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14/01/2011

Levantamento vai avaliar a situação da esquistossomose em todo o Brasil

Jamerson Costa


O Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) deu início a um levantamento que pretende responder à seguinte pergunta: “depois de mais de 30 anos da implantação do Programa de Controle da Esquistossomose no país, como está a situação da esquistossomose e dos geo-helmintos no Brasil?”. Esse é o objetivo do Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose Mansoni e Geo-Helmintoses, promovido pelo Serviço de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (SVS/MS). O trabalho é coordenado em nível nacional pelo professor Naftale Katz, pesquisador do Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas. “Acreditamos que a resposta é que situação esteja muito melhor do que estava em 1977. Mas é necessário provar isso, por meio de levantamento”, comenta.


 Imagem de um verme adulto macho, cultivado <EM>in vitro</EM>, marcado com a sonda Hoechst 33258 e visualizado por microscopia de fluorecência (Foto: Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas)

Imagem de um verme adulto macho, cultivado in vitro, marcado com a sonda Hoechst 33258 e visualizado por microscopia de fluorecência (Foto: Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas)


O programa de atividades começou em outubro de 2010 e atualmente conta com R$ 700 mil em financiamentos. A proposta é que o trabalho termine em 2012, quando terão sido investidos R$ 3,5 milhões pelo MS. O Inquérito Nacional de Prevalência iniciou pelos estados de Pernambuco e Minas Gerais, mas alcançará todo o Brasil. Os testes foram divididos entre exames feitos em alunos escolares de 7 a 14 anos de idade e ultra-sonografias realizadas em adultos; em zonas endêmicas de alta, média e baixa endemicidade; e em municípios com mais e menos de 500 mil habitantes.


Para Katz, o levantamento “é importante porque, no Brasil, só existem até agora dois estudos de cunho nacional. O primeiro feito em 1949 e publicado em 1950 por Pellon e Teixeira. E o segundo, de 1977 e 1978, quando começou o Programa Especial de Controle da Esquistossomose (Pece). Então, a partir de 1977, não temos dados para saber como anda a situação da esquistossomose no país. E nem dos outros geo-helmintos, que são Ascaris, ancilostomídeos e Trichuris”.


Método


Para a atividade, será usada uma técnica desenvolvida no Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas, indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e usado atualmente no mundo inteiro. É o Método de Kato-Katz. “É exatamente a mesma técnica que nós escrevemos em 1972, até porque não houve modificação nenhuma. E é até raro isso acontecer, porque dura aproximadamente oito a dez anos, a vida média de uma técnica, qualquer que seja ela, para laboratório. E esta já tem quase 40 anos. Mas, apesar disso, ela não foi superada por outra, então ainda está sendo utilizada”, diz Katz.


O método será usado para examinar os 225 mil alunos escolares com idade entre 7 e 14 anos, em 542 municípios de todos os Estados brasileiros. Os exames serão feitos pelos municípios ou Estados e 10% das lâminas passarão pelo controle de qualidade nos centros de pesquisa regionais da Fiocruz. Em adultos, serão feitas ultrassonografias para que se conheça a gravidade das lesões hepáticas da esquistossomose, que também não se tem conhecimento atualizado de quanto isso corresponde.


As responsabilidades pelos núcleos regionais foram distribuídas entre as unidades da Fundação. O diretor da Fiocruz Amazonas, Roberto Sena, coordena o centro instalado no Norte; o Nordeste tem coordenação da pesquisadora Constança Simões Barbosa, da Fiocruz Pernambuco, e do diretor da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis; o Sudeste está sob responsabilidade do chefe do Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas, Paulo Marcos Zech Coelho; e o Centro-Oeste tem como responsável o chefe do Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica da Fiocruz Minas, Omar dos Santos Carvalho.


Publicado em 13/1/2011.

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