental para exibir os locais críticos e com maior risco de transmissão da dengue, por meio dos mapas que gera, e o melhor momento de intensificar as ações de controle, permitindo otimizar a utilização dos recursos do programa de controle da dengue”, ressaltou a pesquisadora do Departamento de Entomologia da Fiocruz Pernambuco e coordenadora do projeto, Leda Régis.


As medidas de controle do Aedes aegypti começaram a ser tomadas em outubro de 2009, após período de monitoramento das áreas onde o mosquito mais estava se reproduzindo. A estratégia priorizou as unidades de saúde dos municípios e as escolas. “As pessoas com suspeita ou infectadas com o vírus são fontes de infecção dos mosquitos. Por isso que nas unidades de saúde a preocupação em controlar os focos deve ser maior, assim como nas escolas, onde está a população mais suscetível à infecção pelo fato de muitas crianças ainda não terem contraído o vírus causador da doença”, comentou Leda. As residências situadas nos pontos críticos indicados pelo sistema também receberam atenção especial. Nesses locais, além de serem instaladas armadilhas extra para controle da população, também é realizada a aspiração dos mosquitos adultos.


No projeto realizado pela Fiocruz e pelo Inpe foram instaladas mais de 10 mil ovitrampas controle nos dois municípios que participaram dessa fase piloto. Em Santa Cruz do Capibaribe foram eliminados mais de 4,5 milhões de ovos do Aedes aegypti. Na cidade também foram eliminados mais de 10 mil mosquitos adultos (332 eventos de aspiração), sendo cerca de 25% de Aedes e os demais da muriçoca comum (Culex quinquefasciatus), contribuindo, também, para eliminação do transmissor da filariose. No município de Ipojuca foram mais de 2,7 mil ovitrampas, instaladas na sede do município, que recolheram cerca de 300 mil ovos de Aedes em 6 meses (outubro/2009 a março/2010); esta eliminação de ovos causou uma redução significativa na população de Aedes (de 500 para 130 ovos por casa por mês). 


O sistema


O SMCP-Aedes utiliza tecnologias da informação espacial baseadas no uso da internet e de softwares livres para coletar, armazenar, analisar e disseminar informações sobre a distribuição espaço-temporal da população do mosquito, a partir de amostras (de ovos do mosquito) coletadas continuamente com armadilhas conhecidas como ovitrampas. A ovitrampa é um pequeno balde preto de plástico, que pode ser elaborado a partir de garrafas pet e que custa menos de R$ 1. No SMCP-Aedes, dois tipos de ovitrampas são utilizadas: as sentinelas e as utilizadas na eliminação dos ovos no ambiente. A primeira, contendo duas palhetas e larvicida biológico (que estimula as fêmeas a colocar os ovos na armadilha), é utilizada na vigilância dos pontos de infestação. Elas são instaladas nas residências, unidades de saúde e escolas, por exemplo. A localização de cada uma é registrada com um aparelho de GPS.


A cada mês, as palhetas são substituídas pelos agentes de endemias dos municípios. As palhetas antigas são levadas para o Laboratório de Contagem de Ovos instalado em cada cidade. O material é digitalizado com a ajuda do Sistema de Digitalização de Palhetas (SDP), um método semi-automático para contagem dos ovos, desenvolvido pelo Departamento de Eletrônica e Sistemas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os dados resultantes da leitura são enviados diretamente para um banco de dados on line, instalado na Fiocruz Pernambuco. O número de ovos é associado a cada ponto registrado com o GPS e, a partir dessa informação, são elaborados mapas com as áreas com maior e menor densidade de ovos do mosquito.


Nas áreas consideradas críticas são instaladas ovitrampas que, ao invés de palhetas, usam tecido em algodão e larvicida e servem para retirar/eliminar ovos do ambiente. A cada dois meses esse material é trocado e o tecido incinerado. Ações baseadas nas informações geradas pelo SMCP-Aedes são ambientalmente seguras, cheias de simbolismo (armadilhas) e estimulam a participação da população, que passa a conhecer e a identificar o mosquito, a entender como se dá sua reprodução e a participar ativamente do seu controle.


Publicado em 1º/7/2010.

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