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03/02/2010

Livro analisa as reformas psiquiátricas italiana e francesa

Marina Bittencourt


As instituições psiquiátricas nasceram há pouco mais de dois séculos e vêm sofrendo modificações ao longo do tempo, sendo que o Brasil conta com transformações locais, nesse âmbito, consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como das mais avançadas do mundo. No livro Reforma Psiquiátrica – as experiências francesa e italiana, de Izabel C. Friche Passos, lançado pela Editora Fiocruz, são analisados alguns modelos de instituição psiquiátrica. O livro, ao abordar o tema loucura, não se refere a uma realidade delimitada rigorosamente e de composição interna homogênea. É uma questão não só da psiquiatria, mas também das filosofias, artes, história universal, política etc.



Izabel discorre sobre dois grandes modelos pioneiros: o francês estatizante de setor e o italiano socializante. A psicoterapia institucional francesa, do Hospital La Borde, no Vale do Loire, suscitou debates relevantes sobre a nova clínica da atenção psicossocial. Já a psiquiatria democrática italiana, que teve sua origem em Trieste, com Franco Basaglia, teve desdobramentos em grande parte da Itália e em diversos lugares do mundo. A autora discorre sobre diversos aspectos favoráveis e desfavoráveis dos modelos citados, analisando seus estabelecimentos fundadores; suas concepções institucionais, organizacionais e também da loucura (que inspira a teoria e a prática dos modelos e seus estabelecimentos) e características político-econômico-culturais dos países onde se desenvolveram os programas.


A instituição psiquiátrica, predominantemente de forma asilar, sempre sofreu controvérsias e crises sucessivas, mas essa prática institucional continua sólida em nossa sociedade. No prefácio, Gregorio Franklin Baremblitt afirma: “depois de analisar e sopesar cuidadosamente cada "modelo", suas realizações e suas limitações, todos os níveis de suas funções e funcionamentos, a autora 'pinça', com um sereno e perspicaz critério de seleção, os recursos de cada tendência que podem eventualmente ser aproveitados para um novo modelo que seja um ‘justo meio' da balança”.


No processo brasileiro de reforma psiquiátrica, a psicoterapia institucional francesa e a psiquiatria democrática italiana foram duas importantes referências. Este livro pode ser muito útil aos trabalhadores de saúde mental, mostrando a história desses modelos inovadores de reforma psiquiátrica, suas mudanças ao longo do tempo e sua situação atual.


Publicado em 2/2/2010.

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