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01/11/2012

Livro 'A Era do Saneamento' da Editora Fiocruz ganha nova edição

Portal COC/Fiocruz


Em sua terceira edição, o livro A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil, de Gilberto Hochman, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), reafirma sua importância para o leitor entender as relações entre saúde pública e Construção de Estado no Brasil da Primeira República. Resultado de uma tese de doutorado defendida no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), que venceu o concurso Ford/Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), o livro teve seu lançamento em 1998 e uma segunda edição em 2006. Publicado pela Hucitec Editora, tornou-se referência ao revelar que as políticas de saúde e saneamento no país tiveram um papel preponderante para se intensificar a participação do Estado na sociedade e no território brasileiro. Ao comentar a nova versão da obra, Hochman defende que “sua ampla recepção e inúmeras citações indicam que a base teórica e empírica resistiu, e que a interpretação continua ajudando a reflexão sobre políticas públicas, história da saúde e pensamento social no Brasil”. 



Debruçando-se sobre tema pouco estudado no período, o autor apresenta a origem de políticas públicas e nacionais de saúde tendo como foco principal políticas de saneamento rural no Brasil da Primeira República. Segundo Hochman, nesse período, a saúde pública, envolvida numa ideologia de cunho marcadamente nacionalista, “foi alçada ao topo da agenda política nacional”. Ele frisa que os anos de 1920 ofereceram oportunidades políticas únicas para uma reforma sanitária ampla. E destaca: “elas não se repetiriam na história brasileira”. Para Gilberto Hochman, a obra fala dessa reforma, sobre alguns de seus sucessos e fracassos. “A pergunta que o orienta [o livro] é quando, por que e como a saúde se torna pública?”, conclui o pesquisador da COC.



A importância de São Paulo no processo de conformação das políticas nacionais de saúde e saneamento não é esquecida. De acordo com o autor, São Paulo desenvolveu uma política sanitária autônoma, porém interdependente em relação aos resultados das ações dos demais estados e do governo Federal. 


Com habilidade e aguçada análise, mesmo com a pouca literatura cobrindo as décadas de 1910 e 1920, Hochman vai fundo nas origens das políticas nacionais de saúde pública na Primeira República. Descreve as discussões ao longo daquele período e as decisões que levaram à criação de uma consciência quanto à precariedade da situação sanitária que caracterizava grande parte do Brasil e a conseqüente adoção de medidas para solucionar o problema, tornando-as compulsórias.


Em seu trabalho, revela ainda que, apesar dos conflitos políticos vigentes, houve consenso na solução do problema nacional por parte, também, das elites nacionais e locais. Segundo o pesquisador, o movimento sanitarista teve grande influência na conquista da política nacional de saúde pública, uma vez que “buscou redefinir, entre 1910 e 1920, as fronteiras entre os sertões e o litoral, entre o interior e as cidades, entre o Brasil rural e o urbano em função do que consideravam o principal problema nacional: a saúde pública”.


A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil mostra que, por meio de intensa campanha de opinião pública, “o movimento pelo saneamento rural buscou convencer as elites políticas de que esses sertões, ausência e doença, estavam mais próximos e eram mais ameaçadores do que elas imaginavam”. O caminho não foi fácil e muito teve que ser feito pelos profissionais de saúde, entre eles médicos e cientistas, mas também por autoridades e a sociedade de maneira conjunta. Com criatividade, profundo trabalho de pesquisa e talento na análise político-social do período, a obra revela ao longo de seus seis capítulos como o país do início do século 20 tornou viável, e buscou as mudanças necessárias, para incluir na agenda nacional o tema saúde pública.


Ao citar o médico, acadêmico, ensaísta e crítico Júlio Afrânio Peixoto na introdução desta terceira edição - “os sertões do Brasil começavam no final da avenida Central”, Hochman aponta a origem para se trilhar o caminho, que parecia mais próximo da realidade social de então, e que finalmente seria adotado.


Serviço:

A Era do Saneamento: As Bases da Política de Saúde Pública no Brasil

Gilberto Hochman

Editora: Hucitec

249 páginas

R$ 49


Publicado em 1°/11/2012.

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